Ele olhou para Maite por um longo instante.
- Eu não sei.
Caminhando até a porta, Alfonso colocou as mãos nos bolsos. Então tinha chegado à hora da verdade, talvez o momento mais decisivo de toda a sua vida. Franziu a testa. Deveria organizar uma fanfarra, pensou ele, tambores rufando ou uma trombeta para anunciar a ocasião. Mas não, apenas a luz do sol da manhã iluminava a sua cozinha.
Alfonso sentiu a presença da prima atrás de si. Sabia que ela aguardava uma resposta, um posicionamento, a decisão correta. Mas não estava preparado para isso e precisava de tempo para pensar. Em todos os anos de conversa com Maite, de suas insistência para reintegrar-se à sociedade, ele jamais imaginara ter de enfrentar uma situação como essa.
Alfonso se mantivera recluso por tanto tempo ... O ato de heroísmo que o deixara famoso não passara disso: um ato. Alfonso tinha decidido se isolar do mundo, afastar-se das pessoas. Queria se proteger, distanciar-se da vida amarga.
Mas Anahí mudara tudo. Ela e as filhas o haviam trazido de volta a um mundo que Alfonso jamais achara que habitaria de novo. E agora o forçava a fazer algo pior ainda. Anahí o obrigava a encarar seus maiores temores de frente...
Alfonso deveria estar sentimento medo, apreensão, frustração e desgosto à simples idéia de ter seu rosto cheio de cicatrizes publicado na primeira página do jornal de Wayside. Mais uma vez teria de lidar com Rodrigo Ruiz.
Assim que parou de julgar seus sentimentos, sentiu apenas um grande alívio.
"Acabou, Alfonso. Nada mais de fugir, de se esconder. Enfrente seus demônios, e Rodrigo o deixará em paz... "
- Alfonso...
- Olá para vocês dois.
Ele a Maite olharam para a porta e encontraram Anahí com um prato cheio de panquecas fumegantes nas mãos.
- Espero não estar interrompendo - disse ela. - A porta dos fundos estava aberta e, como eu tinha feito panquecas para as meninas, achei que ...
- Anahí, entre - pediu Alfonso.
- Olá, querida, como vai? - cumprimentou Maite.
- Bem. - Ela olhou para Alfonso. - E como vão os preparativos para o casamento, Maite? Só falta uma semana!
- Está tudo sob controle. Por enquanto...
Maite foi até o armário e pegou uma xícara. Depois de colocar café, passou-a para Alfonso, pedindo com o olhar que ele contasse agora a novidade para Anahí.
- Que ótimo! As meninas estão tão contentes! Já que você está aqui, que tal dar um pulo lá em casa para ver os vestidos delas? Acho que vai aprovar as alterações que eu fiz.
- Mais tarde, querida.
Seguiu-se um longo silêncio, e Anahí colocou o prato em cima da mesa. Percebeu que algo acontecia entre os primos e, por algum motivo, sentiu um certo desconforto. Estava tão contente quando entrara na casa, ansiando por encontrar Alfonso de novo, mesmo fazendo apenas duas horas que não se viam. Tinha Se declarado para ele à noite, não, só com palavras, mas também Com seu corpo. Fora inesquecível. Mas algo havia mudado.
Anahí imaginou o que poderia estar acontecendo.
Talvez Alfonso quisesse conversar com a Prima sobre o terrível erro que cometera. Um tremor percorreu-lhe o corpo.
- Bem, acho que vocês dois têm um assunto bastante importante para discutir. Vou deixar o prato aqui. Mais tarde nos encontramos. - Ela olhou para Alfonso e espantou-se ao ver a expressão em seu rosto. Não era o mesmo homem que amara com tanta paixão poucas horas atrás. - Não deixe as panquecas esfriarem.
Quando estava quase na Porta, Alfonso a segurou pelo braço. - Anahí ... Acho melhor Você se sentar - disse ele, levando-a de volta para a cozinha e indicando-lhe uma cadeira.
O que houve? Qual é o problema? Há algo errado?
-Sim - respondeu Maite. - É um pequeno presente de Rodrigo Ruiz. Dê só uma olhada.
Anahí tirou as fotografias do envelope. Seus olhos se arregalaram, depois estudou-as com atenção.
Maite afagou-lhe os cabelos e ofereceu-lhe uma xícara de café quente.
- Ele na certa sobrepôs sua cabeça no corpo de outra mulher - disse ela, evidenciando a raiva. - Não se como, mas Rodrigo conseguiu deixar as imagens bastante reais. Falsas ou não, se as publicar no jornal, você terá um grande problema pela frente.
