trinta e quatro | aithne

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A I T H N E

Meu grito ecoou pela floresta sombria e silenciosa.

Os membros do homem que apunhalou Kyros se separaram de seu corpo. Pernas, cabeça, braços e torso, todos cortados como em um boneco de pelúcia.

O tempo havia literalmente parado.

Uma coruja que antes estava fugindo do local estava paralisada no meio do céu.

Nenhum som foi feito à minha volta.

Apenas um silêncio ensurdecedor.

Corri na direção de Kyros que estava caído no chão. Seu peito imovel. Olhos abertos olhando para nada.

Quando me ajoelhei ao seu lado e toquei em cima do lugar onde seu coração ficava, o sangue viscoso molhou minha palma. Pude sentir seu coração batendo tão lentamente... quase que lutando para continuar funcionando.

Lágrimas embaçavam minha visão e quanto mais eu piscava, mais elas escorriam por minha bochecha.

Minhas mãos estavam tremendo, manchadas com seu sangue. Um sangue tão grudento e quente. Sem vida.

Eu estava hipnotizada no lugar.

— Vamos lá — segurei seu rosto e o sangue agora manchava seu rosto pálido. — Você não pode morrer. Você não tem permissão para fazer isso.

Kyros continuou impassível. Sem mover nenhum músculo.

Por favor — murmurei com meu rosto próximo ao seu, tentando sentir sua respiração fraca. — Eu não consigo viver sem você. Não posso fazer isso. Por favor... não faça isso.

Segurando metade do seu corpo, apoio sua cabeça no meu braço.

Ele parece bem, tirando seus olhos sem vida, a pele mais pálida que o normal, e o coração que batia em um ritmo angustiante.

Acariciei sua bochecha e minhas lágrimas caíram em seu rosto.

Eu não podia perder mais ninguém. Não aguentaria passar por isso novamente. Não nessa situação estranhamente familiar. Como no sonho que tive quando conheci Kyros pela primeira vez.

O sangue manchando minha mão, o corpo caído na minha frente.

Tentei passar minha magia para ele, mas era como se eu estivesse enviando para um nada. Algo que não estava ali. Me impedindo de ajudá-lo.

Mordi meu pulso sem nenhum cuidado e o coloquei em sua boca, deixando que meu sangue caísse na garganta dele. O sangue escorreu pelo canto da boca, e nada parecia confirmar que ele bebeu um pouco.

Continuei congelada no lugar, sentindo a queimação por detrás dos meus olhos. Minha respiração entrecortada e minha boca seca e áspera. Apertei meus dentes, minha mandíbula ficando rígida enquanto eu tentava evitar que meu queixo tremesse.

— Você não pode impedir isso.

A voz vem ao meu lado, não muito longe.

Ergo minha cabeça lentamente para ver uma silhueta feminina me olhando.

Estranhamente familiar...

— Esse é o destino dele, está escrito para acontecer — sua voz era calma e tranquilizante.

Deixei a cabeça de Kyros apoiada na grama e me levantei.

O cabelo ruivo da mulher caía atrás do ombro tão reto e perfeitamente colocado. Sua pele pálida como a lua parecia brilhar ao meu ver.

StygianOnde histórias criam vida. Descubra agora