Eu sou...

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Agosto de 2035

Quarentena de Hawkins

É verão, as folhas estão mais verdes só que nunca, a luz do sol mais irradiante do que sempre esteve, não há tantas nuvens no céu azul cintilante e por um breve momento nem parece que a pacata cidade de Hawkins agora está cercada por uma cerca alta com arames farpados e que há militares patrulhando as ruas. Jane Ives, filha de uma mãe solteira, cujo o pai morreu em algum leito improvisado por aí nos EUA, estava junto com Mike Wheeler, filho de pais comuns, irmão do meio, entre Nancy Wheeler e Holly Wheeler, sua mãe cansada da rotina de quarentena adorava transar com militares alheios, um, dois ou até três de vez, era o divertimento dela em meio ao "fim do mundo". Mike sabia disso, já havia presenciado a cena horrorosa dos gemidos e xingamentos dentro do caminhão, e depois um agradecimento

"Senhora Wheeler, a senhora é uma baita puta gostosa"

  Como diria Morpheus em matrix, a ignorância é uma benção, Mike preferia a imagem falsa da perfeição conservadora familiar, do que a realidade crua de que sua mãe já não amava mais o seu pai.

   Mike tinha seus amigos, Dustin Henderson, Lucas Sinclair, Will Byers filho da doutora Joyce Byers, Maxine Hargrove e por último, mas de extrema importância, seu amor "não de verão" Jane Ives. Dois jovens de 14 anos, despreocupados com a vida que levavam, andavam de bicicleta a tarde, depois de estudar no colégio militar obrigatório pela manhã. Essa eram as doses de escapismo que aqueles jovens aparentemente limitados por uma cerca tinham.

Hawkins, 22 anos depois do pandemônio que ocorrera em todo o país e talvez em todo o planeta, agora era um ponto seguro, talvez uma ilha ao qual a humanidade se agarrava firmemente e se mantinha enquanto recobrava o fôlego. Enquanto os meninos andavam para lá e para cá em suas bicicletas, Joyce e Scoot Clark trabalhavam incessantemente em uma cura, trabalhavam sem parar no laboratório provisório que o exército havia construído no antigo hospital da cidade. Nada havia dado certo até então, isolamento de patogenos, tentativa de desenvolvimento de vacinas, absolutamente nada havia do certo e isso deixava Joyce cada vez mais frustrada.

  Frustração para uns, alegria para outros. Por vezes, Mike e Jane que ele apelidara de Onze por conta de uma marca de nascença em seu braço direito, se perdiam numa floresta e acabavam numa cerca onde não haviam guaritas e muito menos patrulha, era um lugar que Mike chamava de...

- A passagem. - Ele diz enquanto parado juntamente com Onze, eles estão de mãos dadas.
- É assim que você chama um buraco na cerca? - Onze olha sorrindo ironicamente pra ele.
- É. Leva à um lugar mágico que eu encontrei.

   Mike ama os momentos em que ele e Onze estão próximos, eles sabem o que um sente pelo outro, no entanto, são tímidos demais ao ponto de demonstrarem bruscamente, mas não tanto para não demonstrar através de sutilezas doces. Olhares, mãos dadas, deitar no colo e etc. Tudo era uma forma de demonstrar sutilmente o florescer de um amor juvenil.

- Vem. - Mike sutilmente a guia para próximo da cerca, ele solta sua mão e se abaixa. Com as duas mãos ele puxa uma parte cortada da cerca. - Damas primeiro.

  Onze passa por debaixo da cerca sorrindo para Mike, ele se move para fora da cerca e a fecha tornando quase impossível que alguém veja o corte de longe. Ele se volta para Onze, ele está com a mão estendida esperando que ele a segure, convidando-o.

- Me guie. - Ela diz gentilmente.

  Mike segura sua mão com gentileza e num gesto de afeto entrelaça seus dedos com os dela. Mike toma a frente enquanto o vento faz as árvores vibrarem para lá e para cá. Tudo fora da cerca parece mais místico, parece mais misterioso, como se fosse...

Stranger Things - Os Últimos De NósOnde histórias criam vida. Descubra agora