Alguns minutos haviam se passado desde que aquela garota que possuía o mesmo rosto de Ani havia lhes dado as costas e saído dali com uma feição tão confusa e desnorteada quanto a que Ed e Ani possuíam naquele momento. A cabeça turbulenta de Ani dividia-se entre se preocupar com o estado físico de Ed e tentar encontrar algo que fizesse sentido em tudo o que houve na última hora.
-Você está bem, Ed?
-Estou. – Respondeu num tom sério, agora já sentado no chão, enquanto sua aprendiz se encontrava ajoelhada ao seu lado com uma das mãos apoiando suas costas.
-O que aconteceu? Você estava no chão quando eu te encontrei! Ela te feriu muito?
-Na verdade não.
Ed puxa a barra da calça de sua perna esquerda, revelando uma prótese quase que completamente destruída. Ao ver o estado que a perna de Ed se encontrava, Ani imediatamente arregala seus olhos e seu rosto se configura numa expressão preocupada.
-Ed, sua perna!!
-Ela foi direto para meus automails. Ela sabia que eu não estava com minhas próteses habituais... estas não foram feitas para lutar, são só provisórias até que Winry terminasse as minhas. Ela sabia que eu não estava preparado para lutar.
-Quer dizer que ela estava nos observando? – Ani parecia assustada. Olhou em volta rapidamente, como que querendo confirmar se de fato estavam ambos sozinhos. – H-Há quanto tempo?
-Eu não sei. Se ela me atacou quando sabia que eu estava fraco... Ou ela optou por não me subestimar, ou é mais fraca do que eu. – Ed a encara após abaixar a barra da calça novamente. Seus olhos dourados encararam os azuis de Ani profundamente com um brilho questionativo. Ed não sabia o que deveria pensar depois do que havia visto naquele fim de tarde. – Quem era ela?
-Eu não sei... – Ani leva uma de suas mãos à cabeça, franzindo um pouco a testa. Sua cabeça doía. – E-Eu... A senhora Pinako nos contou um pouco sobre vocês dois quando eu estava a ajudando com o jantar. Ela contou sobre o que houve com a mãe de vocês e contou sobre o dia em que... em que tentaram trazer ela de volta. – Ani baixa o olhar. – Sempre pareceu ser um assunto delicado para vocês então eu nunca perguntei nenhum detalhe. Depois que eu soube o que aconteceu eu quis ir visitar o túmulo da Trisha-san, sabe? Vocês raramente vêm para casa, achei que uma oração para ela não seria algo ruim. – suspira. – Depois... Depois eu me senti curiosa sobre esse lugar. Eu queria vê-lo com meus próprios olhos e não de longe, pela janela da cozinha. Eu queria entender melhor tudo o que houve. Mas então... – Sua testa se franze novamente, parecendo mais dolorido. – Eu cheguei aqui... e-e...
A cabeça dela latejava, sentia todo seu cérebro pulsando dentro de seu crânio como se estivesse tentando ultrapassar por alguma barreira, como se algo estivesse segurando sua consciência naquele lugar limite e não estivesse a deixando ir em frente. Várias lembranças entrecortadas e confusas rondavam sua cabeça e a cada uma, parecia doer mais.
"Eu finalmente encontrei você!"
"Agora vamos poder voltar para casa!"
"Olhe para isso... – Apontando para casa. – Alquimistas são pessoas horríveis, não é? Continuam a fazer isso de novo e de novo."
"Foi difícil conseguir chegar até você, aqueles dois nunca a deixavam em paz."
"Oh. Ele a seguiu. Não se preocupe... cuidarei dele também."
"ELA NÃO TE DEU ESSE CACHECOL! EU TE DEI ESSE CACHECOL!!"
"Eu sou a pessoa que vem tentando salvar você."
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Sugar Heart
Fiksi PenggemarNo caminho de volta para East City após os acontecimentos em Liore, os irmãos Elric conhecem de forma nada convencional, uma jovem viajante chamada Ani. Talvez por sorte ou por ironia do destino, a longa viagem de Ani tinha como propósito encontrar...