O alvorecer que seguiu o dia ao envenenamento do príncipe soou lânguido para o monarca. Taehyung era um homem forte; adoecera poucas vezes quando filhote; sua ama, uma ômega gentil de olhos escuros e mãos macias dizia que nunca havia visto um rapaz tão saudável.
O rei sempre fora próximo do próprio filho, como esperavam que pais fossem. Ensinara-o a lutar — embora sempre o lembrasse que ele nunca precisaria, pois seu povo o amaria tanto que haveria de ir à guerra por ele se fosse preciso — mas em seus momentos de absentismo, seu lugar era ocupado por uma criada de longo tempo em seu palácio. Lee Chaerin crescera com o rei; conhecera-o por intermédio da própria mãe, que trocara as fraldas do regente antes mesmo que ele pudesse caminhar, e fora atribuída dos cuidados do príncipe herdeiro.
Amamentara-o quando era apenas um bebê, limpara-o e alimentara-o pessoalmente com vegetais e gengibre, por que dizia-o antes mesmo dele compreender suas palavras, que ele deveria ser forte. Apesar de nunca ter propriamente dito, Taehyung sempre vira nela uma mulher de exímia sabedoria. Seus olhos capturavam todos os detalhes e ela compreendia tudo com detalhe.
Entretanto, no palácio dos Park, não havia Chaerin que lhe pudesse cuidar e acalentar, portanto foi cuidado por criadas, que lhe banharam e vestiram e um doutor, mestre das ciências de saúde, que lhe observara o pequeno corte no pescoço e percebera que o entorno arroxeado e inchado havia sido causado por uma flor comum às terras do norte ao qual chamavam de cardeal.
Ouvira-o dizer à Esdras e ao rei Haesoo que não o mataria, mas o deixaria atordoado por algum tempo e deveria, portanto, descansar até que estivesse forte o suficiente para retornar ao lar.
Naquela tarde, dois dias após seu envenenamento, olhando o sol se pôr pelo quarto extenso que lhe fora disponibilizado, Taehyung não se sentia tão atordoado quanto antes, mas, pela primeira vez em sua vida, mentira sobre: não dera atenção aos cuidados de seu pai ou aos cumprimentos gentis das criadas que lhe banharam. Sua mente, coberta por uma densa camada nebulosa de pensamentos, guiava-o insistentemente às noites anteriores e aos olhos escuros atrás da máscara de couro; em como os lábios finos dobraram-se em um sorriso crapuloso e o larápio lhe roubou a adaga real.
Que regente espera ser amado se nunca mostrou a própria face?
Sabia que não era amado como o pai, por obviedade: Haesoo era um bom rei. Muito próximo de seu povo desde jovem, quando o rei Gyo ainda era vivo. Diziam os criados, aos murmúrios pelos corredores, que Haesoo escapulia para que pudesse ver os festivais de primavera e dançava com as crianças nos parques. Antes mesmo que se sentasse ao trono, com a coroa pesando sobre sua cabeça, seu povo já o via como um rei, um confidente, um pastor.
Mas Taehyung fora criado cercado pelos medos do próprio pai, que o aninhou como um filhote de pássaro e não conseguiria aprender a voar. O manteve dentro do castelo, cercado de professores e criados, que o banhavam, o vestiam, o alimentavam e o ensinavam. Sabia que existiam montanhas além norte, que o mar do sul era lindo, que em meados de março, o povo reunia-se no rio que cruzava a nação para agradecer a chegada da primavera, dispondo flores em suas águas para que elas cruzassem a nação.
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¡abo! O príncipe da noite • taekook
Fanfiction[EM ANDAMENTO] A noite è o lar das meretrizes, dos ladrões mais furtivos e das bruxas. Pelo menos, estas eram as histórias que diziam ao jovem Kim Taehyung desde antes dele poder caminhar. O príncipe alfa viu o mundo do alto de sua torre e isso é...