VII. A cabeça da guerra

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       Ocupando um canto melhor iluminado por uma lamparina à óleo, Kim Seokjin apoiou em sua coxa um pequeno diário

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       Ocupando um canto melhor iluminado por uma lamparina à óleo, Kim Seokjin apoiou em sua coxa um pequeno diário.

Aquela empreitada desafiadora o obrigada a vestir-se com o que tinha de mais quente, pois os ventos do norte faziam seus lábios tremerem e a ponta dos dedos tornarem-se azuladas; ainda sim, por vezes, ele se pegava encarando o mar infinito, assistindo as tempestades formadas pelas feras tão distantes de si.

Lembrava-se de quando tornara um hábito escrever em um diário, poucos dias após a morte de sua mãe; a vira definhar em uma cama, com os olhos marejados e o sangue escapando-lhe nas narinas e ouvidos.

No início, era apenas uma tosse insistente. Ela ainda o levava para cavalgar e o ensinava a tocar piano; então, começou a ficar cansada, com a respiração descompassada e não mais conseguia dormir. Era uma mulher ressabiada por natureza, mas a falta de sono a levou à loucura em poucas semanas.

Por fim, terminou acamada; sem sequer usar o penico. Seokjin a alimentou de sopa por dias, completamente sozinho, porque a mulher consumida pela demência, não permitia que os criados se aproximassem, até que ela morresse. Desde então, aquele quarto tornou-se seu maior pesadelo; às vezes, nas noites mais solitárias, ele ainda ouvia sua voz o chamando de forma cuidadosa. Apesar de ser uma mulher firme, era extremamente carinhosa e cuidadosa.

Desde então, o coração do ômega não encontrou mais o caminho até sua boca e as palavras lhe faltavam. E ele escreveu.

Como fazia ali.

Uma tempestade violenta balançava o barco e mesmo que chovesse, ele ainda precisava enviar aquela carta. Se um dia, seu irmão o perdoasse pelos erros que não cometeu, haveria de saber onde buscá-lo.

Taehyung,

Meu melhor amigo e irmão.

Lembra-se da primeira vez que nos vimos? Um baile promovido por Haesoo, que os deuses tenham sua alma, para parabenizá-lo por seu quarto aniversário. Tu caminhavas de forma engraçada e almejava se tornar um grande guerreiro.

Lembro-me que minha mãe havia me dito que não poderias. Que teu pai nunca permitiria, mas naquela noite, nós lutamos com nossas espadas de madeira e tu me disseste que era teu primeiro amigo. Foi quando eu soube que havia de estar contigo.

Os deuses não deram a minha mãe mais filhos, mas para que não estivéssemos sozinhos, nos uniram e nos tornamos irmãos a partir daquele momento.

Eu não sei o que o levou acreditar que eu poderia traí-lo ou se ainda deseja saber sobre mim, irmão, mas meu coração me mandou escrever-lhe esta carta.

Já se passou a lua cheia, então acredito que já estejas casado com teu ômega do norte. Éramos crianças quando me disseste pela primeira vez como desejava que teu casamento fosse; eu mantive tudo guardado com cautela para que tornássemos tudo real.

¡abo! O príncipe da noite • taekookOnde histórias criam vida. Descubra agora