Capítulo 11

24 4 0
                                    

EUA - Toledo, Attic on Adams

- Tá com indigestão seu animal? - Stacy gritou dando duas batidas firmes na porta do banheiro chamando pelo irmão. - Vamos logo, a gente se reuniu na mesa e vamos pedir batatas com bacon e queijo.

A porta se abriu devagar enquanto eu fiquei de frente para a Stacy, em silêncio. Do canto direito era perceptível pequenos pontos de suor, uma expressão abatida, um olhar vazio apesar de estar direcionado a minha irmã. Era nítido o grande esforço que havia feito momento atrás dentro daquele banheiro suportando toda a dor enquanto a marca da maldição se formava em minhas costas novamente. Só existiam duas pessoas atualmente que sabiam da existência do Crisantemeo, elas eram Stacy, minha irmã mais velha, e Katherina Forlys, a guardião do nosso antigo lar e alguém que me ofereceu apoio em um momento difícil quando minha vida tinha sido escolhida como moeda de troca entre dois povos, quando a maldição foi lançada em mim, quando um pai renegou ao seu filho no momento em que mais precisava de sua ajuda. Ela era alguém em que tinha criado confiança depois daquele dia, ela sabia melhor do que ninguém como me sentia.

- Eu vou embora. - Respondo diretamente Stacy fechando a porta e me adiantando a frente dela para voltar a ala principal do bar e partir. - Desculpa, Stacy. Eu tenho que ir...de novo.

Comecei a caminhar chegando até onde era visível para os demais que estavam agora reunidos na mesa, até mesmo Scott. Pareciam conversar sobre a matéria anunciada no noticiário, as fortes tempestades em Nova York, a águia esquisita, a luta entre Prvo e Thlath na Itália. Com toda certeza estavam em grande confusão os pensamentos de todos por ali e de qualquer outro semideus que havia visto as notícias. Não conseguíamos imaginar alguma razão para dois seres primordiais, que já no ajudaram, se enfrentarem matando pessoas no processo. Algo estava muito errado no mundo.

Evitei manter o olhar na mesa aproveitando que ninguém tinha notado minha presença, então me dirigia a porta para sair logo do bar. Com minha se aproximando da maçaneta, senti um forte puxão para trás. Meu corpo girou vendo em câmera lenta os demais na mesa, sendo somente eles, e então minha visão acelerou tendo meu rosto levado em direção a parede sendo impedido de se chocar por poucos centímetros quando consegui erguer uma mão contra ela.

- Você vai sentar e vai beber algo bom, seu idiota. - A voz de Stacy era séria, ela soltava a gola na parte de trás onde me segurava e deu retornou um passo. - Vai pra onde?

O pessoal da mesa acabou nos notando devido ao som pela ação de Stacy, com Pandora se levantando e vindo em nossa direção.

- Eu só preciso ir, só isso. - Ajeitei a roupa amassada por Stacy e me virei para a porta novamente, agora sentindo meu braço segurado por Pandora. - Não se mete nisso. - Minha voz saia séria para a maga da lua.

Uma sensação de que Stacy estava prestes a me dar um soco na boca por falar dessa forma com Pandora me pegou, mas não foi isso o que ocorreu. Pandora me encarou com seriedade por alguns segundos, suspirando, e balançou de forma negativa a cabeça olhando para baixo e em seguida olhando em meus olhos tombando a cabeça para o lado levemente.

- Você é burro, se eu não me meter vai se matar de alguma forma burra. - Pandora prosseguiu, agora olhando para Stacy. - Desculpa Stacy, nada pessoal, mas filhos de Ares parecem que só pensam em formas de se lançarem aos braços da morte. Todo dia uma forma diferente.

- Tranquilo. - Stacy dava de ombros se virando e indo se sentar a mesa com o restante, pegando uma grande caneca de chopp.

Agora estava a sós, parcialmente, com Pandora enquanto todos ficavam a mesa. O olhar dela para mim era sério, odiava isso. Odiava quando ela ou Olívia vinham me dar sermão como se fossem minhas irmãs mais velhas. Eu era um ano mais velho do que Pandora, além de ser quatro ou cinco anos mais velho que Olívia. Era um saco esses momentos a sós com ela, momentos como esse em que sabia que ouviria um longo sermão. Pandora deu início a sua fala colocando uma mão sobre o balcão onde provavelmente Stacy teria me jogado por cima depois de quase me esmagar contra a parede. Ela se sentou devagar e ficou com um braço apoiado no balcão, enquanto com a outra mão criou uma pequena ampulheta completamente branca com adornos de estrelas e um símbolo central da lua crescente.

A última relíquiaOnde histórias criam vida. Descubra agora