Natalie Smith narrando...
Washington, d.c. 2025
Era 13 de outubro quando fomos pegos de surpresa com a notícia do que viria. Minha mãe, Mollie Smith, havia perdido o emprego há uns meses e meu pai, Harold Smith, estava no estágio terminal do câncer e de cadeira de rodas. Zumbis? No meio disso tudo? Enquanto penso no que minha vida poderia ter sido ou o que poderá acontecer, logo me apavoro.
— Filha? Já colocou tudo dentro da mochila? Saíremos amanhã cedo – grita minha mãe me entregando um facão.
— Já sim, mãe! E o pai? como iremos seguir com ele assim, doente? – prossigo com um tom de preocupação.
— Ele não vai. Se dispôs a ficar em casa até voltarmos. – disse aliviada.
— Graças à Deus, se é que nesse momento ele ainda nos escuta. – digo olhando para a janela enquanto um zumbi passa.
— Amor! – exclama meu pai para minha mãe.
— O que aconteceu? – disse minha mãe indo em direção dele.
— Meu oxigênio está acabando, falta apenas um galão... – enchendo seus olhos de lágrimas.
— Fique tranquilo pai, já foram três semanas em que tudo isso aconteceu, iremos sair amanhã pela manhã. Tenho certeza que no hospital do bairro de baixo tem oxigênio, traremos logo em seguida que pegarmos água e comida! – digo segurando o choro.
— Filha... – disse meu pai perdendo o fôlego.
— Não pai eu já sei... – interrompo.
— Por favor me escuta! – exclama por atenção.
— Tudo bem... Prossiga! – respondo com angústia.
— Se eu não sobreviver e virar um desses, você já sabe o que fazer, não deixe seu medo por despedidas aflorar! Eu te amo e estarei contigo em qualquer situação! – exclama já chorando.
— Eu também te amo pai, farei de tudo para que você sobreviva e não vire um monstro que nem os lá de fora! – persisto logo com um abraço bem apertado.
Barulho de janela quebrando.
— Precisamos fazer alguma coisa! – grita minha mãe.
— Um zumbi! – exclama meu pai.
— Deixem comigo – respondo pegando uma katana que estava na parede.
Arranco a cabeça do zumbi e a mesma cai no chão enquanto suja as paredes de sangue causando ânsia em todos já que ainda não nos acostumamos. Pego a katana e coloco-a no tanque para lavar o sangue.
— Rápido! Pegue mais madeira para fechar essa janela! – diz meu pai com medo de aparecer outro zumbi. — Já está anoitecendo vai aparecer mais monstros!
— Tudo sob controle pai! – digo martelando a madeira na janela.
— É... eu não consigo me virar sozinho... – diz decepcionado se sentindo impotente.
— Pai, eu não poderei nem conseguirei deixá-lo sozinho! Mãe você fica! – encaro ela com tom de coragem. — Eu vou, você cuida do pai!
— Não filha você não pode ir sozinha, você tem medo até do escuro, imagina desses monstros, sua mãe tem que ir contigo – resmunga.
— Mas pai? Não existe a possibilidade de eu te deixar sozinho nessa situação, você nem consegue subir as escadas com essa cadeira imagina lutar, caso apareça um zumbi? — pergunto já sabendo da resposta.
— O que é para mim já está escrito meu amorzinho... Estou terminal!
— Eu sei, eu sei mas não quero que você termine igual os outros, você merece uma morte digna! Meu maior medo é você virar um zumbi e eu precisar te sacrificar... – complemento.
— Uma hora ou outra isso poderá acontecer mas nunca esqueça do nosso dilema! – exclamou me olhando.
— Família é para confiar uns aos outros e é para todo sempre! – falamos olhando um para o outro.
— Eu confio em você pai mas por confiar... você fica, mãe! Família é sobre isso e não toquem mais no assunto! – persisto.
— Tudo bem. Venham, a sopa está pronta! – diz minha mãe acendendo as velas, já que a energia foi cortada logo depois de começar tudo.
— Deixa eu acertar, cenoura e batata? – resmungo. — Não vejo a hora de comer comida de verdade!
— Meu amor, não temos comido direito desde que tudo isso começou, a plantação ficou infectada depois que tivemos que matar aquela horda de zumbis, eram quantos mesmo? Uns dez! – exclama com olhar de tristeza.
— Pensa pelo lado bom mãe, nenhum nos infectou... Estou certa?
— Está, está! Mas a nossa comida já era! – completa preocupada.
— Eu vou passar naquele supermercado abandonado certeza que tem comida...
—...E zumbis! – interrompe meu pai.
— Claro, zumbis! Sempre são eles que estragam tudo, saudade de quando minha preocupação era apresentar trabalho na escola! – exclamo.
— Minha saudade era viver filha... Sem preocupação, poder visitar os vizinhos e ir ao cinema... – complementa minha mãe.
— Uma hora ou outra isso tem que acabar não aguento mais ficar trancada sem poder sair de casa! – aumento o tom da minha voz.
— Fale mais baixo filha, eles se atraem pelo som! Se vier mais uma horda de zumbis já era para todos nós! Eles já quebraram a cerca que fizemos e se quebrarem a porta estamos lascados! – sussura.
— Que venha todos eles, eu não me importo! Matarei todos! – com um tom de coragem, movimento os ombros para cima e para baixo.
— Você sim mas e o seu pai?
— Mato por ele e morro também!
— Chega de reclamar, agora coma porque amanhã você vai sozinha lembra? Você quem disse! – exclama enquanto me olhava com raiva.
Terminou o jantar, dei uma última olhada pelas janelas e reforcei as madeiras, enquanto minha mãe levava meu pai para o andar de cima para ele dormir. Por fim, verifiquei a armadilha que eu havia feito na porta, que pegava qualquer pessoa ou zumbi que tentasse invadir. Logo após apaguei as velas, me deitei no sofá para descansar um pouco e minha mãe ficou de vigia até de madrugada, depois foi dormir também já que estava tudo seguro.
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Não olhe para trás (REVISADO E EM ANDAMENTO)
Mystery / ThrillerEm um mundo pós-apocalíptico, Natalie Smith, no auge dos seus 19 anos, logo após o início da sua faculdade de medicina, enfreta junto com sua família e um grupo de adolescentes: zumbis apavorantes, uma jornada perigosa, amores proibidos e mortes imp...