Inspirado na música: "Sacrilegio" de Christian Chavez
Um amor impossível.
Universos distantes que se unem por meio de um fator determinante.
Estavam destinados a se encontrar, mas não podiam, não deveriam!
Anahí é uma noviça que dá aulas em um inte...
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Anahí tentava absorver as palavras ditas pelo homem a sua frente. Buscava entender o que ele queria insinuar.
Enquanto ela estava absorta em suas reflexões, Alfonso a fitava, tentando compreender a cara com a qual ela o encarava. Não pôde conter a risada.
- Vamos! Diga alguma coisa! Eu avisei que você não iria gostar da verdade - Explicou.
- Senhor Herrera, não me venha com essas brincadeiras está bem? -Ele havia conseguido provocar ainda mais raiva dentro dela.
- Eu não estou brincando, querida irmã. Vai dizer que você não sentiu o mesmo nem por um segundo? Me pareceu que você não odiou tanto essa situação. Diz se a irmã não acha engraçado que nós dois sempre acabamos nesse tipo de situação. Hora você me pega sem roupa, hora você e eu quase nos pegamos - Provoca, risonho.
- Não diga isso! - Disse, pondo-se de pé - Você não sabe o que está falando! Respeite-me! Eu vou procurar Maria no banheiro porque acho que está demorando muito.
- Eu disse que você não gostaria de ouvir a verdade.
Após vê-la partir pôde enfim pensar com clareza e percebeu que havia agido feito um idiota. Prometeu que não diria nada à ela e acabou dizendo. O pior de tudo, era a forma como ele havia dito. Porém algo lhe dizia que ela queria aquele beijo tanto quanto ele. Seus pensamentos eram um turbilhão. Ainda não sabia que mal o havia acometido.
Chegou ao banheiro e pôde ver que Maria não estava lá, provavelmente, estava conversando mais uma vez com alguém em algum lugar e acabou distraindo-se. De certa forma, ficou satisfeita com esta constatação, pois teria tempo para acalmar a irritação que Alfonso lhe provocara. Como ele se atreveu a dizer tais coisas sobre ela? Ele disse que queria beijá-la, sorriu com o pensamento, mas logo repreendeu-se, isso não era algo para ser dito à uma futura freira. Aliás, o fato de ele querer beijá-la não significava nada mais do que um desejo carnal, pensava.
Havia decidido que dali para frente, minimizaria suas conversas solitárias com o senhor Herrera, ela estava dando liberdades demais à ele.
Como havia pressuposto, Maria estava conversando com a mulher da recepção.
- Mas a sua filha está melhor não está? - perguntava a Maria para a mulher de meia idade, cabelos pretos cacheados na altura dos ombros, que estava atrás da mesa da recepção.
- Ela está melhor graças a Deus! O doutor Augusto me ajudou muito quando ela ficou doente. - Respondeu a mulher.
Ao se aproximar, Anahí pôde observar o grande relógio analógico branco pendurado na parede ao lado da mesa da mulher, eram 04:36 da madrugada, estava perto de amanhecer. Propôs-se a terminar a madrugada junto com Maria e a mulher com quem ela conversava, quando alguém chegava, deixava que ela atendesse, porém o restante da madrugada foi suficientemente tranquila. Tinha certeza que se algo acontecesse a chamariam.
Algumas horas depois a mulher, que se chamava Eiza despediu-se das duas, após encerrar seu horário de trabalho, já passava das 07:00 da manhã.
Anahí ouviu uma voz conhecida chamando por ela, apesar de não tê-la visto muito, foi fácil reconhecê-la.
- Irmã Anahí! Oi! - Chamou, Maite. Caminhando em direção a cadeira em que a Noviça estava sentada.
- Meu irmão podia ter me ligado. Eu só vi a mensagem hoje de manhã - justificou-se.
- Ele não queria incomodar. Giovanna está bem, só está aqui em observação.
