Eu gosto de longos monólogos dentro de músicas, é como se o cantor tivesse TANTO para dizer que simplesmente não conseguiu esperar que a melodia acompanhasse a letra.
Gosto de dias nublados que escondem os deuses no Olimpo e do cheiro de grama molhada, de isqueiros antigos e motos customizadas. De filmes de ficção que me deixem chocadas e livros grossos de fantasia que me façam esquecer o mundo ao meu redor.
Gosto de falar sozinha com o espelho e rir das minhas próprias piadas, ouvir punk e rock e dançar pelo quarto como se estivesse num filme grunge de qualidade questionável e roteiro escrito por artistas que morreram sem serem revelados. De tirar fotos como se pudesse prender momentos numa fração de segundos que vão durar para sempre, All Stars velhos desenhados e frases pichadas em muros, livros abertos que nos trazem de volta da rotina e pra fora da matrix.
Gosto da ideia que posso mudar o mundo, de arte de protesto e café forte com pouco açúcar, de me sentir livre, de me sentir amada, se me sentir viva.
De escrever embora seja minha maior crítica e de velocidade embora meu último acidente tenha me rendido juízo e um maxilar quebrado, de conversar com estranhos amigáveis na rua e viajar fingindo para mim mesma que nunca mais vou voltar. Delas curvas sutis do corpo humano e de percorrer elas com meus dedos, de imaginar que aquele abraço é o último para ter certeza de que, se o destino me tirar a vida sem aviso prévio, eu amei os pequenos prazeres desse mundo como se fosse a última vez. Porque quem sabe? Pode ser.
Prefiro ter poucos, porém bons amigos, me sinto ansiosa em festas e por mais que seja uma boa atriz quase sempre quero subir no telhado e fumar sozinha do que lidar com grandes multidões e jovens.
As vezes me sinto realmente velha e cercada de memórias de vidas que não vivi, de pessoas que já fui e me lembro de morrer. E isso é estranho por que faz com que eu me sinta imortal. Afinal, a morte só é o fim quando você acredita que a história é sobre você.
Gosto da ideia de que alguém vai ler meus textos e me conhecer de forma mais profunda que a maior parte das pessoas ao meu redor, sempre me senti mais confortável me abrindo para estranhos que nunca mais vou ver, tenho dificuldade em abaixar a guarda para pessoas próximas e deixar uma delas realmente me conhecer.
Então vou me entregando aos pedaços sem saber ao certo que tipo de obra vou me tornar, e vocês vão me lendo esperando que seja algo bonito o suficiente que faça com que seu tempo aqui valha a pena.
E como o pássaro azul de Bukowski eu canto minha doce melancolia e espero que algum dia eu possa voar. Para algum lugar onde não precise mais escrever minhas paixões para lembrar como é viver mas vive-las para poder descrever.
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As coisas que escondo do espelho
PoesíaDepois de escrever "As coisas que falo com o espelho" (dos 14 aos 17 anos), um livro que foi durante os 3 anos do ensino médio meu porto seguro de poemas e desabafos, cheio de amores platônicos e corações partidos eu decidi continuar com a poesia ne...