Stranger Things - Os Últimos De Nós

A memória amarga

  Já era noite quando Mike se levantou, não deixaram ele imediatamente sair assim que ele chegou ao prédio 101, pois militares estavam fazendo a ronda naquele horário. Porém, Mike não iria esperar até de manhã, mesmo estando no apartamento de Lucas e Max. Ele se levanta no quarto em penumbra graças a luz dos refletores ao redor dos muros. Ele olha no relógio de pulso, vê as horas de relance, talvez 20:43. Mike veste seu casaco preto, apanha sua mochila, depois pega sua pistola e um rifle que Lucas lhe emprestou.

   Há vozes abafadas, são Lucas e Max conversando sobre algo pessoal. Está chovendo lá fora, e o som da chuva na janela é extremamente relaxante, ao ponto de querer fazer Mike voltar a dormir novamente.

- O Billy se juntou com os vagalumes, eu só espero que ele não esteja morto. - Diz Max.
- Não está, os vagalumes são bem resistentes, dizem que é o governo provisório.

   Mike abre a porta, ele aparece na sala com uma expressão decidida. Lucas e Max o fitam. Lucas se levanta, vai até ele devagar, e olhando nos seus olhos diz:

- Irmão, a gente é amigo a um século, a gente nasceu no meio dessa porra, você sabe o quanto eu não quero que você morra por absolutamente nada.
- Não vou morrer por absolutamente nada, estou decidido em ir atrás do que tenho de ir atrás.
- Tá. - Lucas abaixa a cabeça. - Só não morre cara. - Lucas abre os braços e o abraça forte.

   Max se levanta, ela se junta ao abraço também, um último abraço entre eles, antes de Mike partir. Mike se solta devagar, ele caminha até a porta, seus passos parecem uma cerimônia fúnebre, como se ele estivesse caminhando para um destino sem volta. Mike toca na maçaneta, ele para, respira fundo, e olha para trás.

- Eu não sei se eu vou voltar, mas vocês sabem, eu não poderia conviver mais um ano dentro do meu próprio vazio. Eu não quero que esperem por mim, apenas Me tenham como uma memória.

  Max e Lucas não respondem, Mike sai, fecha a porta atrás de si. A sua direita há as janelas do corredor, todas embaçadas dando para o beco ao lado de outro prédio. A sua frente está a escadaria. Mike rapidamente desce dois lances de escada onde as paredes tem furos de balas ou pichações, vai na direção do elevador, onde está um rapaz branco alto segurando um fuzil.

- Diga seu nome, e o que vai fazer lá fora. - Diz o rapaz.
- Mike Wheeler, estou embarcando em uma missão de busca.
- Certo. Pode passar.

  O rapaz aperta o botão do elevador e a porta se abre, Mike entra no elevador, os botões estão todos arrancados e só a opção de ir para o subsolo. A porta se fecha, o elevador da um tranco e começa a descer. Não se passam nem 10 segundos e a porta se abre novamente, em um lugar um pouco estreito, cheio de ferramentas, e armas, além de uma geladeira. Jonathan está lá, ele se levanta ao ver Mike.

- Mike? - Ele se levanta da cama.
- Você tá no turno hoje.
- É, me designaram pra ficar aqui, sem o Hopper as coisas são mais complicadas.
- A passagem tá aberta?
- Bom, nesses horários não, mas eu posso abrir... espera Aí, você vai sair?
- Vou. Se puder abrir para mim, eu agradeço.

   Mike tenta passar, mas Jonathan o para.

- Espera aí, pra onde você vai?
- Jonathan, olha...

   Jonathan da de ombros, abre um armário, pega duas caixas de munição de fuzil e pistola, e dois rolos de ataduras.

- Toma, você vai precisar, suprimentos a mais nunca é demais. Vem...

   Jonathan começa a andar pelo corredor estreito, passando por uma parte onde há geradores ao fundo fazendo bastante barulho. Eles sobem uma pequena escada chegando a outro corredor maia longo e escuro, só da pra ver uma luz opaca no final.