- Ele me disse por mensagem, mas mesmo assim. Eu queria estar aqui. Pensei que ele estivesse sozinho. Fiquei com medo, porque a última vez que esteve em um hospital, foi quando perdemos a Carmen. Então, obrigada por estar aqui. - Falou, dando um abraço em Anahí.
- Você não tem que me agradecer. - Sorriu em afirmação. Então, olhou para o lado e lembrou-se - Essa é a irmã Maria. - indicou. Depois virou-se para Maria - Essa é a senhorita Maite, irmã do senhor Herrera.
As duas se cumprimentaram. Maria iniciou uma conversa, simpática como sempre, obteve facilidade em conquistar o carinho de Maite em poucos minutos.
- Vamos falar com o pessoal da recepção para ver se você pode entrar. - Propôs Anahí.
- Mandei uma mensagem para o Poncho agora pouco avisando que cheguei, mas ele ainda não respondeu. Melhor ir falando com a recepcionista.
Alfonso passou o resto da madrugada no quarto de sua filha agarrado à mão dela. Não conseguiu dormir. Quando ficava sozinho naquele lugar, não conseguia parar de temer pela filha. Sabia que ela estava melhor, porém não conseguia deixar de tomar conta de cada segundo da respiração dela. Ainda pensava em Anahí, sua mente sempre tendia a voltar-se para ela. Parecia algum tipo de refúgio, um abrigo ou fuga. Era uma loucura, contudo era a única coisa que o mantinha calmo tendo que lidar com aquela situação. Ela parecia trazer-lhe calmaria, mesmo em meio a confusão que era incluída no "pacote".
Vendo que já havia amanhecido, viu uma mensagem de sua irmã:
"Poncho, eu estou aqui!"
Constatou que ela havia mandado a mensagem a uns vinte minutos atrás e ele não havia respondido. Pegou o celular e digitou:
"Peça para entrar. Estou no quarto com ela."
- Agora que você me responde, Poncho! - Reclamou Maite, em frente a porta do quarto - Pelo amor de Deus! Ainda bem que não esperei por você! Como ela está? -Aproximou-se.
- Desculpe! Eu acabei não vendo. Ela está melhor sim. Disseram que vão dar alta assim que ela acordar. Só vai ter que fazer alguns exames depois.
- Minha neném! - Exclamou Maite. Beijando a bochecha da pequena criança que ainda dormia profundamente - E você? Como ficou?
- Eu fiquei bem. Quer dizer, fiquei com muito medo, mas de certa forma consegui me manter calmo. Anahí - corrigiu-se - irmã Anahí e Maria me ajudaram muito.
Maite o fitava desconfiada.
- Que bom que a irmã Anahí estava aqui com você, ela é mesmo maravilhosa, não é?
- Ela é muito… muito… boa...bondosa! Muito bondosa! - sorriu
- Ela é bondosa né? - questionou Maite em tom risonho. - Não vou falar nada.
- Titia! - Chamou Giovanna ainda sonolenta. Havia acabado de despertar.
- Oi, meu amor! Como você está se sentindo? - Perguntou Maite, acariciando o rosto da menina.
- Melhor! Pronta sair daqui! Eu quero brincar!
- Que bom que está melhor, minha filha - afirmou Alfonso, beijando a mão da pequena garota.
- Onde a irmã Any está? - a garota estendeu seu olhar por todo o quarto à procura da mulher.
- Está lá fora. Mas vamos pedir para que ela entre. - Expressou Maite, tranquilizando-a.
Após um tempo, o médico foi até o quarto, liberando Giovanna para voltar a sua rotina normal e reforçando a importância de fazer os exames.
Alfonso continuou o restante do dia imerso em seus pensamentos, sentia-se ainda mais confuso e tinha certeza de que não deveria continuar com esta situação, porém, lhe parecia tarde demais, já não obtinha controle sobre seus devaneios.