Alguns contos.

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Quando falta energia e luz para restabelecer suas esperanças, comumente, a dor da partida é a melhor forma de se ver livre das amarras que lhe machucam.

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Inspirou fundo o ar salgado que invade suas narinas ao fazê-lo. Da soleira da porta, observou com carinho o homem de seus sonhos voltar com a rede coberta de peixes, arrastando pela areia e sujando seus pés com ela. Esperou que ele colocasse os peixes no pequeno barco, e quando o fez, correu de encontro ao homem, sem se importar de estar imersa ao cheiro forte de frutos do mar.

Por aqueles dias, a cada manhã a felicidade lhe sonda da janelinha de madeira do quarto dele, sorrindo-lhe ao desejar um bom dia, duas vezes, o segundo vinha regado aos beijos, ora carinhosos, ora apaixonados, sem se importar se já estava de manhã, ou se quando chegasse em casa, seria recebida com os resmungos de seu irmão. Ao acordar daquela maneira, era vencida pelos beijos caminhando em passos curtos por toda a extensão de suas curvas voluptuosas, e ao terminar os momentos intensos de amor, — fortes demais para se enganar e achar que fossem irrealistas — os dois voltavam a dormir, e acordar da mesma maneira era difícil, pois diminuía qualquer vontade que tinha de sair da cama. Mas naquele dia insistiu para que fizessem algo diferente, então vestiu uma saia longa com estampa do mar, e o aguardou voltar de sua pesca, para só então aproveitar mais os momentos juntos.

— Eu estou fedendo a peixe — Disse envergonhado — O que quer fazer? Vou tomar um banho e-

Com os lábios macios, Hinata o calou, puxando-o para mais perto para lhe mostrar que de nada se importava em sentir o cheiro de peixe.

— Vamos entrar na água, e deitar na areia, debaixo de uma árvore.

Não contrariou, sequer poderia fazer isso. Então ao deixar a pesca abundante para outro cuidar, Naruto pegou sua mão e correram em direção à areia morna, enchendo seus dedos dos pés com ela, e ao chegar próximo a brisa mais intensa, a água gelada entrou em contato com seus pés, fazendo Hinata soltar um ínfimo gritinho, sendo prontamente acolhida pelos braços fortes.

— Não vale entrar se não for mergulhar.

Ela lhe deu a língua e se soltou de suas mãos, correndo sozinha em direção ao horizonte, molhando toda a roupa até a água chegar em sua cintura, aos poucos afundando até mergulhar e nadar nas águas abundantes, junto aos peixes que lá estavam.

Se pudesse gritar naquele instante, gritaria para que todos soubessem que estava feliz, e que nunca em toda sua vida esteve tão feliz quanto naquele momento, nadando e sentindo ele atrás de si, lhe acompanhando na dança das águas ao redor das algas e peixinhos coloridos. Queria e desejava muito que seu irmão estivesse igual, e estava ansiosa para saber como tem sido os encontros sozinhos dele com a flor mais linda da primavera. Não tem tido tanto tempo para sentar e conversar com Sasuke. Propositalmente, deixa que Naruto ocupe todas as suas horas, e já sem esperança de que vão voltar para casa, ela se aprofundou de cabeça na relação entre os dois, aproveitando cada mísero segundo que tem juntos, sem se perder em meio a preocupações, já esquecidas para focar em sua completa e imensa alegria.

Sentiu sua coxa ser agarrada e erguida para cima, quando abriu os olhos, piscou algumas vezes para se livrar da água salgada, dando de cara com os olhos de cor azul egípcio, encarando-a com um sorriso gostoso que se assemelha ao sol, o lindo e esplendoroso sol resplandecente. Não resistiu ao puxá-lo para um beijo quente e doce, misturando o gosto de sal com o doce dos lábios dele. Circulou suas pernas na cintura de Naruto, e ao interromper o beijo, fechou os olhos e inspirou fundo aquele pedaço de realidade, sua realidade, aquela da qual não queria se livrar nunca.

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