Stygian

trinta | aithne

A I T H N E

Caminhei pelas árvores, escutando o doce som dos galhos quebrando no chão e o vento zumbindo no ar.

Observei toda a paisagem de cima de um morro verde e íngreme. Grandes árvores cheias, pássaros voando de um lado para o outro, e o melhor de tudo, o silêncio. Olhando mais para cima, as nuvens aparentavam estar tão perto do alcance.

Respirando fundo, senti o ar gelado entrar em mim.

Eu não tive muito tempo sozinha nessas últimas semanas, então estar aqui agora era um grande alívio.

Não que eu não gostasse da presença de Kyros, Silas e Myra, muito pelo contrário. Mas desde pequena, sempre gostei de passar um tempo comigo mesma. Com meus próprios pensamentos.

Apenas... espairecendo.

Me lembrei de quando vi a pintura dos meus pais no colégio Kolthdrys. Eu não estava preparada para aquilo. Ver os dois posando para o quadro, foi como se estivesse revivendo todas as memórias antigas. E no final, quem havia ajudado-a naquele momento de crise, fora Kyros.

Aquela ligação estava presente ali, em meu interior. Eu quase conseguia sentir uma linha nos conectando mesmo de longe. Diferente das primeiras vezes que pensei sobre isso, eu estava feliz com isso. A parceria já não era algo que eu me assustava mais.

Eu queria Kyros, queria ficar com ele. Por toda eternidade se depender de mim.

Ser imortal possuía muitos pontos positivos.

— Parece que as coisas andam muito bem entre você e Kyros.

Viro minha cabeça, encontrando Silas encostado em uma das árvores.

— Porque você diz isso?

— Bem, ele estava bem mais sorridente que o normal esses dias. — Ele se aproxima. — E ele também estava quase saltitando enquanto andava.

Eu comprimi os lábios para impedir uma risada.

Kyros estava bem mais leve esses dias — pelo menos fora do quarto. Um grande orgulho me inundava quando pensava que eu era o motivo por trás disso.

— Espero que você tenha o provocado sobre isso...

— Ah, sim, com certeza.

Irritar Kyros era um jogo muito interessante.

Em silêncio, Silas se senta ao meu lado. Seu rosto virado para a vista mágica a nossa frente.

Eu conseguia ver o porquê de Myra gostar dele. Os olhos verdes aparentavam ser mais claros com a luz do dia, mas em outros momentos, se assemelhava mais a um diamante negro.

Respirei fundo, voltando a olhar para o grupo de árvores abaixo da montanha.

Com a mão direita, brinquei com meu dedo médio.

Eu estava inquieta.

Ou melhor dizendo, minha magia estava inquieta.

Eu precisava liberá-la em algum lugar antes que me subisse à cabeça e eu perdesse o controle.

Isso aconteceu uma vez, e eu acabei destruindo uma área de acres com o poder.

— Já encontrou algo sobre os caçadores? — Olho para Silas pela visão periférica.

Ele grunhe.

— Não, e é isso que não faz sentido. — Falou com a mandíbula apertada. — Eles são jovens, burros e inexperientes. Eu não entendo porque alguém com tanto poder iria querer colaborar com esse tipo de caçadores...