CAPÍTULO 5

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O primeiro pensamento de Victoria ao acordar naquele porta malas foi que estavam a levando a outro lugar para matá-la.
Ela cogitou se deveria se debater e chutar, mas talvez, eles abririam o porta malas e atirariam. Então decidiu escutar e ver se conseguia ouvir alguma coisa que pudesse ser útil. A cabeça estava doendo muito. A paulada que levou foi muito forte.
"Hunter, está sentindo esse cheiro?" Uma voz sexy, meio rouca, disse. Meu Deus! Um cara com uma voz dessas, não deveria ser um bandido. Ela pensou que talvez devesse gritar e avisar que estava ali. podiam ter pegado o carro com ela dentro, aquele cara não parecia muito esperto.
"De que você está excitado? Sim, mas estou fingindo que não, você não faz o meu tipo, gosto de buceta."
A voz baixa e ameaçadora gelou a espinha de Victoria. Eram estupradores! O modo vulgar de falar, fez ela deixar de se concentrar na conversa deles, eles falavam baixo e o coração dela parecia ressoar nos seus ouvidos.
Eles continuaram falando, mas ela estava meio desnorteada e totalmente apavorada. Levar uma pancada forte na cabeça e acordar dentro de um porta malas de um carro dirigido por estupradores, estava fazendo ela quase desmaiar de novo.
E então o carro foi violentamente jogado no acostamento, e ela foi sacudida por uma parada brusca.
"Tem uma mulher nesse carro!" O da voz ameaçadora disse. O tom era de surpresa. Será que não sabiam? O barulho da trava do porta malas abrindo a encheu de energia para sair correndo, mas num segundo e duas sombras enormes ficaram a frente e ela só pode fechar os olhos e relaxar o corpo.
"Puta que pariu! Será que é um serviço extra da locadora? Se for eu sou o primeiro!" A voz baixa e ameaçadora disse. Que azar! Eles não sabiam que Victoria estava no carro, mas eram pervertidos.
"É claro que não, seu idiota! Vamos chamar a polícia. Ou melhor vamos voltar para a locadora e de lá, chamamos a polícia!"
A voz sexy disse. Victoria se sentiu aliviada. Um deles era um pervertido, mas o outro não. Pensando bem, o pervertido parecia um adolescente. Mas a voz não combinava.
"Talvez só devêssemos acordá-la, e ela segue seu rumo. Com esse corpo ela consegue uma carona rapidinho."
Victoria ficou na dúvida. Eles teriam coragem de deixá-la na estrada sozinha? Que tipo de caras eram aqueles?
"Calma, bichano, eu disse que vi primeiro. Você não sentiu ela aí? Eu estou de porre, e meu olfato não está bom, mas você não bebeu, por que não a sentiu?" Olfato? Do que estavam falando? Victoria resolveu continuar fingindo, ela estava cada vez com mais medo deles.
"Eu senti, mas não poderia imaginar que uma mulher estava desacordada no porta malas desse carro"
"Eu ainda estou meio grogue, então demorei a perceber que haviam quatro corações batendo no carro. Sem falar que o coração de Silent é muito barulhento."
A conversa estava ficando cada vez mais sem sentido para Victoria. Quatro corações batendo? Como assim? E como uma coisa chamada Silent poderia ser barulhenta? Mas se esse Silent tinha coração, seria uma pessoa? Ela lembrou de ter ouvido a voz sexy perguntar se Silent estava sentindo o cheiro. Seria o cheiro dela?Victoria estava totalmente confusa!
"Vamos tirá-la daí." A voz sexy falou. Imaginar que ele a tocaria, mesmo que só para tirá-la do porta malas fez ela se molhar um pouquinho, e quando ele tocou o pé dela, com cuidado e deslizou a mão pela panturrilha, Victoria viu que tinha de fugir. Mesmo na posição deitada, seu outro pé poderia atingí-lo. E foi o que fez com toda a força que tinha. Acertou-o bem na cara. Mas ele não soltou o pé dela. Apenas segurou o outro pé. Victoria então começou a se contorcer, mas ele era muito forte.
"Hunter, me ajude!" A voz outrora sexy, agora estava raivosa.
"Não, está muito divertido!" O outro cara estava rindo.
Mas Victoria não teve tempo de considerar porque ele estava rindo, pois o que segurava seus pés, lançou o corpo para dentro do porta malas, soltando seus pés e agarrando suas mãos tão rápido quanto uma batida de coração. E um segundo depois, Victoria estava diante do rosto masculino mais lindo que ela jamais viu, hipnotizada por olhos azuis intensos e impressionantes.
