irresistível.

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"Irá pagar pelo que fez hoje. É uma promessa."

Sua cabeça rodava a ameaça explícita sempre que fechava os olhos para tentar dormir. Não adiantava, o dia havia sido longo e por mais que estivesse cansado e com dor de cabeça, simplesmente não conseguia dormir, não conseguia interromper a onda de pensamentos que surgiu, fazendo seu cérebro se mover como um carro em alta velocidade.

Quando saiu da casa de Kizashi, não falou uma única palavra para os três que o esperavam. Apenas seguiu andando na frente, sem dizer nada. Em algum momento, Naruto já não estava mais com eles, não havia prestado atenção em quando ele foi embora, só entrou em seu quarto e ficou, não tendo paciência para conversar com sua irmã que provavelmente necessitava de sua atenção, ou com Sakura, que também estava calada o caminho inteiro. Não faz ideia de a quanto tempo está rolando na cama, quando pensa que o sono estava perto de lhe abraçar, a voz de Kizashi alcançava seus ouvidos. — Diria que o único medo que sente, é que acaso seja preso, não consiga defender Hinata, ou até mesmo Sakura. Temia que Naruto não tivesse coragem o suficiente para fazer o que ele fez hoje caso ocorresse alguma coisa com as duas.

Poderia assumir que só chegou ao ponto de quase matar uma pessoa, porque seu cérebro ainda não aceitou totalmente que aquilo era real. No fundo ainda não aceita, mas se habitua ao lugar, para não explodir em estresse com o mistério que ronda o cenário e tudo nele. No momento, nem isso anda lhe torturando, não naquele dia, muito menos nessa madrugada em que não conseguia de forma alguma pegar no sono. Irritado e nadando em frustração, Sasuke se levantou de sua cama. Andou pelo quarto de um lado para o outro até, finalmente, decidir.

Dentro da pequena gaveta, ao lado de sua cama, havia aquilo que uma vez confundiu com fumo. Não era de fumar, no mundo real odiava o cheiro por perto, mesmo trazendo uma certa calma em seu corpo. Agora se já estava ali, algumas coisas teriam que mudar, e resolveu assumir que ao menos a erva daquele lugar, daquela época, era boa e lhe ajudava a acalmar o estresse.

Pegou o papel e o pacote, andou até seu guarda roupa, e tirou o lápis e o caderno, e vestiu duas blusas de frio. Também ajudava com a pintura, mesmo não sabendo exatamente o que iria pintar. Saiu de seu quarto devagar para não acordar às duas, ou ao menos, não acordar Hinata, pois ao que podia ver, Sakura também sofria com a insônia.

— Por que não está dormindo? — Perguntou ao vê-la sentada na mesa, apoiando sua cabeça nas duas mãos.

Ao ouvir a voz de Sasuke,  se sobressaltou, arrumando sua postura e se virando para encará-lo.

— Eu... tive um pesadelo. Não consigo dormir.

O som dos grilos voltou a tomar o ambiente devido ao silêncio dos dois. Mesmo escuro, com apenas a luz da lua iluminando a pequena sala, Sakura encarou o caderno e lápis em uma de suas mãos, e na outra, o pequeno pacote. Decidido a não dizer nada, devido a sua falta de paciência, Sasuke se pôs a andar até a porta, não dando mais que um rápido olhar na direção dela.

A voz doce e incerta, quase inaudível, lhe fez parar no lugar, se virando aos poucos, encarando-a por cima dos ombros.

— Onde.. onde vai?

Não demorou muito para responder, quase no mesmo tom.

— Praia. Vá dormir. — Abriu a porta, deixando que o ar gelado entrasse, arrepiando sua pele no mesmo segundo antes de pisar o pé para fora.

O clima ainda era frio e chuvoso, da mesma forma que estava naquela manhã, antes de tudo acontecer. Não se importa em sentar na areia molhada, ou sentir alguns pingos de água em seu rosto, devido as ondas altas e turbulentas. O que não queria definitivamente era deixar seus pensamentos lhe torturarem, não só a ameaça, todos eles alí, todas as decisões que deviam ser tomadas ou não. Simplesmente não queria pensar!  Não demorou muito para chegar na praia, barulhenta e solitária, da forma que queria para seus pensamentos poderem gritar, junto com as ondas do mar, talvez se no final de algum desenho o sono já não lhe invadisse, como um louco proclamado teria coragem de nadar nas águas furiosas, só para sentir o vento salgado mais de perto, junto da água morna em seus pés.

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