Capítulo 01 - Ani

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Era uma quente tarde de verão em Armestris, uma tarde em que o sol castigava impetuosamente quem ousasse se expor a ele, embora algumas nuvens começavam a encerrar o reinado solar com timidez, indicando que provavelmente choveria ao final do dia, para alegria de todos que já não aguentavam a temperatura escaldante daquela época do ano.

Naquele momento, os famosos irmãos Elcric se encontravam na estação ferroviária de New Optain, onde fizeram uma pequena parada para que Ed pudesse almoçar antes de seguirem caminho para East City e agora, esperavam o próximo trem em alguns bancos que ficavam paralelos aos trilhos de ambos os lados.

-Bem que poderiamos ficar por aqui mais um pouco.

-Você não quer voltar, Nii-san?

-Eu não quero é ver a cara do Coronel Mustang! De novo seguimos uma pista falsa! Estou até vendo ele tirando uma com a minha cara outra vez.

-Desta vez não deu certo, mas nós iremos conseguir! Mais cedo, ou mais tarde!

-Espero que seja mais cedo. Não sei se quero conhecer outro maluco como aquele padre em Liore.

Alphonse apenas respondeu com um riso paciente enquanto eles ouviam o estridente apito do trem que indicava que partiriam em breve. Os dois irmãos embarcam e sentaram-se confortavelmente nas poltronas enquanto esperavam que o trem começasse a andar, o que não demorou a acontecer.

A viagem seguia tranquila por vários minutos, a paisagem do lado de fora da janela sempre lhes fora uma ótima companhia na presença de tantos pensamentos que preenchiam sua cabeça. Mesmo tendo falhado mais uma vez, também sabiam que um passo a frente, um milímetro sequer a mais, significava que estavam mais próximos de seus objetivos e isto os davam força para prosseguir. Alguns minutos de reflexão se passam, até eles notem uma movimentação estranha dos comissários de bordo, que estavam conversando com cada um dos passageiros com um tom aflito e desconfiado, não demorando para chegar ao assento dos irmãos.

-Passagens, por favor.

-Nós já mostramos elas quando embarcamos. -Diz Edward enquanto tirava ambas passagens do bolso do casaco e mostrava ao senhor.

-Houve algum problema?

-Sim, parece que alguém embarcou no trem sem pagar. Então nós temos que conferir todos os passageiros de novo. - O senhor devolve as passagens a Ed- Bem, parece que está tudo certo por aqui. Por favor, nos perdoem pelo incômodo.

O homem se retira e os irmãos se entreolham.

-Como alguém entrou assim?

-Isso sempre acontece. Não é tão difícil entrar num trem escondido. -Ed dá de ombros, despreocupadamente. - Eu vou ao banheiro.

Ed se levanta enquanto Al permanece sentado, voltando a observar a paisagem pela janela, vendo o cenário da cidade ser trocado pelos campos verdes da área rural do país. Os comissários finalmente terminam de conferir os passageiros daquele vagão e vão em direção ao próximo. Al não dá muita atenção para esse fato e continua distraído com as árvores e colinas do lado de fora, que o fazia se lembrar muito de sua terra natal, Rizembool.

Passam-se alguns segundos desde o momento em que os comissários deixaram o vagão e em meio a sua distração e nostalgia, Alphonse pôde ouvir uma voz sussurrada vindo logo abaixo de si.

-Eles já foram?

O olhar de Al rapidamente se voltou para debaixo da mesa e para seu espanto, encontra ali uma garota que levantava parcialmente a toalha da mesa com uma das mãos e o encarava claramente tensa.

-Não. Grita.

Mas antes que pudesse processar o que ela havia lhe pedido, Alphonse grita em reflexo ao seu espanto, atraindo o olhar dos outros passageiros. Ao ouvir o grito, um dos comissários retorna ao vagão, fazendo com que a jovem arregalasse os olhos em desespero e voltasse a se esconder rapidamente.

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