Chapter Ten

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Heloísa.

Samantha era realmente uma pessoa tranquila de lidar e eu meio que estava gostando de estar perto dela, nós não conversávamos muito porque eu não queria dar tanta abertura, mas confesso que às vezes tinha vontade de puxar qualquer assunto apenas para ouvi-la falar. A voz e a forme de falar me faziam sentir alguma coisa dentro de mim que eu ainda não sabia explicar e talvez nem quisesse, com medo desse sentimento ou sensação se perder quando eu conseguir dar um significado.

Eu estava na cozinha ajudando a Cida a picar algumas verduras quando a Samantha apareceu. Brincou comigo, me fazendo dar um sorriso de canto. Continuei picando as coisas e aproveitei para saber de seus planos para a tarde, descobri a profissão dela e me permiti conversar um pouco.

- Eu já fotografei o Elliot Page para uma campanha. - Ela me disse e eu já sabia que meus olhos estavam brilhando, eu o adorava - Você gosta dele?

- Muito... - Respondi - Ele foi incrível em The Umbrella Academy.

- Eu concordo.

Sorriu e antes que uma das duas pudesse falar mais alguma coisa ouvi a campanhia tocar. Percebi o estranhamento de Samantha.

- Eu vou atender.

Me levantei e fui rapidamente. Ao abrir a porta encontrei um rapaz elegante e alto, ao seu lado no chão estava uma mochila. Foi a minha vez de estranhar.

- Olá? - Falei, o rapaz na minha frente pegou sua mochila e tentou dar um passo em minha frente sem dizer uma única palavra. O impedi - Ei, o que pensa que está fazendo?

- Entrando na casa da minha noiva? - Falou como se fosse algo obvio - Vamos, sai da minha frente.

Ele tentou mais uma vez entrar, eu já estava começando a perder a paciência.

- Eu não posso te deixar entrar, cara! - Falei firme e coloquei minha mão mais uma vez para impedi-lo.

- Que porra é essa? Eu sou o noivo da Samantha! - Falou alto comigo e a informação fez meu estomago dar uma embrulhada, mas mesmo assim eu continuei impedindo-o de entrar - Chama ela que você vai confirmar.

Antes de eu pensar ou tentar fazer alguma coisa, Samantha parou ao meu lado. Pela sua voz e sua cara, ela não sabia que ele viria.

- Matheus? - Perguntou, seu rosto não demonstrava nenhuma felicidade em vê-lo.

- Surpresa... - Disse dando um sorriso amarelo.

Samantha não teve outra opção a não ser deixa-lo entrar. Foram para o quarto e eu fiquei na sala me sentindo incomodada. Eu estava assim por saber que ela tinha alguém? Será que no meu intimo eu acreditei sem saber que eu teria alguma chance com essa mulher?

Subi as escadas e passei pela a porta de Samantha, parei e aproximei meu ouvido, meu estomago revirou dentro de mim ao ouvir certos barulhos. Fui para o quarto que eu estava ficando e coloquei meu celular para carregar. Eu tinha trocado algumas mensagens com a K1 e recebido algumas fotos das minhas plantas, o que acabou me arrancando alguns sorrisos.

Antes de sair do quarto alguma coisa me disse para pegar a minha arma, e quando eu estava no exército, eu aprendi que não deveria ignorar a minha intuição e foi justamente o que eu fiz. Coloquei o meu coldre na perna e coloquei meu revolver calibre 38.

Saí do quarto e fui para fora da casa, caminhei até ficar próxima a piscina e me deixei observar o jardim que tinha logo a frente. Era tão bem cuidado e cheio de cores, me dava vontade de ficar o dia todo ali, apenas contemplando a beleza.

Eu estava presa em alguns pensamentos chatos até Samantha pegar toda a minha atenção. Ela me pediu para chama-la apenas por seu nome e eu assenti, quando o assunto morreu eu decidi confirmar o que eu já sabia, que ele era alguma coisa séria dela.

- Eu sei que não é da minha conta, mas ele é seu namorado? - Olhei para a mulher incrível ao meu lado.

- Noivo... - Ela me olhou - Ele é meu noivo.

Eu apenas concordei com a cabeça, lutei com mim mesma para conter a chateação que já sentia crescendo dentro de mim. Eu não tinha o direito e não podia sentir isso, eu estava em trabalho e quando ele acabasse, eu nunca mais a veria a não ser em algum site ou revista, e pensar nisso me incomodou.

