tres | aithne

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Sua boca sugava o sangue direto do tubo que saia da bolsa, e eu conseguia enxergar o líquido vermelho se movendo por aquilo que servia de canudo para ele

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Sua boca sugava o sangue direto do tubo que saia da bolsa, e eu conseguia enxergar o líquido vermelho se movendo por aquilo que servia de canudo para ele. Diferente de todos os vampiros que eu havia conhecido, esse a minha frente não colocou a "bebida" em uma taça. Não. Ele optou por beber direto da bolsa de sangue. Isso era um tanto quanto animalesco e selvagem para muitos, mas para mim, isso parecia ser uma visão sensual e atrativa de certa maneira. Sua garganta se movendo conforme o sangue entrava em sua boca. Seu olhar estava fora da janela, parecendo perdido em seus próprios pensamentos.

Uma gota de sangue escapou de seus lábios, escorrendo pelo lado, a cor vermelha em contraste com a pele pálida. Pareceu acontecer em câmera lenta para lenta para mim. Não sabia se era por ele estar distraído, ou algum outro motivo, mas uma pequena gota gorda escapou no lado de sua boca, descendo lentamente em linha reta e deixando um caminho escarlate por onde passava. O vampiro pareceu sair de seu desvaneio. Seu dedão coletou a gota, e deslizou por toda a estrada que ela havia feito, limpando todas as evidências de que uma vez houve sangue ali. Mas quando ele chupou o sangue do dedo, esse foi o momento em que eu engoli em seco, ainda hipnotizada por sua habilidade de fazer algo tão cruel, se tornar lascivo e erótico.

Pelos céus.

Desviei meu olhar dele, optando por observar a estrada passar rapidamente pela janela.

Sangue me incomodava. Ou melhor dizendo, depois de um tempo ele começou a incomodar. Lobisomens não precisavam beber sangue para sobreviver. Me lembrei de como meu pai sempre estava com uma taça de sangue na mão. Os seres sobrenaturais o temiam, não era comum de ser ver um híbrido, muito menos um metade bruxo e metade vampiro. Mas apesar de todas as diferenças presentes, eles eram felizes juntos. Nós éramos uma família feliz. Para todos, meu pai era um híbrido assustador, aquele que os pais contavam histórias para amedrontar os filhos. Mas para mim, ele era aquele com que eu sempre me sentiria segura, ele sempre estaria lá para proteger eu e mamãe, não importava o quanto custasse. E foi exatamente esse amor que o fez ser morto. Ter sua parceira sequestrada, para depois ser morta em sua frente foi sua ruína. Meu pai chegou perto de salvá-la, mas eles a mataram a sangue frio, diante de seus olhos, e aproveitaram sua vulnerabilidade para matá-lo também. Naquele dia não perdi apenas minha mãe, a doce mulher que estava sempre sorrindo e cuidando das alcateias, mas também perdi meu pai, meu herói de todas as histórias.

Respiro fundo, engolindo em seco pelas lembranças que me atacam. Eu estava perto de conseguir o colar de minha mãe de volta, não iria perder a cabeça justamente agora. Procurei a jóia por meses e finalmente a encontrei. Não faria nada para perdê-la de vista novamente.

O carro para novamente. Sério? Mais uma pessoa? Isso é um carro ou um ônibus?

— Teremos que ficar em um hotel pela noite. — Avisou o motorista após abaixar a janela entre nós. — As estradas estão cheias de neve e irão liberar pela manhã.

StygianOnde histórias criam vida. Descubra agora