Achei que a recepção seria na casa nova que eles compraram.
- É muito pequena. Eles precisam de um jardim maior. - Ela analisou o espaço que dividia as duas casas.
Alfonso também olhou para o gramado. Demorou alguns segundos para perceber aonde Anahí queria chegar.
- Ah, não- Por que, Alfonso? - Levantou-se da cadeira. - Maite é sua prima.
- Por isso mesmo. Maite sabe que eu não aceitaria.
- Ela precisa de você. Quando precisou de Maite, esteve sempre pronta, não é?
- Sim, mas uma coisa não tem nada a ver com a outra.
- É lógico que tem!
- Anahí...
- Eu sei. Desculpe-me, não tenho nada a ver com isso. Você tem razão. Estou metendo o nariz onde não sou chamada. Sei como você se sente em relação à sua privacidade. Mais do que qualquer pessoa. Mas será que, dessa vez, não pode ceder um pouco?
- Cem pessoas no meu gramado já é demais, Anahí.
- Você não terá de fazer nada.
- Nem estar aqui?
Anahí calou-se. Não tinha pensado nisso. Um casamento ali, sem a presença do proprietário...
- Aonde você iria?
- Embora.
- Para onde?
- Faz diferença?
"Sim, para mim faz."
Nesse instante, Anahí percebeu o quanto a presença dele no casamento era importante. Queria tê-lo a seu lado. Era um evento que queria dividir com Alfonso. Comer, beber, conversar e até dançar com ele. A ideia a fascinou.
- Sim, faz toda a diferença.
O que Alfonso viu nos olhos dela o preocupou. Percebeu que Anahí tinha a intenção de aprofundar o simples relacionamento amigável entre vizinhos. Seu coração disparou de novo. Virou-se e encostou no pilar.
- Pois não deveria.
- É, mas para mim faz, Alfonso. - Anahí caminhou até ele e forçou-o a encará-la. - Já está na hora.
- Na hora?
- De você sair da toca.
- É, você andou mesmo conversando com Maite.
- Sim, e acho que sua prima está coberta de razão. Até mesmo a mulher do pastor, a Sra. Thompson, tocou no seu nome hoje.
- O que ela disse?
- Incumbiu-me de tentar levá-lo aos sermões dominicais.
Alfonso arregalou os olhos.. Nem pensar. De jeito nenhum. Fora de cogitação. Esqueça.Você não pode continuar a viver assim, Alfonso.
- E por que não? Já ocorreu a qualquer uma de vocês que eu possa gostar do meu estilo de vida? - Ele começou a caminhar na frente de Anahí. - E o que há de errado com ele? Estou incomodando alguém?
- Não...
- Então, qual é o problema? Por que é tão importante que eu me reintegre ao mundo? O que há de tão maravilhoso lá fora?
Anahí chegou mais perto. Alfonso se afastou.
- É onde as pessoas estão, Alfonso. É onde eu estou. Você não pode fugir de nós para sempre.
- Posso tentar, pelo menos.
- Você também pode tentar mudar.
- Dê-me um bom motivo.
"Estou atraída por você. Quero fazer parte da sua vida e que você faça parte da minha".
Anahí não era corajosa o suficiente para dizer o que estava pensando, mas havia outras maneiras de fazê-lo compreender. Tinha de haver.
Deu mais um passo na direção de Alfonso, só que dessa vez ele ficou sem espaço para fugir, pois a parede o impediu.
- Maite convidou minhas filhas para ser damas de honra. Elas ficarão muitíssimo desapontadas se você não estiver presente.
- Isso é chantagem.
- Pode ser, mas é verdade.
- Anahí, sinto muito, mas o desapontamento das meninas não é suficiente para me fazer mudar de ideia.
- Então, faça ... - Ela queria dizer "por mim", mas pensou melhor. - Faça, pois é a coisa certa a fazer. E porque eu estou lhe pedindo.
- Não peça - disse Alfonso, esforçando-se para manter a distância entre os dois.
Anahí tocou-lhe o peito. A pele era quente sob o fino algodão da camiseta. Acariciou-o. O corpo de Alfonso era forte e musculoso.
- Eu estou pedindo, Alfonso.
Ele colocou a mão sobre a dela, de modo a impedi-la de continuar, mas seus dedos não o obedeceram. Entrelaçou-os nos de Anahí e paralisou o movimento circular que o enlouquecia.
- Anahí... Não faça isso.Fazer o quê? Pedir? - Ela ergueu a outra mão. - Ou tocá-lo? - Seu coração batia, excitado. Analisou os olhos verdes e viu sua vontade espelhada neles. - Eu sempre quis, você sabe. Desde o primeiro dia em que nos vimos. Aqui, nesta varanda. Você se lembra?
- Sim... Eu me lembro.
Ela ergueu o rosto, e Alfonso acariciou a pele macia com os nós dos dedos. Anahí estava enrubescida e seus olhos azuis brilhavam. Por Deus, como queria beijá-la, experimentar o sabor daquela boca que lhe estava sendo oferecida! Satisfazer uma fantasia, criar um sonho. Seria a oitava maravilha, enquanto durasse. O horror seria o depois.
