Chapter Twenty-Two

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Algo dentro de mim me gritava, batia na minha cara dizendo que eu estava me apaixonando pela minha guarda-costas e ficar sozinha com ela, longe de todo mundo, mesmo que fosse para escapar de quem está querendo infernizar minha vida, seria o suficiente para eu me entregar de vez nisso.
 
Voltei a colocar algumas peças de roupas dentro de uma mala e em determinado momento, Lica segurou minhas mãos rindo, a encarei confusa.
 
– Já tem roupa o suficiente aqui.
 
Olhei pra mala e era meio que impossível não concordar, suspirei e perdi alguns minutos escolhendo com calma as que eu levaria. Peguei alguns de meus vestidos soltinhos e frescos, alguns shorts curtos e blusas também frescas.
 
– Agora só falta pegar as minhas lingeries.
 
Comentei despretensiosa e antes que eu pudesse fazer isso o que tinha dito, ela me envolveu pela a cintura com as mãos frias e me puxou, colando nossos corpos. Aproximou seu rosto do meu e deu um sorriso safado, aquele que faz as minhas pernas tremerem e uma queda d’água surgir do meio de minhas pernas.
 
– Eu acho que você não vai precisar muito disso, sabe? – Falou baixinho.
 
Senti meu corpo se arrepiar por inteiro e logo seus lábios estavam nos meus, em um beijo quente e molhado. Retribuí com vontade, mas tentando me segurar no pouco bom senso que eu ainda tinha quando se trata dessa mulher. Se eu não fizesse isso, eu a jogaria na cama e sentaria na sua cara agora.
 
Quebrei o beijo e ela me soltou dos seus braços, deu alguns passos para trás e se sentou na cama. Ri e coloquei alguns pares de lingerie, junto com meus produtos de higiene básicos, perfumes e creme de passar na pele. Antes de fechar a mala tive uma ideia.
 
– O que você acha da gente se divertir um pouco enquanto estivermos lá? – Perguntei e ela respondeu que acha interessante.
 
Dei um sorriso e abri a última gaveta do guarda-roupa, peguei uma caixa preta média e a guardei dentro da mala. Lica me perguntou o que era duas vezes, eu disse que não contaria e que ela só saberia quando fosse à hora.
 
– Mala pronta... – Falei e me sentei ao seu lado.
 
Ela me olhou e sorriu, concordando com a cabeça.
 
– Você está bem com isso? – Me perguntou e pegou minha mão.
 
– Sei lá, Lica... – Fui sincera – Por mais que eu  topei fugir para essa cabana e aceitei que é para o meu bem, é meio inevitável não me sentir triste ou ficar chateada. Eu queria ficar aqui, do lado de minha mãe e principalmente, eu queria que nada disso tivesse acontecendo.
– Vamos pensar em algo positivo... – Esperei pelo o que ela ia dizer – Eles rapidamente vão encontrar quem está fazendo isso tudo e a sua vida vai voltar ao normal. Seja você não correr mais perigo, não precisar fugir pra se salvar, não precisar de alguém te vigiando vinte e quatro por dia e podendo sei lá, voltar pra sua vida lá em Canadá.
 
– Você falando faz tudo parecer tão fácil.
 
Ela soltou minhas mãos e se levantou da cama, caminhou até a porta e abriu, mas antes de sair me olhou.
 
– No final, Samantha, tudo vai ficar bem e não vai demorar tanto.
 
Concordei com a cabeça, a vi sair do quarto e a porta fechar.
 
– Ela tá certa, não vai demorar muito e eu vou voltar a viver minha vida, não vou precisar mais fugir, não vou correr mais nenhum perigo e não vou precisar de alguém me vigiando vinte e quatro horas por dia... – Repeti algumas coisas que ela tinha me dito, me atentando a última – Não vou precisar de alguém me vigiando vinte e quatro horas por dia.
 
A ficha caiu que quando tudo voltasse ao normal, ela iria embora. Senti um incômodo surgir dentro do meu peito e pensar em não tê-la em vida depois que isso tudo acabasse, era um pouco desesperador porque eu não queria isso.
 
Me levantei da cama e sai do quarto, fui até o quarto do lado que era de minha guarda-costas e a encontrei arrumando as suas coisas. Ela percebeu minha presença e me olhou, entrei no quarto e me aproximei.
 
– Aconteceu alguma coisa? – Perguntou e parou de organizar suas coisas para me dar atenção.
 
– Eu não quero isso, Lica.
 
– Não quer o que? – Confusa.
 