- Elas não são falsas - disse Anahí.
Alfonso aproximou-se.
- Anahí, você não precisa...
- Quer dizer que não foram forjadas? - perguntou Maite, perplexa. - Você saiu nua da casa de Alfonso e ... - Ela olhou para os dois. - Meu Deus, vocês são amantes? - indagou, incrédula. ¹²³
Os olhos de Anahí se encontraram com os de Alfonso.
- Tudo bem, querido. Sim, Maite, nós somos amantes. *-*
Maite abriu um belo sorriso. Deu um tapa nas costas do primo.
- E você nem me contou, seu danado! Não posso acreditar! Que maravilha! É perfeito! Bem, juro que não planejei nada. Mas também não posso dizer que estou achando ruim.
- Nem eu - adicionou Anahí.
- E então, Alfonso, o que você fará?
Alfonso olhou para a prima, depois para Anahí. O que viu em seus olhos confrangeu o coração. Ela estava preocupada com ele, e não consigo. E então Alfonso entendeu que não havia alternativa.- Farei o que ele quer - respondeu, com naturalidade.
- E o que Rodrigo quer? - perguntou Anahí.
- Uma entrevista exclusiva com Alfonso, fotografias dele, da casa e tudo o mais.
- E se Alfonso disser não?
- Ele publica as suas fotos no jornal.
- Maite, passe-me o número do telefone de Rodrigo Ruiz.
– Está no envelope, mas ele não estará na cidade até a semana que vem, pois foi fazer uma reportagem fora. Rodrigo falou que lhe daria um tempo para pensar.
- Mas é tão perto do casamento - disse Anahí, pálida, - E se ele decide publicar a matéria bem no dia?
- Não sei o que aquele doente tem em mente.
- Esse é o grande problema - disse Alfonso -, nunca se sabe o que Rodrigo irá aprontar.
Caminhou até Anahí e tirou-lhe o envelope das mãos. Ela o segurou com firmeza, impedindo-o.
- Alfonso, você não precisa fazer isso - disse ela.
- Sim, eu preciso. - Alfonso puxou o envelope.
- Mas seu pior pesadelo se tornará realidade – disse ela - E fui eu quem causou tudo isso. Você me advertiu, mas não acreditei em suas palavras. Não vou permitir que se sujeite a uma coisa dessas.
- Não é você que está deixando, a escolha foi minha, Anahí.
- Ah, Alfonso, por que...
- Porque eu te amo!
Ela quisera dizer: "Por que isso tem de acontecer justo agora?", mas ficou contente por ter sido interrompida. Com um sorriso triste, ficou na ponta dos pés e abraçou-o.
- Ah, Alfonso, eu também te amo.
Ficaram se olhando por um longo momento.
- Que tal eu deixá-los sozinhos um pouco? Anahí vou até a sua casa. As meninas podem me mostrar os vestidos.
Nenhum dos dois escutou Maite saindo. Quando Alfonso a beijou, ela entregou-se ao homem amado. E da maneira como ele queria. Era um beijo promissor junto com um pouco de arrependimento devido à situação.
- Quero lidar com o assunto sozinha, Alfonso. Eu preciso...
- Não entendo por que, Anahí. Isso está acontecendo a você por minha causa. Rodrigo e eu temos uma longa história. Sei como enfrentar pessoas desse tipo.
- Então está na hora de eu aprender também.
Alfonso desviou o olhar, começando a irritar-se com a insistência dela. Anahí segurou-lhe o queixo, obrigando-o a encará-la.
- Você não percebe? A vida inteira tive alguém para cuidar de mim e me proteger. O grande motivo por eu ter me mudado para cá foi à busca da liberdade, junto com a responsabilidade de lidar com meus próprios problemas. E isso é um problema meu, Alfonso.
- Não, querida, é aí que você se engana. O que afeta você afeta a mim. É um problema nosso.
- Está bem, assim eu aceito. Então nós devemos resolvê-lo juntos.
- Anahí ...
- Não me venha com desculpas. Sei o que estou fazendo. Posso lidar com Rodrigo Ruiz. Não tenho medo dele ou daquelas fotografias.
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Vizinhos Íntimos
RomanceUm homem solitário. Uma mulher sensual. Uma história de amor e sedução... Arredio, Alfonso Herrera fazia questão absoluta de se manter isolado e não tolerava que invadissem sua privacidade. Mas, de repente, viu-se cercado de mulheres! As gracio...