Capítulo 32

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A excitação dele era evidente, e a mulher dentro de Anahí queria dar tudo o que tinha a oferecer, retribuir o prazer que Alfonso lhe proporcionara. Apertou-o mais contra si, encorajando-o.

Era do que Alfonso precisava. Puxou-lhe os quadris.
E então ela gritou:
-Ai!

- Ai?!

- Sim, ai!

Alfonso arregalou os olhos e ficou a encará-la.
- O que eu fiz?

- Nada. Fui eu quem fez. - Anahí passou a mão na nádega dolorida, abotoando o vestido ao mesmo tempo. Então virou-se para Alfonso. - Você sabe algo sobre farpas?

Parecia que tinham jogado um balde de água fria em Alfonso. Ele deu um passo para trás e passou a mão pelos cabelos, descrente.
- Farpas?

- Sim, farpas. Você já teve uma cravada na pele?

- Você se esqueceu que eu sou marceneiro? Já tive muitas. Qual é o problema?

- Eu tenho uma.

- O quê? Uma farpa?

-Sim.

- Onde?

- Aqui - disse ela, mostrando o traseiro.

- Você está brincando comigo. - Alfonso ria.

- Eu gostaria de estar. '

- Como foi conseguir...

Anahí movimentou a cabeça na direção do lago.

- Ah, meu Deus! A jangada. Desculpe-me, Anahí...

- Não foi culpa sua.

- Mas eu deveria ter tomado mais cuidado. A madeira estava... Bem, é que eu não conseguia pensar direito ontem...

- Nem eu.

Os olhares se encontraram, enchendo o ambiente de paixão.
Alfonso clareou a garganta.
- Posso... Isto é, há algo que eu possa fazer para ajudá-la?

- Sim, pode tirá-la para mim.

- Você quer dizer...

- Eu não posso pedir para mais ninguém.

- E sua mãe?

- Como explicar? Não, muito obrigada.

- É, melhor não.

Anahí brincou com a gola da camisa de Alfonso.
- E então; você me faria esse grande favor?

- É claro - afirmou, não sabendo se conseguiria tirar a farpa de Anahí sem possuí-la. - Conte até dez e mantenha-se firme.

Ela já estava de costas.

- Vamos dar uma olhada.

Anahí ergueu o vestido e abaixou a calcinha. Alfonso ficou em silêncio enquanto examinava-lhe a pele. Ao sentir o dedo dele no local dolorido, Anahí olhou para trás.
- Que tal?

- Hum...

- Muito fundo?

-Sim.

- Será que consegue tirá-la?

- Acho que consigo. Venha até a mesa. Vou buscar a pinça e um pouco de álcool.

Anahí obedeceu enquanto Alfonso desaparecia no banheiro. Voltou logo em seguida, com uma caixa de primeiros socorros.

- Incline-se, por favor...

Anahí arregalou os olhos ao ver o tamanho da pinça.
- Não gosto disso.

- Se a farpa não sair, pode infeccionar. E então, o que você fará?

A ideia de ir a um médico e ter de explicar como conseguira aquela façanha foi argumento suficiente para que Anahí o obedecesse.
- Está bem, Alfonso. - Inclinou-se sobre a mesa. - Mas seja cuidadoso, por favor.

Ele foi. Muito. Anahí sentiu apenas uma leve fisgada e depois o gelado do álcool. Então, a mão acariciando a pele antes de colocar a calcinha no lugar. Ela endireitou-se e ficou de costas para Alfonso.

- Anahí - murmurou ele, abraçando-a -, eu te quero tanto...

- Ah, Alfonso...

Eles não escutaram o som de passos na varanda, nem perceberam que havia alguém à porta até que alguém tossiu de leve.


Papai! - Como duas crianças pegas em flagrante, eles se afastaram.

- Desculpe-me, filha, mas sua mãe me pediu para vir procurá-la. Pode deixar, direi que você está ocupada.

- Não! Está tudo bem. Irei em um minuto.

- Fique à vontade - disse Enrique, descendo as escadas depressa.

Alfonso soltou a respiração.
- Não sei quem ficou mais envergonhado: ele ou nós.

- Minha mãe não para de controlar a minha vida. Eu não aguento mais!

- Você já é uma mulher adulta, Anahí, não precisa mais dar satisfações para a sua mãe.

- Sim, eu sei. Estou tentando resolver esse problema.

Alfonso abraçou-a.
- E eu estava pronto para lhe mostrar a casa toda.

- Sua casa?

- Sim, entre outras coisas.

Um sorriso formou-se nos lábios dela.
- Lá em cima também? 

Anahí encontrou os olhos de Alfonso e percebeu como ele estava perturbado.
- Fica para outra hora, Alfonso.

Ele soltou-a e deu um passo para trás.

- Droga, eu nem falei o verdadeiro motivo da minha visita! .

- Havia outro?

- Sim - respondeu ela, enrubescendo.

- E qual é?

Anahí mordeu o lábio.
- Hoje encontrei uma pessoa que se disse seu amigo. Mas, como ele não sabia nada sobre Wilbur, eu fiquei em dúvida.

- Quem é?

- Apresentou-se como Rodrigo Ruiz, um jornalista. É bem famoso, pois minha mãe o reconheceu na hora. Você o conhece?

-Sim.

Anahí sorriu, um pouco mais aliviada.
- Ele disse que vocês se conheceram muito tempo atrás. E que compartilharam de muitas coisas.

- A minha mulher, por exemplo.

- Sua mulher?!

Alfonso sentou-se no banco, pegou o pedaço de madeira que deixara de lado e recomeçou a lixá-lo.
- Quando saí do hospital, encontrei-o morando na minha casa com a minha mulher. Parece-me que Cláudia sentiu-se um tanto solitária e precisava de companhia.

- Que horror! Você deve detestá-lo. - Anahí manteve para si a opinião sobre a ex-mulher de Alfonso.

- Foi há muito tempo. Não tenho nenhum sentimento por Rodrigo. Só queria que ele me deixasse em paz. - Alfonso a encarou. - Você falou com ele?

- Sim. E minha mãe também. Ela comentou que a festa do casamento de Maite e Guido será realizada aqui. E na certa a notícia sairá no jornal.

- Bem, pelo menos não será uma mentira.

- Você decidiu aceitar?

- Sim, decidi.

- Ah, Alfonso!

- Anahí, eu já lhe disse qual é a minha posição sobre o assunto. Fique contente apenas por eu ter permitido que a festa seja realizada aqui.

- Bem, já é um grande passo.

- Muito maior do que você imagina.

- E tem mais. Ele tirou fotografias de nós.

- Quer dizer que você vai aparecer nos jornais?

- Você não está bravo comigo?

- E por que deveria estar? Se não fosse você, Rodrigo encontraria outra pessoa para fornecer-lhe informações. Todo ano é assim. Você terá de lidar com isso bem mais do que eu.

- O que quer dizer?

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