Capítulo XVII: Eu coloquei a corda no meu pescoço

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A conexão estabelecida por seus lábios percorriam seus corpos de forma intensa. Como em uma descarga elétrica provocada por um raio.
Cada célula de seus corpos parecia convergir. Era apenas a segunda vez que se beijavam, porém pareciam tão adaptados um ao outro, como se este fosse o estágio natural de quem eram.
O único som audível na sala, era de suas respirações desesperadas.

Em um momento em que se separaram por mais tempo buscando ar, Alfonso não se conteve e sorriu, o sorriso era reflexo total do que sentia naquele momento.

Anahí pareceu acordar de um sonho no qual não deveria estar, pois afastou-se com aspereza. Prezava por sair daquela situação antes que fosse completamente incapaz.

- Eu realmente não sei quanto a você, mas no que diz respeito a mim, isso que aconteceu agora - aproximou-se e ergueu o rosto dela com sutileza pra encarar seus olhos - não foi por impulso.

Anahí encarou-o por um tempo até tirar as mãos dele de seu rosto.

- O senhor não sabe o que está dizendo - afirmou consistente e o encarando com seriedade - Está tudo errado.

- Não tem nada errado aqui, Anahí!

- Não me chame assim!

- A questão - voltou a falar suavizando o olhar - é que tenho sentimento por você, sentimentos que foram tão difíceis de admitir e pra ser franco, sentimentos que não sei te explicar.

- O senhor não tem sentimento algum. Só está confuso.

- Eu não estou confuso. Não são os meus sentimentos que estão confusos - disse, voltando a se aproximar - O que está confuso e a única coisa que importa pra mim é saber se você sente por mim o que eu sinto por você.

- Pra que quer saber isso? Que diferença isso faria? - Questionou.

- Faria toda - garantiu, encarando-a de modo ainda mais intenso - Se você me dissesse que me quer tanto quanto eu te quero, eu te levaria daqui e faria da minha vida uma missão pra te fazer feliz. Sabe por que, Anahí? - perguntou, tocando o nariz dela com o indicador - Porque eu sinto que aquele dia naquela cachoeira não foi apenas um evento isolado - continuou, aproximando-se ainda mais, de forma que seus lábios ficassem ao pé de um dos ouvidos dela. Baixou o tom de voz e deu continuidade - não foi apenas um evento carnal- Acrescentou, agora colocando uma de suas mãos pousadas delicadamente sobre a curvatura do pescoço dela e acariciando-o. Anahí respirava profundamente. A combinação do toque e da voz ao ouvido a fez fechar os olhos - Desde a primeira vez em que nos vimos - Agora ele também fechava os olhos. Aquele momento parecia tão íntimo aos dois que a visão era o sentido menos importante - Algo havia me dito. Anahí, você trouxe alegria pra minha vida novamente. Fez uma parte minha que estava morta, renascer - a outra mão de Alfonso pousou sobre a cintura dela - Eu - parou procurando palavras antes de terminar - Não... não sei bem como explicar a você, mas naquele dia eu percebi que não havia o que explicar, porque percebi que você entendia. Você sentia o mesmo desespero que eu, a mesma inquietude. Anahí, eu quero você e o que acabou de acontecer aqui nessa sala, me deu o que eu precisava pra saber que você também me quer.

Anahí mal conseguia falar, seu corpo estava extasiado pela sensação dos calafrios que subiam pelo seu corpo.
Guiou suas mãos na direção do rosto dele, acariciando-o. Pôde sentir a barba dele arranhando-a e percorreu toda a extensão de sua face, aproximando seu rosto do dele.
Ainda mantinham seus olhos fechados.
Continuaram assim, permitindo que suas testas se tocassem e compartilhando o mesmo ar.

Na pureza dos teus olhos - AyAOnde histórias criam vida. Descubra agora