pôr do sol

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Moonbyul

Não foi tão difícil quanto pensei conseguir um quarto no alojamento, não porquê a faculdade era vazia, a faculdade nacional de Seul é enorme como uma espécie de bairro. Como as aulas já tinham começado esse era um momento ruim para conseguir uma vaga, ainda mais para residentes de Seoul, mas Wheein tinha contato com uma das internas e parecia estar planejando isso durante as férias sem me dizer nada. Eu poderia ficar brava com a opção mas foi uma surpresa tão boa ela me querer fora daquele apartamento, era como se ela tivesse me salvado de um afogamento.

- Você não me falou como foi a conversa com seus pais. – Ouvi a voz dela atrás de mim. – Você parece feliz, mas não tanto. – Ela envolveu seus braços em minha barriga encostando sua cabeça na minhas costas.

- Bom... Os discursos foram de "Você não se importa com sua família" até "Você nos deve pelos anos perdidos". – Senti os braços dela me apertar. Eu não ia chorar de novo, já tinha feito isso quando sai do apartamento e me escondi na escada de incêndio do prédio. Aquela hora foi suficiente para secar meu corpo.

- Byul, isso não é verdade, eu sei que não é. Eles querem que você se sinta culpada pela falta de responsabilidade deles, querem tudo nas suas costas. – No fundo eu sabia, mas não fazia doer menos.

- Eu sei, Puppy. – Fechei a gaveta com a última peça de roupa e segurei seus braços me virando para ela. Ela parecia querer chorar.

Uma das coisas que mais amava em Jung Whee in é o quão empática ela era, por isso uma das minhas coisas favoritas era ver os olhos dela. Com aquele rostinho fofo era impossível não se encantar, ainda mais quando cantava. Tudo sobre ela me lembrava um anjo, um de cabelo azul.

- Obrigada por ser você. – Sequei as lágrimas que escaparam dos olhos dela enquanto sorria tentando assegura-la. – Você se preocupa demais. – Beijei sua testa fazendo-a rir.

- Eu me preocupo com quem eu... – Antes que ela conseguisse terminar de falar Hyejin entrou como um furacão empurrando a porta entreaberta.

- Eu tô com fome, seja lá o que vocês tem que fazer, parem agora. – se jogou em minha cama com a mesma cara de preguiça que fazia em 70% das vezes que a via.

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Wheein

Durante o caminho até a cafeteria eu podia ver o sorriso malicioso da Ahn, quase podia ouvir sua voz zombando do meu comportamento. Era notável o quão diferente eu agia perto de Byul, a única que não parecia perceber era a própria.

- O mesmo de sempre? – Senti Byul tocar minha cabeça então olhei para cima. Conseguia ouvir a risada de Hyejin claramente e sabia que era pela minha cara.

- Acho que vou trocar a torta de chocolate por um sanduíche natural.

- Mas você adora a torta daqui, é porque você quer mesmo ou... – Ela se agachou segurando minha coxa. Prendi minha respiração.

- Eu acho que tô engordando. – Me sentia um pouco envergonhada, ainda mais com o olhar repreensivo que recebia.

- Você é linda, Wheenah, tá saudável e se alguém diz ao contrário só dizer quem é que eu soco. Eu vou pedir dois pedaços de bolo, eu preciso ganhar massa muscular comendo ao invés de só malhando. – Ela soltou uma risada.

- E a academia tá fazendo muito bem, você não parece mais um palito e sua bundinha tá num formato lindo. – Hyejin estourou a bolha de encanto na qual pelo menos eu sentia que estava.

- Obrigada, Jinnie. – Byul se levantou. – Vai querer...Torta de maçã e chá, acertei?

- Acertou, Se você não tivesse dona eu abria minhas pernas pra você...Nunca vi alguém me entender tão bem. – Arregalei meus olhos sentindo meu sangue gelar. Eu queria matar Hyejin.

- Eu tenho dona? – Byul entortou a cabeça confusa.

- No coração de... – Me levantei em pânico antes que ela conseguisse concluir atraindo atenção não só de seus olhares mais de algumas pessoas de fora. O barulho da cadeira de fato não foi discreto.

- Vou no banheiro.

- Eu vou com você.

Assim que entramos no banheiro eu simplesmente surtei.

- MEU DEUS, HYEJIN EU VOU TE MATAR! – Esfreguei minhas mãos em minha cabeça agoniada andando em círculos.

- Puppy, você achou que eu ia contar? Eu só preciso que ela entenda que tem alguém interessada nela e comece a olhar em volta melhor. – Sua voz era naturalmente calma, nem meu grito a tirou do sério. – Se você beijar ela até o final dessa semana eu pago seus lanches até o final do mês. - Aquela aposta me acalmou instantaneamente.

- Fechado. – Apertei sua mão enquanto ela ria da minha mudança repentina.

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Moonbyul

Alguma coisa parecia diferente quando acordei no quarto da cabana. Eu não era capaz de enxergar essa mudança mas parecia estar no ar, o sol dessa vez estava quase se pondo, não estava tão quente quanto em outras vezes.

- Dessa vez eu vim te buscar. – Me sobressaltei com a voz de Solar no quarto. Ela estava na soleira da porta dessa vez, pela primeira vez estava dentro da cabana. – Dessa vez eu mesma vou fechar a porta. – O sorriso que exibia ainda era feliz e simpático, mas menor, enigmático.

- E se algum dia deixarmos de fechar a porta? – Me levantei em um pulo. – E por que sempre usamos branco? – Eu sempre estava de calças e camiseta e ela sempre de vestido. Todas as vezes.

- Você nunca fez tantas perguntas, eu sabia que esse dia chegaria... Estou feliz. – Senti sinceridade em suas palavras apesar de parecer que ela tinha mais para dizer enquanto me puxava até a porta.

- Você vai me responder?

- Não, talvez você consiga se entender com o tempo. – Ela riu. Eu adorava a risada esquisita que ela emitia, era fofa.

- Uau... – Me surpreendi com a escuridão do campo. Não que não desse para ver, mas em tantos dias de sol, ter ele fora de plano parecia outra pintura.

Eu conseguia ver o chão que pisava, mesmo assim era guiada o caminho todo. A toalha não era mais vermelha sangue, dessa vez era azul celeste. Queria perguntar o porquê mas sabia que não teria resposta sobre mais nada.

- Byulyi, o dia tá acabando pra nós. – Observei-a se sentar na toalha com um sorriso, mas não tão feliz.

- O que você quer dizer com isso? – Antes que eu pudesse registrar seus movimentos sua mão estava enrolada em minha camiseta me puxando sobre ela e em um giro estava em cima de mim. – Solar? – Ela riu com a confusão em minha voz.

- É um fim de ciclo, é um fim desse ciclo. – Seus olhos analisaram meu rosto. – Você é linda, está ficando forte e ganhando confiança, você deveria... confiar na importância e beleza na sua existência. – Eu não conseguia evitar que meus olhos descessem para seus lábios, ela também era linda. E então ela me beijou.

Era quente como luz e macio como algodão doce.

Os lábios dela sugavam o meu com tanta maestria que eu nem ao menos lembrava sobre minha própria virgindade. Sua língua deslizava de forma lenta e a sensação prazerosa e molhada parecia descer sobre meu estômago e sexo. Eu sentia o magnetismo se juntar com a falta de oxigênio mas ao invés de nos afastarmos meus braços a apertavam e o atrito trazia gemidos e arrepios, por que parar?

Cotton candy girlsOnde histórias criam vida. Descubra agora