– Eu não quero que você vá embora depois da minha vida voltar ao normal.
 
Ela abriu a boca pra dizer alguma coisa, mas não fez. Me aproximei mais um pouco, até estarmos praticamente coladas.
 
– Eu sei que você não quer isso e eu também não quero, mas é necessário... – Ela começou – É necessário pra você se acostumar com a liberdade de novo e eu quero que você tenha isso.
 
Doeu, não vou dizer que não. Ela encontrou minhas mãos e a seguraram.
 
– Eu não vou estar mais trabalhando pra você ou pra sua mãe, mas eu estarei por perto, Samantha. – Olhei seu rosto e vi sinceridade – Pra tomar uma cerveja no sofá da sala, sair pra comer alguma coisa, conversar sobre amenidades tomando café da manhã após passarmos a madrugada toda acordadas e até sei lá, se você quiser me levar pra conhecer Canadá, sua casa, seu quarto e sua cama.
 
Acabei sorrindo da forma que ela disse e concordei com a cabeça, eu faria isso tudo o que ela citou e esperava que houvesse outras mil coisas para fazermos.
 
– Pra qualquer coisa, eu prometo a você.
 
– Mesmo?
 
– Claro que sim... – Ela abriu um sorriso preguiçoso.
 
Abracei seu pescoço e senti suas mãos encontrando minha cintura. Beijei sua boca com calma e com afeto, da forma que eu queria que ela entendesse o que eu estava sentindo. Quando nossos lábios se encontraram pela a segunda vez, eu me esqueci das pessoas que estavam com a gente nessa casa e na hipótese que eles poderiam ver.
 
Escutamos alguém tossindo e Lica soltou meus lábios no susto, se afastando o máximo de mim, me virei assustada e encontrei a minha mãe parada na porta com os braços cruzados, não soube decifrar a sua cara no momento.
 
– É bom quando as minhas suspeitas são confirmadas... – Falou e entrou no quarto, fechando a porta em seguida – Desde quando? – Perguntou e olhou para Heloísa, como se quisesse que ela respondesse.
 
– Tem uns quatro dias, senhora.
 
– Ricardo sabe? – Minha mãe perguntou.
 
– Não, senhora.
 
– Mãe, se não fosse esse descuido ridículo que eu tive com a porta nem você saberia.
 
Ela deu uma risada e se sentou na cama. Observou nós duas por um tempo.
 
– Filha, você sabe que eu não me intrometo em seus relacionamentos, apenas quando vejo que você esteja se destruindo ao longo dele... – Dei um sorriso, me lembrando de quando ela disse que não seria bom eu me relacionar com Matheus – O que eu quero dizer, Samantha, é que se vocês duas estão afim de ficarem juntas, seja da forma que for, vocês tem todo o meu apoio e não precisam me esconder nada.
 
Dei outro sorriso, minha mãe era essa pessoa incrível que estava conversando com nos duas. Olhei rapidamente pra Lica e a vi mais calma. Minha mãe se levantou da cama e deixou um beijo em minha bochecha e foi em direção a porta, antes de sair se virou para nós duas e disse.
 
– E sabe, hora que eu cheguei aqui e coloquei meus olhos em vocês duas eu já soube que estava rolando alguma coisa além do convívio por trabalho ou precisão. – Abriu um sorriso – Eu faço muito gosto disso que está acontecendo porque sei que você, Heloísa, vai cuidar muito bem da minha menina.
 
Lica apenas concordou com a cabeça e assistimos juntas minha mãe sair do quarto e a porta fechar.
 
– Eu pensei que ia infartar... – Lica disse se sentando na cama – Meu Deus.
 
– Não foi só você que se sentiu assim não... – Ri e me sentei ao seu lado, apoiando meu corpo ao seu.
 
– Eu não esperava essa reação, de verdade.
 
Dei um sorriso e olhei pra ela.
 
– Eu esperava... – Segurei sua mão – Minha mãe é uma mulher incrível e ela não iria se opor contra isso.
 
Ela sorriu e me deu um beijo na testa. Se levantou e foi terminar de organizar o que tinha trazido, quando terminou ela me olhou e coçou a nuca.
 
– Eu preciso ir no meu apartamento, por mais que eu tenha algumas roupas aqui, elas são pesadas, pretas e eu não vou conseguir me sentir bem usando-as lá. – Falou e suspirou pesadamente.
 
– É, eu concordo contigo... – Falei e sorri – Nós podemos ir assim que sairmos daqui, o que você acha?
 