Samantha decidiu ir para a cozinha e eu a acompanhei, ela se serviu um copo de água e eu fiquei a observando, íris com íris ela retribuía meu olhar. Eu juro que senti algo surgindo entre nós duas, até o Matheus entrar na cozinha quebrando qualquer coisa. Ele disse que estava a procurando e aproveitou para perguntar sobre o suposto guarda-costas dela, pelo visto ela não tinha comentado que era uma mulher.

- Eu pensava que o seu guarda-costas seria um homem, Samantha, não uma mina. - Matheus disse alheio a minha presença, os anos como guarda-costas me ensinaram também a esconder com facilidade qualquer reação ou sentimento.

- Tem algum problema, senhor? - Perguntei com a voz firme.

- Não, claro que não, é só que não estou muito acostumado com mulheres fazendo esse tipo de trabalho, porque convenhamos, esse trabalho é mais para homens... - A cada palavra eu sentia vontade de socar a cara dele - Porque pode ser perigoso, precisar de força bruta e mais alguma outra coisa que por ser homem fazendo, é mais fácil.

Samantha o olhava indignada, quando percebi que ela ia dizer alguma coisa, fui mais rápida.

- Qualquer profissão que você estudar e se esforçar será fácil, não é questão de ser homem. - Eu disse de uma forma calma, mas firme ao mesmo tempo - Eu sou mulher, mas isso nunca me impediu e nunca vai me impedir de fazer o que eu quiser e ter o emprego que eu quiser, tanto que eu servi o exército por seis anos, fui para alguns campos de batalha, perdi muitos rapazes e mulheres que se tornaram meus amigos com o tempo, eu trabalhei duro no exército antes de trabalhar como guarda-costas. - Eu consigo reconhecer com facilidade quando uma pessoa está morrendo de vergonha e é o caso dele - E mais, senhor, força não me falta.

- Me desculpe... - Pediu quase com que o rabo entre as pernas, me fazendo querer rir.

Após isso Samantha perguntou se ele podia a acompanhar até o quarto, ele aceitou e os dois foram, sumindo das minhas vistas segundos depois. Permaneci na cozinha por quase uma hora até que decidi ir para o quarto, passando pela a porta da Samantha ouvi algumas vozes alteradas, nada que me indicasse que ela estava em perigo, mas de certa forma decidi ficar atenta. Fui até meu quarto e peguei meu celular, olhei as notificações e tinha três mensagens não lidas da K1.

Desbloqueei ele para responder as mensagens quando ouvi mais gritos, meu instinto me alertou que Samantha estaria em perigo. Saí do quarto às pressas, colocando meu celular no bolso e puxando a minha arma.

Empurrei a porta com tudo e a primeira coisa que vi foi ele segurando a Samantha pelo o cabelo e que ele já tinha batido nela. Meu peito doeu e meu sangue ferveu.

- Solta a Samantha agora! - Gritei observando tudo e tentando pensar em uma solução urgente, eu estava com meu revolver apontado para o peito dele - Ou eu vou atirar.

- Você não teria coragem, mocinha. - Ele deu uma risada e logo abraçou a Samantha por trás, colocando-a em sua frente, como se ela o protegesse de alguma coisa.

- Eu não estou brincando, solta ela agora!

Dei dois passos com cuidado entrando no quarto, a minha mira estava apontada para os dois. Samantha me encarava com terror nos olhos e se dependesse de mim, ela nunca me olharia assim.

- Você vai atirar em mim correndo o risco de acertar a Samantha? - Ele perguntou e eu olhei com cuidado.

Em sua mente, ele estava seguro com o corpo dela na frente do seu, mas o que ele não tinha se atentado é sobre a diferença de tamanho dos dois. Não falei nada e nem pensei muito, apenas apertei o gatilho, disparando dois tiros certeiros. Samantha fechou os olhos e foi empurrada para frente pelo o Matheus que no mesmo segundo já estava se colidindo ao chão.

A mulher na minha frente quase se desequilibrou, mas eu usei meu corpo para não deixar isso acontecer. Ela abriu seus olhos e eu deixei transparecer a minha preocupação, não estava mais ligando pra isso.

- Você está bem? - Perguntei baixinho, ela fez que sim com a cabeça. Não acreditei.

