vinte e seis | ambos

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A I T H N E

O carro se movimenta silenciosamente pela estrada.

O homem que encontramos no hotel e Kyros torturou não tinha muitas coisas a dizer. Eu perdi a oportunidade de torturar ele, infelizmente. Mas Kyros tirou algumas pequenas informações dele antes de matá-lo. Como: os caçadores estavam trabalhando para alguém maior.

Agora precisavamos descobrir quem é esse alguém maior.

Esses caçadores eram jovens, inexperientes e burros. Mas a pessoa ajudando eles, essa não era tão burra quanto eles.

Em outras circunstâncias, eu já teria achado o esconderijo principal onde esses ratos estavam enfiados e eles estariam queimados. Esse alguém maior estava complicando a situação toda e me deixando impaciente no processo.

Eu o faria se arrepender por isso.

— Como você descobriu sobre esse esconderijo? — Indago me virando para olhá-lo.

Seu perfil não poderia ser mais magnífico. Nariz reto como o de um aristocrata. Mandíbula afiada que me deixava com vontade de passar minha língua sobre aquela linha. Cabelo arrumado de uma maneira pós-sexo. E aqueles lábios cheios, muito bem beijáveis.

Meu olhar caiu para a veia pulsando em seu pescoço. Se eu me esforçasse um pouco, conseguiria ouvir seu sangue bombeando e correndo pelas veias.

Minha boca saliva com o mínimo pensamento de sangue.

A fome estava me consumindo com força nos últimos dias. O que não fazia sentido algum, já que eu me alimentei de vários humanos.

Parecia que nenhum sangue estava me satisfazendo.

— Um demônio descobriu sobre esse alojamento. Porém, — Ele me olha por um segundo. — esse esconderijo está mais para um lugar secundário, até agora não achamos o alojamento principal deles.

Suas mãos apertam o volante com força, deixando os nós dos dedos brancos.

— Se os demônios encontraram esse lugar, significa que não estão longe de encontrar o principal. Pensando pelo lado positivo, poderemos ter um pouco de diversão matando os humanos que encontrarmos aí.

Kyros resmunga em concordância.

— Alimente minha curiosidade, sobre o que você e minha avó conversaram? — Indaga ele.

Aquela conversa foi... interessante.

Eu tinha gostado de Saskia, mesmo com toda suas falas misteriosas e cheias de pistas sobre algo.

— Bem, eu gostei dela. Eu não tinha ideia de que ela me visitou quando nasci.

— Isso não é algo que acontece muitas vezes, acredite. Minha avó nunca é amigável com os outros. Junte isso com o fato de ela ser uma original, faz com que os outros fiquem amedrontados com sua presença.

— Falando sobre Saskia, ela é um tipo de vidente ou algo do tipo? — A pergunta está entalada em minha garganta desde que saímos da mansão.

Enquanto Kyros pegava um carro seu da garagem de Saskia, eu estava planejando o momento certo para perguntar isso.

Ele pensa na pergunta por um momento.

— Não sei responder isso ao certo, ela nunca respondeu quando eu a fiz a mesma pergunta. Mas em vários momentos dos anos, eu tive a impressão de que ela tinha o conhecimento de algo que eu não fazia ideia. Às vezes ela olha para os lugares, e pessoas, como se enxergasse além daquilo.

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