Capítulo I: De volta

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Era uma segunda chuvosa, o internato estava silencioso, já que ainda eram 5:37 da manhã e as crianças estavam dormindo

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Era uma segunda chuvosa, o internato estava silencioso, já que ainda eram 5:37 da manhã e as crianças estavam dormindo.
Anahí não conseguia mais dormir, estava preocupada com a situação de Giovanna, na noite anterior a menina havia tido um pesadelo que a deixou agoniada, acordando a todos.
Anahí resolveu ir até o quarto em que a garotinha dormia para ver como ela estava. Tinha apenas 5 anos e seu pai a havia deixado lá assim que sua esposa morreu, prometendo voltar em breve.
Já fazia um ano que isto havia ocorrido.
A irmã Anahí chegou ao convento como a noviça que daria aula para a pré-escola uma semana depois de a menina chegar lá.
Giovanna chorava constantemente, sentia falta de sua mãe, porém sempre afirmava que seu pai voltaria para buscá-la.
Anahí, apegou-se de forma profunda à criança. Ambas desfrutavam de um carinho imenso uma pela outra.

Anahí sempre contava histórias a Giovanna antes de dormir, estavam sempre conversando ou brincando. Havia quem dissesse que as duas pareciam mãe e filha já que seus jeitos eram muito parecidos.

Giovanna sempre lhe falava da mãe e do pai. Tinha uma foto que carregava em que estavam reunidos em família.
A menina aparentava ter uns 3 anos na foto, estava no colo de sua mãe que era uma mulher linda. De cabelos loiros e olhos castanhos. Já o pai dela, Anahí não podia negar que era um homem bonito. Exibia um belo sorriso que iluminava seu rosto junto aos seus olhos cor de mel esverdeados, idênticos aos olhos de Giovanna. Porém, não conseguia disfarçar a revolta que sentia dele por ter abandonado sua filha em um internato, sem nunca visitá-la. Tudo que ele fazia, era ligar para a madre e perguntar como a menina estava, as vezes pedia para falar com ela pelo telefone.

A noviça não compreendia como alguém poderia abandonar aquela garota encantadora, pois estava com ela a menos de um ano e já não conseguia imaginar-se sem a menina.

Ao entrar no quarto e ver a menina deitada tranquilamente em sua cama, seu coração se acalmou. Sentou-se ao lado dela no espaço que havia na cama.

- Eu amo tanto você, minha pequenininha! - Sussurrou, acariciando o rosto da menina e retirando os fios de cabelo castanho claro, que caiam sobre seu rosto.

Depois de um tempo levantou-se, resolvendo que tomaria um banho e depois faria suas leituras e orações costumeiras.

As 7:30 da manhã, foi até o refeitório para alimentar-se junto as crianças. A aula teria início as 8:00 horas em ponto, não podiam haver atrasos, já que não eram tolerados de modo algum pela madre superiora.

O internato era bem grande, comportava mais de 100 alunos, que podiam permanecer no local até seus dezoito anos. Os quartos eram amplos e possuíam camas individuais. Era um colégio de primeira linha.

Já passavam das 10 horas da manhã, quando ouviu alguém bater na porta da sala de aula, estava no meio de uma dinâmica com as crianças.
Ao abrir a porta, deparou-se com a irmã Maria, que viera lhe chamar para ir até a madre. Maria é uma mulher bonita, embora não fosse permitido ver seu cabelo por causa do hábito e não lhe fosse possível expressar vaidade.
É uma mulher alta, de pele escura, lábios carnudos e olhos cor de mel.
Ela é a melhor amiga de Anahí desde que ela veio para este colégio, são confidentes e se ajudam.

- O que aconteceu? Por que ela está me chamando? - Questionou Anahí.

- Eu não sei. Ela não me disse. Só me pediu pra chamar você. Vai lá! Enquanto isso, eu fico com as suas crianças. - Maria disse, entrando na sala de aula e sinalizando com a mão para que sua amiga fosse ao encontro de quem a chamava.

- Ok! Obrigada! Estou indo.

No corredor em direção a sala pela qual deveria entrar, pensou em diversas possibilidades. Será que havia feito algo de errado de novo? Na última vez foi porque ela ajudou as crianças a esconderem o filhotinho de cachorro que haviam encontrado. A madre a obrigou a desfazer-se dele, porém Anahí conseguiu que um dos pais das crianças se apaixonasse pelo animalzinho e o levasse para sua casa.
As crianças iam a casa do colega e visitavam o cachorrinho com nome de "Joãozinho", nome dado por eles, de vez em quando.
Entretanto, desta vez não se lembrava de ter feito algo do tipo. O que será que a madre queria com ela?

Ao deparar-se com a porta, depositou leves batidas sobre ela, o suficiente para ouvir a voz da madre mandando-a entrar.
Ao abrir a porta deparou-se com uma figura que embora nunca houvesse visto em carne osso, reconheceu imediatamente, embora estivesse com barba e parecesse um pouco diferente.

No momento em que ela entrou, ele virou-se imediatamente na direção dela. Alfonso tremeu, sentiu-se constrangido de uma forma que não se sentia a anos.
Ela usava um hábito e uma roupa de noviça. Era uma noviça. Ele não podia ter este tipo de reação, pensou. Mas era inevitável, os olhos dela eram de um azul que pareciam ter a profundidade do oceano e a altura do céu ao mesmo tempo.
O brilho deles era dotado de tanta pureza, que quase o deixou hipnotizado.

Anahí não conseguia desgrudar seus olhos dos olhos do homem a sua frente, mas abaixou o olhar quando ouviu um grunhido, vindo da madre superiora. Esperava que ela não tivesse percebido.

- Bom, senhor Herrera, está é a irmã Anahí. Ela é a pessoa que mais conhece sua filha. - Falou a madre, sinalizando para que Anahí se aproximasse e falasse algo.

Anahí reprimiu seus pensamentos sobre o rapaz a sua frente, primeiro porque a escolha de vida dela não a permitia ter estes devaneios e segundo porque o senhor Herrera era um pai irresponsável e indigno de ter a filha que tinha.
Mais uma vez, reprimiu seus pensamentos.

- Bom dia, senhor Herrera! Sua filha é uma menina incrível! - Disse, querendo provocá-lo a sentir-se mal por tê-la deixado.

- Eu sei. Ela é demais, não é? - Disse sorrindo. - Prazer em conhecê-la irmã Anahí!

Anahí sentia-se irritada, como ele tinha coragem de dizer que sabia? Estava longe. Não sabia de nada!

- Prazer. - Disse, dando um sorriso com os lábios unidos sem mostrar os dentes.

- Eu pedi para que chamassem você, porque minha filha fala muito de você durante nossas conversas ao telefone. Queria conhecer e agradecer você por cuidar dela. Eu estou de volta agora. Não vou tirá-la do colégio, mas pretendo vir visitá-la mais vezes, frequentar as reuniões e a levar para casa nos fins de semana.

- Ah, que bom! - Expressou, tentando esboçar alegria. Estava feliz por um lado, já que agora Giovanna teria a companhia de seu pai, mas tinha medo que ele a magoasse indo embora de novo ou que não se importasse genuinamente com a menina.
Mas o que uma noviça poderia fazer, não é? Ela era só isto: uma noviça! Não era a mãe da criança e precisava colocar isso na cabeça.

Sacrilegio - Christian Chavez

Na pureza dos teus olhos - AyAOnde histórias criam vida. Descubra agora