Capítulo XIII: E imaginar, as noites e os dias dormindo em teus beijos

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Dias se passaram e Anahí, fazia de tudo para evitar o senhor Herrera

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Dias se passaram e Anahí, fazia de tudo para evitar o senhor Herrera. Até conseguiu resistir ao desejo de levar Giovanna para fazer exames junto com ele, mesmo tendo sido liberada pela madre.
Já fazia um tempo que não conversavam a sós. Trocavam somente meias palavras de cumprimento ou falavam algo sobre Giovanna rapidamente e em público.

Contudo, seus delírios com ele não foram extinguidos, muito pelo contrário, pareciam ainda mais vivos, mais predominantes e incontroláveis.

Alfonso percebia a pressa de Anahí em afastar-se dele, compreendia. Ele não deveria ter falado daquele jeito naquele dia.
Entretanto, sentia falta de conversar com ela. Estava cansado de vê-la tão distante.

Em um dia que voltou da consulta em que levou Giovanna para avaliar os resultados dos exames, decretou que contaria a Anahí pessoalmente sobre como foi e o que o médico disse, era uma forma de voltarem a se falar.
Por isso, assim que voltou do consultório, deixou sua filha brincando com as outras crianças no pátio e seguiu em direção ao corredor procurando por Anahí.

Adentrou todos os ambientes, faltava apenas os banheiros femininos, quartos e a sala de artes. Decidiu seguir pela sala de artes, até porque dentre as opções era a que menos lhe podia trazer problemas.
Ela estava lá. Conversava distraidamente com um garoto que parecia ter por volta dos 4 anos, ele lhe entregava um desenho colorido e ela sorria beijando sua bochecha e o agradecendo. Depois o menino saiu em disparada pela porta, passando diretamente por Alfonso fazendo com que o olhar dela se voltasse para ele.

-Olá, senhor Herrera! - Sorriu meio incomodada.

-Olá, irmã! Preciso conversar com você -Afirmou, aproximando-se dela.

-Sinto muito, senhor Herrera, mas eu não posso falar agora. - Justificou, afastando-se um pouco dele.

-É sobre a Giovanna. - Explicou, voltando a aproximar-se.

A sala era pequena, comportava poucos alunos por vez, por isso as aulas lá eram alternadas. Logo, Anahí já estava quase encostada na parede da sala que continha inúmeros desenhos coloridos feitos pelas crianças colados.

-Senhor, eu quero muito saber dela. Vamos conversar lá fora! - Disse, esperando que ele recuasse e seguisse para o corredor, mas surpreendeu-se ao não vê-lo mover um músculo da posição que estava.

-Vamos conversar aqui. Já estamos aqui mesmo - Deu de ombros.

-É que pode dar problemas, senhor.

-Que problemas? Quais problemas dariam?

-Problemas. Depois o senhor fica fazendo piadas ruins sobre assuntos que não existem. - Refutou, desviando o olhar dele.

-Se não existem essas "coisas", então qual é o mal de estarmos aqui? Nada irá acontecer. - Aproximou-se ainda mais dela - Nunca aconteceu nada naquela noite porque nem você e nem eu queriamos que acontecesse nada - ele olhava no fundo dos olhos dela. Sentia como se aqueles olhos fossem revelar sua alma - Então pra que temer? Se você realmente quisesse - Chegou ainda mais perto, quase rompendo a pequena barreira de distância que havia entre os dois. Encostou levemente seus corpos, seu nariz roçava no dela e seus lábios estavam à poucos milímetros de distância dos dela. Esticou um dos braços e o encostou na parede, ao lado dela. - Primeiro eu iria acariciar seus rosto, sentir sua pele macia, depois eu iria encaixar a minha mão na sua nuca, entre os seus cabelos. Com a outra mão eu iria segurar a sua cintura e puxá-la pra mais perto de mim, assim, eu iria até o seu pescoço e deixaria que seu cheiro invadisse meus pulmões, quando nossos corpos estivessem conectados, eu iria invadir a sua boca e nos fazer esquecer tudo à nossa volta.

Anahí soltou o ar profundamente, percebeu que havia prendido durante muito tempo, respirava de forma descompassada.

Alfonso se encontrava da mesma forma, seu corpo ardia para tomar a atitude que tanto desejava.

