X. Pelo amor e pela guerra

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       Assim como Kim Namjoon, Jung Hoseok era um homem de poucas palavras, o que tornou a jornada entre eles agradavelmente silenciosa; não ocupavam-se com quaisquer frases desnecessárias e se atinham apenas ao que realmente importava

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       Assim como Kim Namjoon, Jung Hoseok era um homem de poucas palavras, o que tornou a jornada entre eles agradavelmente silenciosa; não ocupavam-se com quaisquer frases desnecessárias e se atinham apenas ao que realmente importava.

As poucas vezes que se falaram depois da história completamente ensandecida de Hoseok fora quando Namjoon, cometendo uma raridade em seu comportamento, optara em ser gentil e oferecera ao ceifador um par de sapatos velhos, uma vez que vira que ele caminhava descalço. Mas sem se prolongar, ele apenas disse-lhe:

— Eu gosto de sentir a terra sob meus pés. Me faz sentir vivo.

E se calaram novamente. Namjoon tinha perguntas a serem feitas, principalmente sobre o trajeto que tomavam, mas deduziu que o Jung sabia o que fazia e o seguiu sem questionamentos. Caminharam sem pausas durante uma noite inteira — pois Hoseok amava ao sol, mas escondia-se sob a luz da lua — atravessando um bosque de árvores densas e corvos de olhos vermelhos.

E pela manhã, quando o sol esgueirava-se entre as montanhas além-mar, viram casinhas miúdas de madeira e uma estrada de pedras; com os galos cantando, comerciantes esgueiraram-se para suas labutas e lavradores para os campos, cobertos de legumes e verduras diversas. Estavam nas Cidades Livres de Ikigai.

— Por que estamos aqui? — Namjoon perguntou, bocejando por alguns segundos antes de voltar a caminhar, seguindo Hoseok. O homem parou, tirando de dentro do sobretudo um pergaminho envelhecido. O Kim não era enxerido, tampouco sabia ler, portanto, embora estivesse curioso, não esgueirou-se para olhar o que ele tanto via ali.

Hoseok ponderou e então, ergueu os olhos para o céu límpido, piscando algumas vezes.

— É um dia bonito demais... Não é um bom dia para levar alguém — E voltou a caminhar, desta vez pegando a estrada miúda. As pessoas moviam os olhos, mas não o olhavam, como se sequer estivesse lá; Namjoon, por alguns segundos, sentiu como se estivesse caminhando sozinho.

Engolindo em seco, moveu os olhos para Hoseok a sua frente, caminhando de forma lenta e cansada.

Ikigai era diferente do que ele pensava que seria. No norte, ele e Jungkook costumavam sonhar que o Sul seria sempre caloroso e carinhoso; sempre benevolente e acolhedor. Ikigai era pouco maior que uma vila, com habitantes simplórios e uma rotina preguiçosa. Ele viu, não muito longe, uma taverna e ao seu redor, bêbados desmaiados, tais quais no norte. Viu mercenários reunidos diante de uma padaria e um soldado com o brasão de Heiwa cortejando uma adolescente diante de sua casa.

O Palácio do Sul era bom, era confortável, bonito e acolhedor, mas quando se deixava as planícies das estátuas de mármore, os pobres ainda eram os pobres.

Parou de caminhar quando uma criança parou a sua frente; tão miúda que batia na altura de seu quadril. O rosto estava coberto de terra e carvão e os olhos azuis brilharam por trás de toda aquela sujeira quando ela ergueu as mão em formato de concha para si, pedindo uma esmola.

¡abo! O príncipe da noite • taekookOnde histórias criam vida. Descubra agora