Ela me encarou por alguns segundos e depois concordou comigo. Falou que seria melhor desse jeito, porque ela não queria e não podia ficar longe de mim nem por um segundo. Lica pegou sua mala e depois foi até meu quarto e pegou a minha, descemos para a sala onde encontramos minha mãe, os seus seguranças e Ricardo.
 
– As malas estão prontas... – Heloísa falou e colocou-as ao chão – Pensei se eu poderia separar algumas facas e alguns utensílios de cozinha.
 
Encarei minha guarda-costas e minha mãe disse que poderia. Ela concordou com a cabeça e foi em direção a cozinha, fiz a mesma coisa. Lica procurou alguma caixa e acabou encontrando duas de madeira, daquelas que você guarda verduras e legumes. Pegou apenas uma e a colocou em cima do balcão.
 
– Você pode pegar aqueles jornais que tem no armário próximo da escada? – Ela me perguntou e eu concordei.
 
Fui até lá e peguei os jornais, tinham muitos e por isso, peguei quase que a metade. Voltei para a cozinha e deixei os jornais em cima do balcão.
 
Lica tinha pego quatro pratos, quatro copos, algumas panelas, talheres e todas as facas grandes e bem afiadas da casa. Ela embrulhou cada uma dos utensílios de cozinha em folha de jornais e também as panelas.
 
– Você não acha melhor pegar um pouco de comida também? – Perguntei e ela me olhou.
 
– O namorado do Ricardo vai ir lá deixar comida pra gente amanhã. – Respondeu e eu dei de ombros.
 
– Quanto mais comida melhor, Lica.
 
Ela balançou a cabeça rindo.
 
– Então pergunta pra sua mãe se podemos levar um pouco.
 
Concordei com a cabeça e fiz o que ela pediu, fui até minha mãe e perguntou se poderíamos levar um pouco das comidas. Ela disse que sim e então voltei feliz para a cozinha. Avisei a Lica que tirou a caixa com os utensílios de cima do balcão e colocou-a no chão, foi até a outra caixa e a pegou, colocou ela em cima do balcão no mesmo lugar que estava a outra.
 
Foi até a geladeira e abriu.
 
– O que você quer levar? – Perguntou.
 
– Deixa eu ver...
 
Fui até o lado dela em frente a geladeira aberta e olhei as opções.
 
– Nós podemos fazer uma tábua de frios, o que acha? – Olhei pra ela que concordou – Então pega os queijos, palmito, o salame se você come carne, as frutas, verduras e as longs de cerveja.
 
Enquanto ela pegava as coisas, me afastei um pouco, abri os armários e peguei as duas caixas de cereais, caixas de leite e um pão artesanal que nem eu e nem Lica tínhamos visto aqui antes. Colocamos tudo na caixa vazia e organizamos de uma forma que tudo ficasse guardado bem na caixa.
 
Minha mãe entrou pela a cozinha sorrindo, olhou as caixas e me abraçou de lado.
 
– Então está tudo pronto? – Ela perguntou.
 
– Quase tudo, só precisamos conversar sobre como vamos sair daqui... – Lica falou – Porque não sabemos se tem alguém vigiando aqui.
 
Minha mãe pensou por alguns segundos e pediu que nós a acompanhássemos. Saímos pra fora da casa e ela apontou para o outro lado da área. Lica cerrou os olhos.
 
– Vocês podem passar por aquele portão, a única pessoa que o usa é o jardineiro... – Disse – O carro passa perfeitamente por essa grama e vocês conseguirão sair sem serem vistas, pois os muros aqui de casa são altos.
Lica ficou calada por alguns segundos e depois concordou em fazer isso.
 
– Mãe? – A chamei e ela me olhou – Você pode pedir pra algum dos seus seguranças ir comprar algumas câmeras de segurança? Daquelas que não necessite de wifi e que tenha uma imagem boa e som.
 
– Porque você quer isso, Samantha? – Ela perguntou.
 
– Pra segurança... – Suspirei – Ela vai gravar vinte e quatro horas por dia e se chegar acontecer alguma coisa com nós duas, vocês saberão.
 
– Não vai acontecer nada com vocês. – Ela disse séria – Mas eu vou pedir para o Ricardo ir comprar.
 
Eu ia concordar com isso, mas Lica não aceitou.
 
– Não, senhora... – Minha mãe a encarou sem entender – É melhor que o Ricardo não saiba da existência dessas câmeras, eu posso estar louca ou errada, mas aquela história de me tirar do trabalho foi muito estranho, como se ele soubesse o que aconteceria lá.
 