Alfonso continuou:
-Mas eu sei que não é isso que você e eu queremos não é? - A questionou - Sua voz era baixa e rouca.

Anahí pareceu acordar de um transe e reuniu suas forças para responder.

-Não… Não é isso que queremos! - Tentava manter sua respiração constante. Virou o rosto de forma abrupta, fazendo com que ele se desvencilhasse dela. Ela desviou o olhar buscando acalmar-se.

-Então, senhor Alfonso Herrera, como foi a consulta com Giovanna? Os exames dela estão bons? - Perguntou, caminhando até o outro lado da sala com as mãos cruzadas nas costas.

-Ela está bem sim, … irmã! - Afirmou. Estava meio atordoado pelo momento, contudo exibia um sorriso por achar graça da atitude dela. A mulher parecia irredutível - O doutor disse que foi uma gripe forte mesmo.

-Graças a Deus! Bom, senhor, se não tem mais nada pra dizer, peço que se retire, porque eu tenho muita coisa pra fazer hoje.

-A irmã não vai dizer mais nada mesmo? - Disse, olhando-a com curiosidade.

-Eu não tenho mais nada mesmo a dizer, até porque era o senhor quem havia dito que tinha algo a me dizer, não?

-Tudo bem, irmã! Você está certa! Eu vou indo.

-Tchau, vá com Deus! - Acenou a noviça.

Quando percebeu que Alfonso já estava longe, soltou uma respiração profunda de alívio. Não sabia o que tinha acontecido direito, mas teve medo dos efeitos que poderiam lhe causar.

A noite como de costume, Anahí fez suas orações habituais, acrescentando duas a mais, pois temia seus pensamentos.

Logo adormeceu. Um sonho se iniciou, então: Anahí estava em lugar cheio de areia, seus pés podiam perceber a sensação entre seus dedos.
Decidiu rolar entre os grãos sujando todo o seu vestido vermelho, era uma menina novamente.

Em meio aos risos de divertimento, acabou percebendo que haviam crianças a sua volta brincando do mesmo.

Começou a brincar juntamente com elas, até que todas decidiram correr em direção a uma descida do monte de areia, ela fez o mesmo.
Conforme foi chegando ao final do monte, notou que estavam indo em direção ao mar, constatou que era uma praia e sorriu com aquilo.

Correu para molhar seus pés na beirada, sentindo as ondas, a água era cristalina. O cheiro era delicioso, o dia era ensolarado e o vento balançava seus cabelos.

Ao longe ouviu uma voz conhecida chamar seu nome.

- Anahí, venha já aqui! Anahí!

-Deculpe, gente! Eu vou ter que ir rapidinho, minha mãe está me chamando - explicou para os amigos.

Caminhou em direção a voz que vinha de um pequeno barco de madeira amarrado na beirada da praia.

-Mãe?

Assim que entrou no barco, visualizou uma mulher de preto, ao aproximar-se, ouviu a mulher dizer:

-Anahí, olha o que você fez! É tudo sua culpa! - A mulher gritava a plenos pulmões.

De repente, a menina notou que o barco não estava mais ancorado, estavam no meio do mar revolto. O céu estava escuro e uma tempestade faziam as ondas quase engolirem o pequeno barco. Ao ver uma onda gigante se aproximar, tentou segurar-se, porém  antes que tentasse, foi engolida pela onda que destruiu toda a embarcação.

Acordou apavorada. Tremia desesperadamente. Sabia muito bem o que aquele sonho significava.

Levantou-se e decidiu lavar o rosto, depois seguiu para a cozinha para tomar um copo de água.

Quando voltou para o quarto, fez mais uma de suas orações pedindo que lhe tirasse os pesadelos e aliviasse sua mente.

Depois deitou-se, porém acreditou que não conseguiria mais dormir. Pensou que talvez esses pesadelos a estejam atormentando por causa dos pecados que vinha cometendo em relação ao senhor Herrera, não podia mais permitir aquilo.

Sua mente, como sempre a levou a Alfonso, ela tentou lutar inicialmente, porém desistiu assim que notou que estava caindo no sono novamente. Era loucura pensar que imaginar estar com ele podia ser seu maior pecado, mas que ao mesmo tempo era o que lhe trazia maior conforto.

Na pureza dos teus olhos - AyAOnde histórias criam vida. Descubra agora