K Y R O S
Um empregado já havia pegado nossas bagagens, que não eram muitas.
Aithne caminhava ao meu lado com uma certa carranca. Seus olhos passavam pelas dezenas de pessoas no lobby do hotel.
Ela não era uma grande fã dos humanos.
Nem eu também de certo modo.
Mas muitos humanos consumiam em meu bar. Em diversos deles, na verdade.
Sim.
O rei do submundo era um dono de bar.
Eu possuía bares em diversos lugares do mundo. Apenas para a elite dos seres. A rede de bares Stygian era muito bem vista na sociedade. E eu mesmo criei e planejei os bares. O nome não foi por acaso, ou uma escolha despretensiosa.
Stygia era a definição de escuridão, sombrio e infernal.
E eu fiz questão de manter esse clima nos estabelecimentos. Talvez fosse esse o motivo de serem tão famosos. Ou talvez seja porque seja servido apenas bebidas de qualidade nos lugares. Mas eu sabia a real causa por Stygian ser tão popular, tanto no mundo sobrenatural, como no humano.
Em todos os bares Stygian, existia uma parte ainda mais obscura do lugar. A parte onde todos estavam conscientes sobre seres sobrenaturais. Um lugar no qual humanos se entregavam nas mãos de vampiros, deixando-os beber seu sangue, e em compensação, experimentavam o prazer que vinha com a mordida.
E também, aqueles humanos que possuíam fetiches obscuros e muitas vezes julgados pela sociedade, eles tinham um lugar em Stygian. Quartos onde eles poderiam explorar suas torções mais excêntricas, não com outro humano, mas sim com um vampiro, lobisomem, ou demônio. Os humanos não poderiam negar que a companhia de um ser sobrenatural era superior a de outro humano.
Um vampiro poderia durar o dia todo na cama, sem se cansar, ou diminuir o ritmo.
Um lobisomem, poderia te morder em lugares que fariam seu corpo tremer de prazer por minutos. E, se você tiver fetiche em algo mais bruto, eles poderiam cuidar disso.
E os demônios? Bem, esses conseguiam fazer seu corpo ferver em chamas, fazer coisas sujas e tremendamente prazerosas que a fariam implorar por mais.
Depois de um humano experimentar o frenesi que um ser sobrenatural proporciona, eu duvido que eles queiram outro de sua espécie novamente.
Esses eram os motivos de Stygian ser tão bem falado.
— O que você acha de passarmos um tempo sentados em um sofá por aqui? Sabe, vendo a movimentação...?
Aithne apenas bufa em resposta, me lançando um olhar afiado. Um sorriso malicioso cresce em meu rosto.
Ela está à beira de um surto, eu sei disso. Mas eu não consigo deixar de provocá-la.
Essa havia se tornado minha mais nova diversão.
Assistir Aithne bufar, rosnar e lançar adaga com os olhos era algo belo de se ver.
Ela se aproxima do balcão, não dando tempo para a recepcionista dizer nada. Eu olho ao redor, observando as pessoas amontoadas em grupos e conversando, mas algo que a mulher atrás do balcão diz me traz de volta.
— Temos apenas um quarto disponível no momento.
Aithne cerra os olhos para a mulher.
— Me desculpe?
— O hotel está hospedando os participantes de um evento.
A mulher diz, não se dando conta de que a loba ao meu lado está quase soltando fumaça pelos ouvidos. A recepcionista continua falando, mas seus olhos continuam voltando para mim.
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Stygian
VampireUm colar mágico, disfarces, um romance de vilões, inimigos em comum... Eu tenho um plano para seguir, um legado para cumprir. O colar perdido da família é o que preciso para ter o controle. Se eu precisar usar disfarces e me forçar a ter paciência...