VI. Sob o toque de Talamh

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       O sol se esgueirou do leste, o brilho amarelado pintando aos poucos as estradas das cidades livres que cercavam o grande palácio de Heiwa

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       O sol se esgueirou do leste, o brilho amarelado pintando aos poucos as estradas das cidades livres que cercavam o grande palácio de Heiwa.

A primeira a acordar foi uma mulher; seus fios esbranquiçados e as rugas pintando a face envelhecida pelo tempo. Aquela mulher era chamada de Louise, a louca.

Diziam as crianças, que Louise louca podia prever o futuro e conhecia todo o passado. Era tão velha quanto o mundo, eles diziam. Já estava lá quando eles nasceram e estaria lá quando perecessem.

Conhecera três reis de Heiwa e sobrevivera à grande guerra: quando criança, conhecera o rei Gyo, ao qual chamavam de o rei infiel. Em seu reinado, o povo era pobre e as crianças tão magras que, por vezes, não alcançavam os cinco anos. Morriam de fome antes mesmo que soubessem o próprio nome; fora nele que a guerra contra o norte começara. Havia muito em comum entre o rei infiel e o alfa do norte, Watanabe: ambos eram gananciosos e almejavam o poder sobre todas as terras que o sol tocavam e viam aos ômegas como suas propriedades. Com sua morte, ascendera ao trono, seu primogênito, Haesoo. Este fora o rei gentil do sul.

Ele conquistara o povo de dentro para fora, provendo-lhes alimento e segurança e fora tão amado durante a guerra que um alfa de cada família de Heiwa ofereceu-se para compor seu exército e assim derrotar o norte.

Haesoo tivera apenas um filho e seu filho era rei agora: Kim Taehyung, ao qual chamavam pelas cidades livres de "o rei bom do sul".

— Hoje — Ela disse, sozinha, as mãos alcançando o colar em seu peito enquanto o sol lhe banhava a pele amorenada: — será um grande dia para Heiwa.

Estava sozinha, entretanto. Não falava para qualquer um ouvir; apenas dizia porque tinha de ser dito. Em seu colar, crânios pequenos de morcegos se batiam um contra o outro e a anciã abriu os olhos, suspirando longamente.

— Maria, como você previu. Está acontecendo novamente — Suspirou, e então, deixou as vistas caírem na estrada, onde os cascos do cavalo que trazia uma charrete puderam ser ouvidos. Há dois dias, aquele homem, um nobre, partira sozinho.

Mas agora, atrás de si, vinham mais carroças, puxadas por burros e mulas. Na primeira delas, haviam frangos vivos, presos numa gaiola de madeira, cacarejando de um lado para o outro; na segunda havia incontáveis vegetais e frutos, coloridos e protegidos por uma guarda. Atrás, vinha então uma fileira de gado.

Aos poucos, Louise louca não era mais a única a observar a chegada de Min Yoongi, retornando das terras de Ikigai. As mulheres ocupavam as janelas, curiosas, enquanto as crianças, mais corajosas, se aproximavam, vez ou outra driblando os guardas para que provocassem as galinhas nas carroças.

E então, o povo voltou os olhos ao palácio, onde puderam finalmente ver o rei. Kim Taehyung deixara o próprio quarto em vestes nobres, alcançando a varanda para que recebesse Min Yoongi com seus próprios olhos, as mãos se dispuseram sobre o balaústre quando sorriu. Ele havia, dias antes, prometido ao seu povo que não passariam fome. E tirara de sua própria boca para alimentá-lo. Como um rei deve fazer: ele cumpria sua promessa.

¡abo! O príncipe da noite • taekookOnde histórias criam vida. Descubra agora