Capítulo 10: Altar à vista parte II

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Aproximou-se devagar, envolvendo o deus de olhos verdes em um abraço sensual. Contornou a face enrubescida com seus longos dedos, e quando Loki pensou em afastar-se teve seus lábios tomados pela boca quente e macia do deus do tempo.

O beijo iniciou-se calmo, Kairós chupava e mordiscava o lábio inferior de Loki, que aturdido pela investida ousada do deus do tempo, ainda mantinha os belos olhos verdes abertos, tentando compreender o que se passava em seu corpo, sua mente e principalmente em seu coração.

Suas pálpebras desceram involuntariamente, todo seu corpo vibrou em sensações inéditas para si, não se lembrava de em séculos de existência sentir algo como aquilo, entreabriu os lábios dando a brecha perfeita que que Kairos aprofundar a exploração introduzindo a língua na cavidade quente úmida de sua boca intensificando a sensação do beijo para ambos.

O deus do tempo sentia o deus da trapaça amolecer em seu braços e o apertava ainda mais contra seu corpo, excitava-se por sentir o quão perfeito era o corpo esguio, e menor que o seu, totalmente exposto pela malha bem ajustada que Loki vestia, e que naquele momento, mais revelava do que velava o seu corpo. Loki se entregava ao beijo permitindo-se gemer abafado na boca de seu parceiro de trote aos santos de Atena, porém, como se se fosse atingido por um raio de Thor, um lampejo de consciência o fizera temer e tremer diante de uma situação cujo o controle de si escapava de suas mão. Subitamente afastou-se de Kairós rompendo o contato que, por mais que julgasse prazeroso, também lhe era assustador.

Ainda confuso, Loki desmaterializou-se diante dos olhos azuis de Kairós. O deus da trapaça era perito em fuga e portanto soube perfeitamente como fugir do... amigo? Agora não sabia mais...

Kairós piscou algumas vezes tentando entender o porquê daquela fuga. O deus do tempo poderia congelar instantes antes o tempo e evitar que Loki fugisse de si, poderia voltar o tempo e impedi-lo de se afastar, poderia até mesmo voltar e desistir de beijá-lo, mas pela primeira vez em toda sua existência, abriu mão do controle e deixou o tempo fluir livre. Se no coração do outro deus houvesse pelo menos uma fagulha do sentimento que queimava em seu peito ele voltaria, riu triste e irônico ao completar mentalmente a ideia de dar tempo ao tempo...

Enquanto isso, diante do altar de Baco...

Os capricornianos estavam irredutíveis, o ciúme falava mais alto do que a razão, cada um abraçado a seu sagitariano encarava o outro em desafio cogitando silenciosamente se seria tão ruim passar o resto de suas vidas naquele espetacular salão.

Sísifos carinhosamente se desfez do abraço apertado de seu belo cavaleiro e caminhou a passos lentos em direção de Aiolos e Shura.

— Aiolos, creio que se depender dos nossos capricornianos, haveremos de passar a eternidade nesse lugar...

— Creio que sim — riu Aiolos, também se desfazendo do abraço de Shura e se aproximando mais de Sísifos declarou: — estou preocupado com meu irmãozinho, o cavaleiro de Leão, não posso ficar aqui eternamente.

— Eu também estou preocupado. O cavaleiro de Leão no meu tempo é o meu sobrinho, Régulos. Eu não pretendo ficar o resto da minha vida aqui, tenho minhas obrigações como santo dourado, além da minha dívida pessoal com a senhorita Sasha.

E como sagitarianos são por natureza desprendidos e bem humorados, em um acordo silencioso se puseram a provocar seus companheiros de armas e de vida.

— Bem, o beijo entre contemporâneos é nulo, mas nós não somos contemporâneos... — Sísifos sugeria piscando discretamente para o seu sucessor.

— Verdade, se oferecemos um beijo nosso, por certo poderemos voltar, e aí duvido que esses dois fiquem aqui. — Aiolos concordou com um sorriso que fez Shura cerrar os punhos e encarar sério o outro sagitariano e depois El Cid.

A Divina TrolladaOnde histórias criam vida. Descubra agora