Capítulo 1 - Primeiro dia

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Sabe quando você passa a noite inteira na cama, buscando e rezando para o sono chegar? Pois é, essa sou eu. Tudo que eu desejava, era dormir e não conseguia de jeito nenhum. Tentei assistir à televisão, mudei de posição várias e várias vezes, fiquei até com a cabeça pendurada para o lado de fora da cama, na intenção de fazer o sangue descer e quem sabe assim desmaiar e, nada.

A única coisa que eu queria era chegar ao meu novo trabalho e entrar com o pé direito. Dessa vez, eu não seria apenas uma estagiária, eu seria Sara Bittencourt, analista de negócios com investidores da grande, reconhecida e internacional empresa de Publicidade e Propaganda — Wilson Group Corporation.

Há dois meses, eu havia me formado em Administração e trabalhar em uma empresa como essa, sempre foi um sonho. Foram muitos estágios, choros e dedicação até conseguir uma oportunidade. A Wilson Group Corporation é uma grande empresa americana do mercado publicitário que está no Brasil há dez anos. Conhecida pelas excelentes estratégias de marketing, por fidelizar seus clientes e principalmente por tornar seus colaboradores bons naquilo que fazem.

Fiquei pensando e refletindo sobre como seria minha vida de agora em diante e, sem perceber, me perdi no meu país das maravilhas, caindo em um sono profundo e relaxante.

Acordei assustada com barulho de pássaros cantando e com o coração acelerado, olhei ao redor e vi meu celular vibrando em cima da mesinha de cabeceira. Despertador. Ainda zonza do susto, peguei para ver a hora e quase enfartei, 7h. Pulei da cama desesperada e não percebi que um dos meus pés estava preso no edredom, levando-me de encontro ao chão.

— Eita, porra! — Levantei-me tirando os fios embolados do rosto, pulando igual Saci-Pererê e correndo direto para o banheiro.

Arrumei-me em meia hora. Coloquei minha saia lápis preta que eu havia comprado especialmente para o meu primeiro dia, uma blusa branca de seda e um scarpin preto que eu adorava. Deixei meu cabelo solto e fiz uma maquiagem leve focada em cobrir as olheiras profundas que a noite passada havia me presenteado. Caprichei no rímel, na intenção de deixar meu olhar mais aberto e finalizei com um pouco de blush e hidratante labial. Sempre gostei da cor natural da minha boca, um vermelho delicado e, por isso, eu quase não usava batom.

Parei em frente ao grande espelho no meu quarto e dei de cara com uma mulher bem-vestida, segura e decidida. Gostei do que vi e me senti ainda mais animada e ansiosa.

Peguei minha bolsa, uma maçã e as chaves do Banguela. — Ah... Pareço louca, mas não sou. Sabe aquele desenho, Como Treinar o Seu Dragão? — Pois é, meu carro foi batizado com o nome do dragão pela minha querida irmã caçula.

Eram 8h10, eu estava a vinte minutos de distância enfrentando o trânsito caótico do centro do Rio de Janeiro. Os minutos passavam e com eles, meu desespero. Tentei relaxar mexendo meu corpo ao som de "Single Ladies de Beyoncé" que tocava pelos alto-falantes do carro. Cheguei à recepção da empresa às 9h, me sentindo um cachorrinho com sede e com metade da língua para fora. Entreguei minha identidade para a recepcionista, ainda esbaforida.

Enquanto ela verificava todas as informações no seu sistema, aproveitei para admirar o edifício todo espelhado pela segunda vez — a primeira foi no dia da minha admissão. A decoração interna era dividida nas cores preta e marrom, de uma elegância de cair o queixo. Meus olhos varriam o ambiente, encantados, quando a recepcionista me chamou entregando o crachá e devolvendo minha identidade, avisando que eu estava autorizada a subir e deveria ir direto para o segundo andar.

Chegando ao meu destino, as portas se abriram com a visão de uma bela mulher nos seus trinta e poucos anos, com o cabelo preso em um coque bem-feito, batom vermelho, um vestido preto tubinho e com olhos castanhos amigáveis, esperando. Na hora senti uma coisa boa.

Uma Perdição de CEO: Por Trás dos Seus Olhos (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora