TW: Violência
— Vieram pelas entradas do norte — A menina disse, de forma baixa, com a voz tremulando de forma fraca. Mal devia ter tido a menarca, mas estava ali, enfiada em seu vestido simples, os pés cobertos por sapatilhas de pano enquanto abraçava o próprio corpo. Sob os olhos claros haviam olheiras avermelhadas e os lábios estavam arroxeados pelo frio.
Uma criança.
Era apenas uma criança.
Taehyung baixou os olhos, fechando-os em seguida de modo melancólico; o céu chorava com a morte de rei e nuvens densas escureciam ainda mais as terras do palácio. Estavam em um cômodo amplo de piso de tapeçaria e vitrais coloridos; uma capela, onde certamente, não seriam seguidos.
Os demais criados acreditavam que estavam rezando aos deuses pela morte do rei, quando Taehyung, Esdras e Hansol, general de Jiyü, estavam cercando aquela criança, demandando dela mais informações que já demandaram de qualquer outro ser vivo na face da terra.
Seu pai o estapearia na nuca por aquilo e o perguntaria quais seus planos; indagaria se era como um rei deveria ser com aqueles que seriam o futuro das cidades.
— O que mais? — O general perguntou, a voz rouca e firme enquanto sentava-se na frente da menina, as sobrancelhas unidas e o cenho franzido numa expressão que tencionava à hostilidade. Ela encolheu-se, engolindo em seco; as mãos miúdas apertaram a barra do vestido e ela piscou lentamente, as lágrimas rolando pelo rosto pálido.
— Já chega — A voz do príncipe ecoou pela capela. Lembrava muito ao próprio pai daquele jeito, com as sobrancelhas unidas e a face tensionada. Haesoo era um homem bom. Muito bom.
Tinha olhos gentis e sorria o tempo todo, mesmo nos tempos difíceis.
Agora, Taehyung lembrava-se de ter pouco mais de seis anos quando chuvas violentas destruíram a colheita de um ano inteiro, mas mesmo na fome, o rei acolheu seu povo e os acalentou, como se fossem seus próprios filhos.
Talvez por isso sentissem tanto sobre a ausência do príncipe: porque se o rei era como um pai, o príncipe havia de ser como um irmão.
Suspirando lentamente, ele olhou aos vitrais que formavam a imagem de flocos de neve caindo numa estrada, viu os pingos de chuva baterem violentamente contra o espectro multicolorido e escorrerem lentamente.
O que ele faria agora?, perguntou-se cautelosamente e então, voltou os olhos à menina, analisando-a com cuidado. Claramente, vinha da plebe. Os fios escuros caíam até metade das costas e o rosto era magro, causando a impressão que seus olhos castanhos tornavam-se maiores, como se fossem saltar das órbitas. Ela tremia, de frio e medo. A ponta dos dedos magros estava azulada, os lábios arroxeados e sob os olhos, tinha bolsas avermelhadas.
— Esdras — Chamou cautelosamente: — Pode pedir aos criados que nos tragam sopa?
— Perdão, majestade? — Ele respondeu; a voz era macia, como se cada palavra fosse preciosa e agora ele compreendia porque seu pai o havia escolhido como mão do rei. Era um homem observador, quando voltou os olhos em sua direção, ele sorria no canto dos lábios, de forma acalentadora e orgulhosa.
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¡abo! O príncipe da noite • taekook
Fanfiction[EM ANDAMENTO] A noite è o lar das meretrizes, dos ladrões mais furtivos e das bruxas. Pelo menos, estas eram as histórias que diziam ao jovem Kim Taehyung desde antes dele poder caminhar. O príncipe alfa viu o mundo do alto de sua torre e isso é...