CAPÍTULO 14

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Hunter pediu para o piloto sobrevoar a Reserva e Victoria, juntamente com seus pais, ficaram admirados com o tamanho do lugar. Era uma zona totalmente verde maior que muitas cidades do entorno.
"Quantas pessoas vivem aqui, menino?" A mãe de Victoria perguntou. Hunter já tinha dito várias vezes para não chamá-lo de menino, mas a mãe de Victoria era teimosa, e disse que, para ela, Hunter  era muito novinho. Como o cara charmoso que era,  Hunter apenas sorria quando ela o chamava de menino agora.
"Eu não sei, mas meu pai deve saber, ele sabe tudo, senhora Mills. Sei que há a área do complexo central, com hospital, escritórios, e a área da segurança, um estacionamento, uma sala de treinamento, que foi tomada pelos filhotes, um restaurante, um hotel, onde vocês vão ficar, aliás, a área dos trabalhadores humanos e a zona selvagem."
Victoria ficou pensando se ela e os pais iriam ficar no mesmo quarto. Ela não perderia a chance de passar um tempo com Flame. Seria doloroso quando fosse embora de qualquer jeito, então por que não aproveitar o tempo que poderiam passar juntos?
"Flame mora na área familiar?" Era estranho o fato de estar tão conectada a um homem de quem ela sabia tão pouco.
"Flame não mora aqui. Ele mora em Homeland. Eu e Silent o conhecemos no casamento de Amanda, que foi namorada dele. Ele se prontificou a voltar com Silent e eu  de carro para a Reserva.  Queria mudar de ares por um tempo. Ele está ficando na cabana que era de Harley." Hunter falou, mas depois das palavras Amanda e foi namorada, Victoria parou de prestar atenção. Então ele tinha sido namorado da tal Amanda? Meu Deus! Será que ele ficou com Victoria por estar de coração partido? Foi por isso que, de manhã, ele parecia arrependido? Ter ficado com ela, Victoria, não o fez esquecer a ex-namorada que estava se casando? Droga! Como foi se enfiar nessa confusão?
O helicóptero desceu e Victoria suspirou fundo, aliviada por pousarem. Hunter deu um salto e depois ajudou seus pais e ela a descerem. O heliporto ficava em cima do prédio do complexo, e a vista era de tirar o fôlego. Desceram por um elevador e logo estavam no estacionamento. Uma Nova Espécie alta e atlética, como todos eles, se aproximou e ajudou Hunter com a bagagem. Eles conversaram baixinho e Victoria não ouviu o que eles disseram. Hunter a apresentou:
"Victoria, senhor e senhora Mills, essa é Chimes. Ela levará vocês até o hotel. Victoria, Flame parece ter sofrido um acidente. Se você quiser ir ao hospital vê-lo, eu te mostro onde é. Eu estou indo lá agora."
"Todos estão lá! Os filhotes correndo pra lá e pra cá. Está uma bagunça e eu não tenho paciência. Então saí e vi que posso ser útil." Ela tinha uma cara de mal humorada, mas era realmente bonita com um cabelo negro liso e comprido, olhos escuros e um rosto de feições fortes, mas que combinavam entre si.
"Filha, quer que a acompanhemos ao hospital? Eu ficarei preocupada com o Flame. O que aconteceu, senhora Chimes?"A mãe dela perguntou.
Chimes ia abrir a boca quando Hunter respondeu por ela:
"Parece ter se sentido mal, muito mal. Vamos logo Victoria, quanto mais rápido chegarmos mais rápido saberemos. Chimes, muito obrigado por sua ajuda." Disse sorrindo de forma atordoante para a mulher alta. Ainda pegou uma de suas mãos e deu um beijo no dorso. Falando baixinho daquele jeito que eles usavam quando não queriam ser ouvidos. A mulher sorriu, transformando seu rosto de sério e carrancudo para uma versão mais leve e simpática.
Victoria torcia as mãos e não conseguia parar de se desesperar. Flame estava no hospital! O que teria acontecido? Pensava enquanto andava atrás de Hunter por uma infinidade de corredores.
"Hunter, quando você falava baixinho com Chimes..." Ela engoliu em seco. Não queria perguntar se ele corria risco de morte.
"Flame vai ficar bem?"
"Na verdade, Chimes tem uma quedinha por meu pai. Eu estava dizendo que iria chamá-la para jantar lá na nossa cabana qualquer dia desses."
"Hunter! Flame está mal e você se fazendo de cupido?" Ela parou. Flame deveria estar todo ligado em aparelhos, ou já até poderia...
Ela parou. Estava entrando em pânico.
Hunter segurou em suas mãos e olhou bem no fundo dos olhos dela.
"Calma, querida! Se fosse tão grave assim, meu pai já teria me ligado, ok? Fique calma, respire fundo, seu coração vai colapsar desse jeito!" Victoria respirou fundo, enchendo e esvaziando o peito bem devagar. Ela começou a pensar mais claramente e se sentiu um pouco mais calma.
"Isso! Eu sei lidar com garotas duronas, mas as choronas me deixam louco!" Ele disse sorrindo.
Ela sorriu e ele enxugou uma lágrima da bochecha dela com a ponta do dedo.
"Nós somos bem difíceis de quebrar, ok? Não se esqueça disso."
Viraram um corredor e uma criança de uns dois anos veio correndo na direção deles.
"Hunter, pega!" Um homem alto e forte que vinha correndo atrás disse e Hunter prontamente agarrou o garotinho que ficou se contorcendo nos braços dele.
"Não deixe ele te morder!" Hunter segurou o menino longe do corpo.
"Brave! Pare, olha é o Hunter! Fique quieto e te dou um pirulito." Hunter disse.
O garotinho tinha a pele negra, cabelos negros brilhantes e encaracolados e olhos escuros. Seu rostinho era de bebê, com enormes bochechas e um nariz bem pequeno e achatado. Victoria nunca tinha visto um menininho tão bonito.
"Pirulito?" Ele perguntou. Mas o pai já estava tirando-o dos braços de Hunter.
"Vamos lá, Brave! É só uma picadinha, vou te dar quantos pirulitos você quiser!" O homem era moreno com cabelos compridos amarrados na nuca. Seus olhos eram incríveis, castanhos claros, da cor de uísque.
Um outro Nova Espécie grandão apareceu. Esse tinha a pele um pouco mais bronzeada, cabelos e olhos negros. Seu rosto era diferente com feições mais delicadas.
"Brass, esse seu filhote é fogo! Se Trisha não tivesse insistido, eu nunca tentaria colher sangue desse pestinha." Ele disse
"Eu quero a mamãe!" O filhote começou a chorar. Victoria ficou com pena. Ele era grandinho, mas parecia mais novo. Onde estava a mãe dele?
"Brave? É o seu nome?" Ela perguntou se aproximando e o pegando do colo do seu pai."Sei que está com medo, por que eu também não gosto de agulhas. Mas depois você vai ganhar um monte de pirulitos, não vai ser legal?" Os braços de Victoria já estavam doendo, mesmo tendo o segurado por pouco tempo. Ele era muito pesado. O pai dele, percebendo isso o tomou de volta.
"Vamos logo, assim que terminar a mamãe já vai ter voltado." O pai disse.
"Tá!" Ele abraçou o pescoço do pai e eles e o outro viraram um corredor.
"Sabe, eu acho que não vou ter filhos. Nunca!" Hunter disse quando abriu uma porta, naquele mesmo corredor. Devia ser o quarto de Flame.

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