– Eu não tinha pensado nisso, você acha que é capaz, Heloísa? – Manuela perguntou.
 
– Nós não podemos confiar em ninguém, senhora.
 
Ela concordou e chamou um de seus seguranças, era um rapaz de mais de 1,90. Ele escutou com atenção o que eu pedi e foi atrás. Ficamos alguns minutos conversando na área próxima a piscina e Ricardo apareceu. Não sabíamos, mas ele tinha saído.
 
– Eu fui verificar os voos para o Canadá nas últimas 24 horas e acabei descobrindo que Matheus não embarcou em nenhum deles e também não tem nenhuma passagem de avião compra com esse nome para as próximas 48 horas...
 
Nós três ficamos caladas, se ele mentiu nisso, ele mentiu em todo o resto, não que eu me espante com isso. Ricardo se despediu de nós duas e disse que iria pegar quem está fazendo isso. Alguns minutos dele ir embora, o segurança de minha mãe chegou com as câmeras. Me explicou o que eu precisava saber e Lica disse que iria me ajudar a montar.
 
Entramos para dentro de casa para colocar as coisas no carro e minha mãe pediu que os seus seguranças faça isso.
 
– Acabei de me lembrar, eu tenho um vinho muito bom guardado na adega do meu escritório, vocês querem levá-lo? – Perguntou e continuou – Vocês precisam comemora que estão vivas.
 
– Não preci... – Lica ia falando e eu a interrompi.
 
– Sim, mãe, por favor.
 
Ela riu e saiu para buscar. Lica revirou os olhos, mas acabou rindo.
 
– Um vinho cai muito bem com tábua de frios, eu que não sou doida em recusar.
 
Empurrei seu ombro rindo e Lica me puxou pela cintura. Deixou um beijo em minha testa e eu aproveitei para abraçá-la. Alguns segundos depois minha mãe volta com o vinho em mãos e me entrega.
 
– Esse é um dos que eu mais gosto e você, Samantha, sabe como sou chata com vinhos... – Ela disse rindo e eu concordei – Ele é um Don Melchor Cabernet Sauvignon, safra de 2017.
 
Lica disse um “uau” silencioso me fazendo rir.
 
– Obrigada, senhora, mas eu não tenho nem roupa pra tomar isso.
 
Lica disse sorrindo sem graça e eu sei que foi serio, mas não ia perder a oportunidade, mesmo que estivéssemos na frente de minha mãe, ela não iria se importar e Lica por mais que ficasse envergonhada, também não se importaria.
 
– Isso não é problema algum... – Comecei, puxando a atenção de minha mãe e de Lica – A gente toma ele sem roupa mesmo.
 
Lica ficou vermelha e me encarou com uma cara de indignação, já minha mãe soltou uma gargalhada e ainda disse “a melhor forma de se tomar um vinho é assim, viu?”. Depois de brincarmos, colocamos essa garrafa no porta malas junto com o resto de nossas coisas e fomos nos despedir de minha mãe. Os seus seguranças estavam na rua em frente a minha casa e também na rua em que sairíamos pelo portão. Um deles já tinham aberto o portão e só estavam esperando a gente sair para fechar.
 
– Vão com cuidado e por favor, se cuidem... – Pediu enquanto me abraçava com força algumas vezes, retribuí todas porque não sabia quando a veria de novo – Não deixa de se alimentar, toma um pouco de sol todos os dias, toma muita água e não deixa de se cuidar.
 
Ri com os pedidos e prometi que me cuidaria, pedi que ela fizesse o mesmo e que não ficasse pensando em mim o tempo todo pra não ficar preocupada, porque eu estaria bem.
 
– E você, Heloísa, se cuida e continua protegendo e cuidando bem da minha filha, ok? – Pediu enquanto apertava as mãos da mulher que mexia com meus sentimentos – Ela é a coisa mais importante no mundo pra mim.
 
– Eu vou cuidar e proteger a sua filha com a minha própria vida se for preciso, senhora.
 
Isso me amedrontava. Eu não queria que ela colocasse sua vida em risco pela a minha, mas eu não tinha essa escolha, infelizmente.
 
Assim que entramos no carro, Heloísa colocou o cinto e pediu para que eu colocasse também, assim o fiz e o carro deu partida. Quando passamos pelo o portão e conseguimos enxergar a rua, meu coração acelerou e eu sabia que agora era apenas nós duas por sabe se lá quando.
 
– Eu vou passar no meu apartamento, ok? – Fiz que sim com a cabeça – Só que eu quero te falar uma coisa...
 
