Capítulo 11 - Mesmo objetivo

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Retornava a passos lentos para casa dos Rockbeel, após se despedir mais uma vez daquele rosto semelhante ao seu. Caminhava com o rosto voltado ao chão, encarando o movimento de seus próprios pés conforme refletia sobre tudo o que havia ouvido. Aquele sem dúvidas tinha sido um dia bem doido, talvez o mais doido de toda sua vida até então. Ani pensava que aquelas histórias que retratavam o passado intenso de alguém com amnésia se aplicavam apenas aos livros e não a vida real. Pois não havia nada de intrigante em não saber nada sobre si mesma. Mas bem, agora mais do que nunca gostaria de desbravar caminho entre suas memórias e descobrir a verdade sobre si e se este sentimento que a tomava significava ter dado um passo além... estava disposta a experimenta-lo.

Se aproximando da residência, levanta sua cabeça sem muito ânimo, fitando a entrada da casa. Ao focar o olhar num rosto não muito animado ali na entrada, ficou um pouco surpresa.

-Ed?

-Não suma desse jeito logo depois de sumir e eu te encontrar com uma gêmea do mal.

Ani abre um leve sorriso.

-Ela não é má.

-Fale isso para meu automail quebrado.

-Ela não é má. – Balança a cabeça negativamente, se aproximando dele. – Ela não vai machucar vocês. – Edward arqueia uma sobrancelha, esperando que ela explicasse. – Eu falei com ela.

-Você o quê? – Se aproxima dela. – Você é maluca? Sabe-se lá o que ela poderia ter feito!

-Ed. – Ele a encara de novo. – Eu não estou morta. – Os olhos de Ed se arregalam levemente. – Nem nunca estive.

Ed a encara por longos segundos, cruzando seus braços e suspirando pesadamente.

-Você ouviu.

-Era óbvio que iria falar sobre mim. Como eu poderia não ouvir? – Ani se senta na pequena escadaria da entrada da casa. – Quando eu ouvi sua hipótese não consegui ficar parada.

-Bem... ela fez sentido para mim. – Ed também se senta na escadaria, ao lado dela.

-Eu sei. Também fez sentido para mim. Por isso fiquei tão assustada. – Abre um sorriso tristonho e cansado. – Na realidade eu não sei o que me deixa mais assustada. A ideia de eu ter tentado trazer alguém de volta a vida e não me lembrar disso ou a ideia de eu ter sido a pessoa trazida de volta.

-Por isso queria conversar com o Al primeiro. Não foi minha intenção tentar te esconder algo. Eu acho que você tem o total direito de saber uma informação dessas sobre si mesma. É só que... – Coça a nuca. – Al tem mais tato para falar do que eu. Ele saberia melhor como explicar.

Seu sorriso aumenta um pouquinho.

-Existem certos assuntos que não há um jeito "menos pior" de se iniciar Ed. – Ani se recosta no ombro do outro sem cerimônias. – Então... apenas fale comigo, ok? É mais assustador pensar que vocês desconfiam de mim.

Mesmo sem mover o corpo, Edward volta seus olhos para ela, movendo minimamente sua cabeça. Não se mexeu quando ela deitou a cabeça em seu ombro, embora a atitude tenha o deixado sem saber como agir por um momento.

Quem conhecia bem a pessoa que Fullmetal Alchemist era na verdade, sabia que Edward era um rapaz carinhoso, mas à sua própria maneira. Não era uma pessoa de grandes palavras de afeto e nem de tanto contato físico, afinal, nem se lembrava ao certo qual foi a última vez que havia abraçado alguém espontaneamente, provavelmente, havia sido sua mãe. Mas as pessoas que eram importantes para ele sempre sabiam que eram queridas.

Por trás de sua personalidade reservada, herança de todos os acontecimentos que havia presenciado apesar da pouca idade, Edward era alguém que se importava muito com as pessoas à sua volta. Se Ani precisava de um ombro, ele não se importaria em ser um para ela. Afinal, depois dos dias que haviam passado juntos, Ani não era mais apenas sua aprendiz. Era sua amiga.

Sugar HeartOnde histórias criam vida. Descubra agora