Férias

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Roi, gente. Itálico é um flashback, desculpa a demora, bjs

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Moonbyul

Meu nome é estrela, um lindo nome dado pelas enfermeiras que fizeram meu parto em Bucheon. Minha mãe se recusava a escolher um nome para mim. Meu nascimento não foi desejado, nem por meus pais e nem por meus avós, apenas um avô paterno. Eu poderia entender o porquê, ambos tinha apenas 16 anos, se eu soubesse não teria nascido porém não era escolha minha. Desprezo, críticas duras e falta de carinho que só o meu avô parecia capaz de dar o contrário. Durante 15 anos até me mudar para Seoul e perder o contato com a única pessoa que parecia me amar.

Durante todo esse tempo não tinha amigos e desde cedo diversos pensamentos suicidas que só foram percebidos quando fui encontrada com os pulsos sangrando na floresta de Damyang Juknokwon aos 14 anos numa viagem de férias. Não me lembrava o que havia acontecido nos três dias que fiquei longe dos meus pais e ninguém havia me procurado, mas o psicólogo do hospital pela primeira vez cogitou depressão e até mesmo um surto psicótico pelo ato. Não se importaram em encontrar ajuda e eu não era capaz de pedir ajuda, estava envergonhada e só queria que sentissem que era digna de orgulho.

Aos 15, cheguei em meus piores anos quando quebrei o espelho do vestiário e tentei mais uma vez, o colégio me obrigou a ter terapia então fui diagnosticada começando com os tratamentos. Numa noite, naquela mesma semana que me regulava com os remédios e sentia que meus pais estavam ainda desapontados, para eles estava louca, fazendo-os gastar dinheiro atoa. Eu precisava melhorar caso contrário era expulsa do colégio. O sono me confortava, o escuro, a mente vazia...Até que tive meu primeiro sonho.

Havia acordado naquela cabana, era confortável, ensolarada pela janela porém fresca com o vento fraco. Sentia que não estava sozinha até vê-la pela janela. Sorridente, de branco e cabelo rosado. Acenando e chamando meu nome, pedindo para que eu trancasse a porta e levasse a chave. Sua conversa cheio de elogio, seu sorriso carinhoso e reconfortante foram as coisas que me fizeram aguentar e ter o mínimo de autoestima para continuar com o tratamento, até o nascimento de minhas irmãs.

As meninas, diferente de mim não foram indesejadas. Quando pediram para que eu tomasse conta das crianças mesmo que um deles pudesse cuidar cada um e um período ou contratar uma babá, eu não neguei. Queria que eles estivessem satisfeitos comigo então não me mudei para os alojamentos da faculdade quando tive chance.

E então conheci Jung Whee in, a partir daí melhorei ainda mais e de brinde tive Hyejin que apesar de não ser tão próxima me fazia sentir aceita e me socializava nos lugares sendo uma ótima mediadora e obviamente amiga. Nesse meio tempo meus sonhos mudavam levemente mas nunca pararam até que na noite em que a beijei não tive o sonho na semana seguinte do fim do meu tratamento.

A dor e angustia tinha foram se esvaindo até serem substituídos por amor, de Wheein, Hyejin, das minhas irmãs e novos colegas que finalmente fui capaz de ter...Não estava mais vazio.

- Bom, Byul, você não se lembra das suas férias em Damyang, certo? – A mulher parecia pensativa ao olhar para seu bloco de notas.

- Eu me lembro de chegar lá e sobre ter a opção de ficar com a família de uma amiga da minha mãe mas não lembro de nada depois disso.

- Eu quero que você incline a poltrona e largue a mão da sua amiga. – Fiz o que mandado mesmo que a contragosto. – Feche os olhos e respire fundo 10 vezes, bem devagar, sem pressa. – Senti que os segundos passavam arrastados enquanto respirava. – Você está de férias em Damyang, com seus 14, seus pais estão te levando até essa família...Provavelmente alguém foi te buscar...Quem foi te buscar Byul? E quem são essas pessoas?

Sentia medo em estar com pessoas desconhecidas, mas ideia de poder estar sem meus pais me aliviava mais que qualquer coisa, ainda mais sabendo que havia uma criança da minha idade que talvez pudesse fingir gostar de mim.

Estava parada na frente de uma rua sem meus pais, esperando a tal...homem, vir me buscar e então ele veio. Não sentia medo ali mas ao vê-lo senti um aperto no peito e o ar pesou em meus pulmões. O homem tinha um corte militar e uma cicatriz funda embaixo do queixo. Seu sorriso era pequeno e não chegava aos olhos mas naquele dia não havia notado.

- Byul? – Me aproximei quando ouvi meu nome. - Não se lembra de mim mas vi você nascer.- Não sabia o que responder então apenas o reverenciei e entrei no carro olhando por cima do ombro uma última vez esperando ver meus pais na janela, nem sinal.

O caminho foi preenchido por música e árvores, o lugar era lindo e não me importei com a grande caminhada que fizemos até a cabana.

A cabana, tive a sensação de ânsia de vômito, o sentimento presente e futuro mesclavam em minha mente como se eu assistisse meu filme sabendo de todos os spoilers mesmo sem de fato me lembrar.

O homem abriu a porta da cabana e então me deparei com uma jovem de macacão branco sentada no sofá a esquerda da porta.

Era ela, Solar.

Eu não estava louca, ela existiu.

- Oh! – A garota se levantou sorridente ao me ver como se me conhecesse. – Sou Solar, você é a Moonbyul, certo? Nossos nomes combinam. – Me lembrava de achar a risada dela muito engraçada.

- O nome dela é Kim Yongsun, ela quer ser uma artista, por isso essa besteira de trocar de nome. – O homem entrou na cozinha enquanto fiquei parada no meio da sala.

Kim Yongsun, não Solar.

- Byul, olá, 14 anos até te rever! Guarde sua mochila no quarto de Yong. – Observei uma mulher sair da cozinha e me assustei ao sentir seus braços em volta de mim.

- Vem Byul, vou mostrar nosso quarto. – Solar segurou minha mão e o calor que ela emanava nunca me deu tanta segurança e minha vida, um dos raros sorrisos apareceu em minha face.

Cotton candy girlsOnde histórias criam vida. Descubra agora