" Não vou te machucar, fêmea! Pare de lutar, por favor!" Ele disse. Victoria não conseguia desviar o olhar dos olhos dele. Eram quentes, ela se sentiu aquecer quando desceu o olhar para a boca de lábios cheios entreaberta. Victoria não sabia o que deu nela, mas não resistiu e colou seus lábios nos dele. Ele prontamente a invadiu com a língua e depois sugou o lábio inferior dela. Soltou sua mãos e acariciou o rosto dela com carinho. Victoria, com as mãos livres, as enfiou naquela cabeleireira ruiva sedosa de fios compridos, massageando a nuca, e descendo para os ombros largos e musculosos.
"Poxa, Flame, eu disse que seria o primeiro." O outro disse, acordando Victoria daquela loucura que ela estava fazendo. Ela o empurrou e ele não ofereceu resistência. Ele tirou o corpo de dentro do porta malas e a ajudou a sair. Victoria estava sem fôlego. Ele também estava com a respiração alterada.
"Sou Flame. Este é Hunter e somos Nova Espécie. Já ouviu falar de nós?" É claro que já tinha ouvido falar dos Novas Espécies. Mas São Francisco ficava bem longe de Homeland ou da Reserva.
Ela o olhou de cima a baixo, e ele era um cara perfeito. Alto,  mais de 1,90 com certeza, forte, cabelos de um vermelho intenso e um rosto forte e angelical ao mesmo tempo.
O outro era igualmente alto, forte e bonito, com cabelos negros e olhos azuis cristalinos, meio frios, apesar de sua postura relaxada.
"Nós alugamos esse carro para ir até a Reserva. Não podíamos imaginar que você estaria dentro. Vamos te levar de volta, não se preocupe." Ele falava com intensão de tranquilizá-la, mas a cada palavra com aquela voz sexy, Victoria ia se lembrando do beijo, das mãos dele e não sabia o que dizer.
"Talvez ela esteja em choque. Ou machucada. Você não devia ter atacado a boca dela daquele jeito, Flame." O outro, Hunter, disse.
"Foi ela que me beijou, Hunter." Sim tinha sido ela, mas ele correspondeu.
"Me desculpe." Falou se sentindo envergonhada.
"Eu estava muito assustada ali dentro, e depois..." Não tinha conseguido resistir a boca mais gostosa que já tinha entrado em seu campo de visão. Mas ela não diria isso. Deixaria para a imaginação deles.
"Qual o seu nome?" Ele perguntou. Victoria abriu a boca para responder, mas achou que fosse melhor não dizer. Ela só queria ir pra casa. Estava esgotada.
"Não tenha medo, não vamos machucá-la." Ele baixou a voz, e parecia ronronar a cada palavra. Victoria se aqueceu. Ele era todo perfeito e ainda parecia bondoso.
"Ah, cale a boca, Flame! O cheiro da excitação dela está inundando meu nariz, não quero sair dirigindo com uma ereção me atrapalhando. Vamos, moça sem nome, entre no carro, te deixaremos na sua casa."
O outro era muito nojento. Bonito, mas muito insuportável. Porém Victoria entrou no carro e qual não foi a surpresa de ver um homem enorme com a cabeça encostada no vidro da janela, dormindo profundamente, com a boca aberta.
"Este é Silent, não se preocupe em acordá-lo, ele está hibernando e só acordará amanhã." Flame disse quando ela entrou no carro.
"Hibernando?" O homem era outra maravilha da natureza. Loiro, com cabelos compridos, uma barba bem aparada e enorme.
"É brincadeira, ele é tão grande quanto um urso." Ela riu, ele era educado, inteligente e gentil.
"Não é brincadeira, pode sacudir, bater ou chutar ele, que Silent não acorda. Os filhotes já tentaram de tudo, até hoje ninguém conseguiu acordá-lo."
Victoria ficou olhando para o gigante adormecido. Ele tinha as feições quase normais, não tinha o nariz achatado nem o formato dos olhos diferentes. Se o encontrasse na rua, não saberia dizer que se tratava de um Nova Espécie.
Ela fechou os olhos. Era muito para absorver. E ainda tinha o senhor McEvans. Ela desconfiava de que ele pudesse não estar bem.
Como não tinham rodado muitos quilômetros até encontrá-la no porta malas não demoraram a deixar a rodovia e entrar na cidade.
"Qual o seu endereço?" Hunter perguntou.
"Se vocês não se importarem, eu gostaria de dar uma passada na locadora para checar o senhor MacEvans. Eu acho que ele foi assaltado.

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