Eu acho que passamos a eternidade naquele abraço.
Acho que ficamos ali um pelo outro até que nossas respirações parassem, que a vida entre nós se esvaísse e que o mundo acabasse.Acho que vimos o fim de perto e escolhemos não nos soltar, que nossos corpos se tornaram pedra e essa escultura ancestral foi coberta por folhas, musgo e raízes que sobreviveram após o fim. E então muito tempo depois fomos desenterrados por seres mais inteligentes, filhos daqueles que fugiram da Terra antes que ela pudesse morrer. Eles nos olharam com tristeza e pensaram em como deveria ser, morrer, e não ter medo do fim.
Acho que sentiram pena de nossas almas e nos enviaram de volta para cá, pro mesmo lugar em que você me segurou nos braços e eu pedi pra não me soltar. Quando abri os olhos tinha algo diferente ali. Milênios de certeza de que não deixaria você partir.
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As coisas que escondo do espelho
PuisiDepois de escrever "As coisas que falo com o espelho" (dos 14 aos 17 anos), um livro que foi durante os 3 anos do ensino médio meu porto seguro de poemas e desabafos, cheio de amores platônicos e corações partidos eu decidi continuar com a poesia ne...