"Não comece algo que nunca poderá ter um final feliz", advertiu-se ele. Mas Anahí estava tão perto... E Alfonso tão necessitado de escutar seu lado racional recordá-lo de todos os motivos contrários quando tudo estava a favor.
Suas mãos chegaram à cintura dela num piscar de olhos. Seu corpo todo se encheu de desejo assim que Anahí se aproximou. Ao sentir os mamilos rígidos roçar-lhe o peito, Alfonso a puxou com firmeza. E ela permitiu.
"Está certo, Anahí, se é isso o que você quer, terá."
Talvez fosse o melhor a fazer. Tinha certeza de que no instante em que a beijasse, no momento em que demonstrasse o tamanho de seu desejo, Anahí fugiria correndo. Era melhor terminar com tudo logo. Melhor assustá-la agora, para ficar em paz, sozinho.
Alfonso tocou os cabelos dela. Anahí entreabriu os lábios e as respirações se fundiram.
- Anahí ...
"Beije-a. Vá em frente. Ela voltará correndo para o chalé e nunca mais aparecerá. E você ficará a salvo. Vá em frente. Beije-a. Beije-a e veja o que acontece ... "Impaciente, Anahí colocou-se na ponta dos pés para diminuir a distância entre ambos. Roçou seus lábios nos de Alfonso no convite mais sensual que já fizera a um homem.
O que estava acontecendo? De onde vinha toda aquela paixão? Ela não sabia, não se importava. Estava começando a perceber a força de seu desejo só agora. Não conseguia se controlar. Queria senti-lo, tocá-lo... Seu corpo sendo tocado em lugares que não eram acariciados havia muito.
"Beije-me".
Anahí teve seu desejo realizado. Alfonso tomou seus lábios num beijo de tirar o fôlego. Sua língua brincava devagar com a boca de Anahí, explorando e tocando cada parte que ela tinha a oferecer. Os olhos azuis se fecharam, e um suave torpor tomou conta de seu corpo. Agarrou a camiseta de Alfonso, precisando de algo para se firmar.
Anahí separou ainda mais os lábios e pressionou-se contra Alfonso, deixando-o num beco sem saída entre seu corpo e a parede. O vestido de algodão não oferecia nenhuma proteção contra toda aquela masculinidade. Anahí se roçava em Alfonso como um gato, abraçando-o, adorando a sensação, o aroma viril.
Lágrimas se formaram em seus olhos. Não pensara que fosse estar nos braços de um homem outra vez, experimentando tantas sensações. Queria dizer-lhe de alguma forma o quanto aquele beijo significava, como ainda estava viva, como ainda era uma mulher.
Anahí tentou lhe acariciar o rosto. Mas, antes que conseguisse tocá-lo, Alfonso segurou-lhe o pulso e impediu-a, antes de permitir qualquer contato com a cicatriz. A princípio, Anahí não percebeu o que aconteceu, mas, quando se separaram, viu o medo presente nos olhos de Alfonso.
Meneou a cabeça, querendo dizer um não. Alfonso observou a confusão que se formava na cabeça dela. Mesmo no furor do desejo não conseguia se esquecer das cicatrizes. Elas sempre estariam ali. Em algum momento, Anahí se lembraria e sairia correndo. Era irracional, mas não conseguia evitar o pensamento. O medo estava encravado de tal forma em sua psique, que já fazia parte de seu ser. Em sua mente, o fato era irrefutável: no momento em que ela tocasse as cicatrizes, sairia correndo para nunca mais voltar.
Mas não era isso o que ele queria? Que ela partisse?
"Sim ... e não."
Alfonso trouxe a mão de Anahí até seus lábios e beijou-lhe a palma, colocando-a, em seguida, no lugar onde estivera antes, em seu peito. Soltou-a, dando-lhe a oportunidade de ir embora, de colocar um ponto final nessa loucura. Mas ela não se mexeu; continuou a fitá-lo como uma alma perdida que acabara de ser abandonada. Mas era Alfonso quem estava perdido...
Pegando-a pela cintura, virou-a de modo a deixá-la contra a parede. Olhou-a bem dentro dos olhos enquanto suas mãos percorriam aquele corpo maravilhoso. Anahí gemeu ao ser tocada nos seios. Seus mamilos intumesceram no ato. Fechou os olhos e deixou-se levar pelas inúmeras sensações que as mãos dele lhe proporcionavam.
Era demais para Alfonso. Beijou-a com sofreguidão, e Anahí correspondeu com a mesma intensidade. Desejo, necessidade e vontade o atacavam com uma força gigantesca. Os lábios de Anahí eram tão macios, tão quentes e tentadores... Ele escutava todos os sons da noite ecoando em seu ouvido, amplificados pelo sangue correndo rápido por suas veias. O perfume da noite e o dela se misturavam, enlevando-o.
Mas era o sabor de Anahí que o levava a um lugar ímpar, onde viviam a luz e a beleza, onde a paixão ditava as regras e a esperança prevalecia. Um lugar onde Alfonso jamais estivera antes e de onde não queria partir...
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Vizinhos Íntimos
RomanceUm homem solitário. Uma mulher sensual. Uma história de amor e sedução... Arredio, Alfonso Herrera fazia questão absoluta de se manter isolado e não tolerava que invadissem sua privacidade. Mas, de repente, viu-se cercado de mulheres! As gracio...