Mas concordei com a cabeça porque tinha outra coisa para fazer no momento, a soltei com delicadeza e andei até ele com a arma ainda apontada. Matheus estava com os olhos fechados e gemia de dor.

- Olha para mim, covarde. - Falei firme e dei um chute em sua perna.

Eu tinha atirado em sua perna e braço, apenas para impossibita-lo de se mover por um tempo. Era dolorido para um caralho. Ele abriu seus olhos e me encarou com pavor, o ódio que eu estava sentindo no momento era gigante.

- Você acha que é tranquilo bater em mulher, não é? - Dei outro chute com força - Eu vou te mostrar como é bom fazer isso.

Guardei a arma e me abaixei, o segurei pela a gola da camiseta e desferi três socos em seu rosto. Eu queria espanca-lo até pedir pare, mas, eu não podia, eu não saberia se conseguiria parar se continuasse batendo. Soltei sua gola, deixando-o cair no chão, Matheus quase nem mais se mexia. Tirei meu celular do bolso, liguei para a polícia e expliquei toda a situação, assim que desliguei, fiz uma ligação para a ambulância. Ele seria detido, mas primeiro teria que passar no médico, por conta dos dois tiros que levou.

20h38.

Samantha estava abalada com tudo o que aconteceu e permaneceu na sua todo o caminho de ida para a delegacia e de volta para a sua casa. No meio dele eu a convenci de ligar para a sua mãe, já que sua foto saindo da delegacia já estava em vários sites de fofoca.

A Presidente quis voltar para o Brasil, mas Samantha não permitiu.

Samantha estava na cozinha acompanhada de Cida, que tinha feito um lanche para a mesma comer. Eu tinha saído a alguns minutos para fazer a ronda na área a ao lado da casa, mas não demorou muito para eu voltar. Entrei pela a porta.

- Samantha? - Chamei.

- Oi? - Ela me olhou.

- Você está bem? Precisa de alguma coisa? - Me aproximei dela e sentei na cadeira ao lado - Pode me pedir qualquer coisa.

Embora Matheus esteja no hospital e não tenha a possibilidade alguma de aparecer aqui, ele deixou a Samantha com medo e apavorada e com medo.

- Você pode dormir comigo? - Ela me perguntou, por um segundo eu quis negar, mas era meu trabalho estar ao lado, só que não era apenas isso, eu não queria ficar distante - Eu não quero ficar sozinha.

Eu acenei com a cabeça concordando com o pedido dela.

- Claro que posso.

Samantha soltou um suspiro de alivio e eu senti uma vontade quase que incontrolável de abraça-la. Mas me limitei em apenas colocar minha mão sob a dela, em um gesto de apoio.

- Estou aqui com você, ok? - Falei docemente, ela me olhou com ternura e eu senti meu coração derreter de tão aquecido que ficou - Não precisa ficar com medo.

- Obrigada, Heloísa.

- Pode me chamar de Lica... - Falei, ela me encarou um tanto espantada.

- Sério? - Perguntou.

- Sim... - Sorri, pela primeira vez - É o meu apelido desde que eu me entendo por gente.

- Então obrigada, Lica. - Disse docemente meu apelido.

Sua boca disse meu apelido como se fosse acostumado desde sempre, caiu tão bem com a voz dela, meu coração já batia descontrolado. O efeito que ela tinha em mim já estava quase me descontrolando e eu não sou de ferro.

Me aproximei com calma da mulher em minha frente, ela percebeu e ao invés de se afastar ou me afastar, se aproximou junto comigo. Quando percebi de fato o que iria fazer, meu rosto já estava a centímetros do dela, eu conseguia sentir a sua respiração se misturando com a minha e para acabar com qualquer resquício de sanidade em mim, ela molhou os lábios.

E eu fui, me entreguei a vontade e envolvi seus lábios em um beijo a princípio calmo. Suas mãos envolveram meu pescoço e eu me aproximei mais, deixando meu corpo o mais colado no dela possível. Nossas línguas ditavam um balé perfeito e minhas mãos apertaram sua cintura, por debaixo do pano fino que a vestia.

Samantha se sentou em meu colo e intensificou o beijo, abracei seu corpo ajudando-a nesse trabalho.

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Aqui vemos que a Lica já está completamente gamada na Samantha, mal sabe que a menina tá do mesmo jeito por ela.. HAHAHAHAHAHA

Será que no próximo tem um hot das duas?

A Guarda-CostasOnde histórias criam vida. Descubra agora