Part 42

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M.

Tinhamos acabado de deixar minha mãe no aeroporto, foi difícil ter que me despedir dela depois de ter passado tantos dias bons ao seu lado, ter me acostumado a acordar e vê-la mexendo na cozinha ou algo do tipo, receber seus abraços e beijos de bom dia. Mas ela tinha uma vida para seguir, e eu compreendia.

Me sentei no sofá com uma bolinha macia na mão direita, a qual a minha fisioterapeuta tinha me dado. Era uns dos exercícios passado por ela desde que comecei com a fisioterapia. Nesses dois últimos dias eu voltei a assistir minhas aulas, apenas no trabalho ainda estava afastada por mais uma semana.

-O que está fazendo? -perguntou Carina saindo do banheiro com as calças abertas.

- Vou terminar de ver minha série. Quer ver comigo? -perguntei já entrando na netflix em minha conta.

- Não, tenho que terminar um trabalho. Qualquer coisa estou no quarto esta bem?

- Ta bom, amor. -sorri selando nossos lábios. Depois de pegar um copo de suco de melancia,a italiana passou por mim me mandando um beijinho.

Consegui assistir apenas um episódio completo, e segui para o quarto que divido com a minha noiva. Encontrei ela toda fofa sentada na cama com as pernas dobradas concentrada no laptop em sua frente. Quando me deitei ao lado da cama vazia, a mesma ergueu a cabeça me olhando e sorriu.

- O que foi? Esta com dor? -neguei ajeitando meu short.

- Só quero ficar aqui com vocês. -sorri me inclinando para beijar sua coxa exposta.

Trocamos um breve beijo antes de Carina voltar a sua atenção para o seu trabalho. Me arrastei mais até ficar perto dela, e abraçar sua cintura passando meu dedão em seu ventre, até que eu comecei a chorar baixinho incapaz de segurar minhas lágrimas. Eu queria ser uma boa mãe para o meu filho. Queria que fossemos uma família, que ele sempre tivesse as suas duas mães por perto, debaixo da mesma casa o ensinando os valores da vida.

-Ei, o que foi meu amor? -com cuidado a mais velha retirou meu braço de sua cintura. -Fala comigo.

A mesma se deitou ao meu lado, passou carinhosamente sua mão sobre meu rosto secando minhas lágrimas.

-Você realmente acha que vou ser uma boa mãe pro nosso bebê?

-Claro que sim amor. Porque esta me perguntando isso hum? -beijou a pontinha do meu nariz. Nossas mãos foram entrelaçadas em cima de sua barriga fazendo um sorrisinho surgir em meus lábios.

- Só tenho medo de falhar com ele entende? De não saber lidar com as suas emoções, ou de não estar presente quando ele mais precisar de mim.

-Colocando em conta que você sempre foi uma boa amiga, uma boa filha. Tenho certeza absoluta que será uma ótima mãe. Uma mãe babona, que sempre irá fazer as vontades dela, ou dele. Estou até vendo que irá sobrar para mim o papel de mãe chata.

- Com certeza. -ri. -mas irei te apoiar no que for necessário.

Ficamos ali abraçadas em silêncio. Eu sabia que minha noiva queria me perguntar mais coisas, mas ela era tão especial que respeitava o meu espaço. E era por isso que decidi finalmente compartilhar com alguém a causa do meu acidente, nada melhor que minha melhor amiga, noiva, mãe do meu filho.

-Amor? -chamei baixinho com o rosto escondido em seu pescoço.

- Sim?!

-Eu vi o meu pai em Bewtt. -disse por fim retirando um enorme peso de minhas costas.

Carina se afastou procurando por meu rosto, ela não escondia seu espanto por tais palavras proferidas por mim. Nesses anos de amizade a morena nunca chegou a ver o rosto do meu pai, que ainda era o mesmo desde que partirmos quando eu tinha nove anos de país em país, até pararmos em Miami. Depois de quase onze anos pude encontrar aquele que me causou as piores dores possíveis.

I love my best friend | Marina Onde histórias criam vida. Descubra agora