Trauma

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 *Aviso de gatilho: ABUSO SEXUAL e VIOLÊNCIA EXTREMA.

Onze olha para a cicatriz, ela respira fundo, corre os dedos sobre as marcas dentárias. Por um segundo ela tem flashes da dor aterrorizante que sentiu, mas nada seria mais aterrorizante do que tudo que ela passou até então. Perder sua própria humanidade aos poucos é um processo lento, um processo que suga a alma e as emoções de quem assim está. Onze tinha em mente que a sua marca era como uma maldição, que lhe mostrava quem ela era aonde quer que fosse.

   Não conseguindo dormir, ela vestiu uma camisa que cobriu seu corpo cheio de cicatrizes, ela foi até a cozinha ver se achava algum suprimento, talvez por essa região ninguém houvesse explorado. Ela abriu os armários e encontrou algumas coisas, alguns alimentos enlatados, ao qual continham conservantes, talvez servissem para comer.

  Os trovões lá fora eram aterradores, a imagem dos relâmpagos iluminando a vizinhança escura davam a sensação para Onze como se ela estivesse em um navio no meio do oceano tempestuoso. Onze apanhou um isqueiro em seu bolso direito, girou a chave de uma das bocas do fogão e acendeu o fogo, havia gás ainda naquele botijão, por algum milagre. Ela abriu o enlatado com seu canivete, ainda estava bom, talvez pela quantidade de conservante.

- Que se foda. - Ela suspira.

   Onze deposita almôndegas numa panela que estava meio empoeirada, mas ela limpou. E enquanto espera o alimento ser cozido, ela volta até o quarto, e pega o seu diário, um caderno vermelho e velho com páginas amarelas, se senta na beirada da cama, pega uma caneta, respira fundo e começa a escrever o que sente.

"Querido diário de Merda, hoje eu matei um grupo inteiro de bandidos estupradores filhos da puta ou sei lá que porra eles eram... eu cheguei a essa cidadezinha chamada Baker, entrei numa mercearia pra pegar suprimentos e..."

   Onze estava adentrando a mercearia em um posto de gasolina, ela havia caminhado muito depois de a gasolina acabar em Hollow Hills, ela então resolveu investigar as bombas de gasolina do posto daquela pequenina cidade insignificante. Não encontrando nada, e tendo sua barriga como alerta contínuo para fome, Onze resolveu entrar na mercearia, ela entra cuidadosamente apontando seu rifle para a frente, sempre olhando os cantos escuros. Não achando ninguém, ela abaixa a arma e vai até um corredor onde por algum milagre há salgadinhos e bolachas, talvez por ali ser um lugar remoto. Esfomeada, ela abre uma caixa de Eggos, estavam vencidos, mas não embolorados, ainda continuavam deliciosos ao ponto de matar a fome dela. Enquanto ela devorava os waffles, um homem alto, musculoso, de touca preta e luvas, apareceu no início do corredor.

- Vejam só, temos uma pequena ladra aqui. - Ele diz, seu tom de voz é malicioso.

   Onze larga a caixa de Eggos, e apanha seu rifle apontando para o homem que caminha a passos vagaros.

- Opa. - Ele levanta as mãos, não parece estar assustado. - Calma, eu só quero que você pague pelo o que consumiu. - Ele diz enquanto caminha bem devagar.
- Para traz, ou eu vou estourar a sua cabeça.
- Já brincou com uma arma dessa antes, boneca? Não vai se machucar hein.
- Para trás! - Onze ordena, seus braços tremem e ela anda para trás vagarosamente também.

   É quando ela sente o cano gelado de outra arma em seu pescoço, ela então para, um frio horrendo percorre todo seu corpo e ela para. Há um homem, barba Branca, pele rosa, olhar malicioso apontando uma Desert Eagle prata para sua cabeça.

- Abaixe a arma garota, não seja tão burra. - Diz o velho.

   Onze não tendo escolha, abaixa a arma, e a coloca no chão, ela está de mãos erguidas.

- Segura ela, Jow.

   O velho passa a mão pelo pescoço de Onze, ele é mais forte que ela, Onze começa a se debater, mas parece não ter força para escapar, o outro homem, mais alto e mais forte se aproxima, ele tem um sorriso malicioso. Ele se aproxima de Onze e segura seu queixo olhando em seus olhos.

Stranger Things - Os Últimos De NósOnde histórias criam vida. Descubra agora