– O que? – A olhei.
 
Ela observava com cuidado a rua e eu sei que estava alerta, observando se não estávamos sendo seguidas.
 
– Eu estava ficando com uma pessoa antes de começar a trabalhar pra você e da gente se envolver, só que ela ficou cuidando do meu apartamento porque eu tenho umas plantas na varanda e eu quero que você saiba disso antes de chegarmos lá, porque eu não quero que existe mentiras ou coisas omitidas entre nós... – Dei um sorriso.
 
– E eu tinha um noivo antes... – Ela riu – Ela sabe da gente?
 
– Eu ia conversar com ela hoje, ia ligar pra ela e explicar tudo, mas o que aconteceu não permitiu nem que eu pegasse meu celular. – Deu um sorriso amarelo – Mas eu não vou deixar de falar.
 
– Era algo sério? – Perguntei.
 
– Não, tanto que ela fica com um rapaz também. – Abri a boca chocada – Ela chegou até propor um menage, mas eu não gosto de homem e por isso não aceitei.
 
Dei uma risada e concordei com a cabeça. Ela mudou de assunto e ligou o som, a playlist que passava era eu quem tinha escolhido e por isso, eu sabia cantar todas as músicas. Alguns minutos depois estávamos chegando em seu apartamento, ela abriu o portão e entrou com o carro na garagem gigante. Colocou-o em sua vaga e disse que seria rápido.
 
Saímos do carro, ela abriu o porta-malas e pegou sua mala. Fomos até o elevador e entramos, poucos segundos já estávamos em seu andar. Ela destrancou a porta e abriu, me dando passagem pra entrar.
 
Tinha uma música baixa tocando pelo o apartamento e ela entrou atrás de mim. Ia dizer alguma coisa quando escutamos uma voz vindo do quarto e quando olhei para o lado, vi uma mulher incrivelmente bela saindo de um cômodo. Ela me encarou um pouco chocada e deu um sorriso receptivo, cumprimentou nós duas e olhou para a mala.
 
– Aconteceu alguma coisa, Lica? – Perguntou e virou pra mim – Você deve ser a moça pra quem ela está trabalhando, né? Prazer, Katarine.
 
– Samantha e o prazer é todo meu.
 
Lica ficou olhando nossa interação por alguns segundos e só então falou alguma coisa.
 
– Teve gente querendo dar um fim ma gente essa madrugada e por isso vamos ficar um tempo fora. – Foi o que ela disse, a moça abriu a boca chocada – Eu posso conversar contigo enquanto coloco algumas roupas na mala?
 
– Claro...
 
Lica se virou pra mim antes de ir para o quarto com a moça e disse.
 
– Eu já volto, fica a vontade.
 
Concordei com a cabeça e me sentei no sofá, bem confortável por sinal. A porta do quarto se fechou e lá sozinha na sala eu fiquei por quase dez minutos. Nesse meio tempo vi que ela tinha alguns porta retratos em uma estante toda em branco, me levantei e vi foto da Lica com Ricardo, com um senhor que era praticamente a sua cara e por isso acredito que seja seu pai, uma com a Tina e outro porta retrato com uma mulher de cabelos loiros e bonita. Parei de olhar e me sentei de novo no sofá. Eu pensei que quando abrisse a porta e elas saíssem de lá, as coisas ficariam estranhas, mas não aconteceu nada disso.
 
Lica saiu com a moça do quarto e as duas estavam rindo.
 
– Eu não te agradeci ainda, K1, mas obrigadão pela a força que você tá dando em ficar de olho aqui e por cuidar das minhas plantas.
 
Ela foi até suas plantas e olhou uma por uma, sorrindo abertamente.
 
– Depois você me paga um engradado de cerveja e tá tudo certo.
 
Lica riu e disse que faria isso. Nos despedimos e saímos de seu apartamento. O caminho até seu carro foi feito em silêncio. Ela colocou sua mala ao lado da minha e entramos no carro.
 
– Pronta? – Me perguntou.
 
– Sim.
 
– Então vamos lá...
 
Ela disse sorrindo e deu partida do carro, fazendo o caminho até a saída do seu prédio. Era agora ou agora, não tinha mais volta e eu estava torcendo pra que tudo fique bem o mais rápido possível.

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Espero que tenham gostado do capítulo.

E eu vou começar a usar foto das duas em Malhação porque as minhas fotos das duas em As Five estão acabando...

Beijos.

A Guarda-CostasOnde histórias criam vida. Descubra agora