-tenho um rei na barriga mas meu coração é anarquista

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Uma vez por dia eu vou do lado de fora de casa, piso na pedra quente que o sol esquentou durante o dia e olho para o céu... E eu me sinto tão pequena. Um minúsculo grão de areia que nasceu por pura eventualidade ou acaso, sem um valor, destino ou propósito eu cheguei nesse mundo de forma tão brutal. Não me deram sequer uma resposta, logo eu, que nasci com tantos "por quê's".

Olho para meus meus braços e para o chão, para a pequena distância que nos separa e concluo mais uma vez. Sou tão pequena. Como posso ser tantas coisas diferentes, tantos sentimentos e sonhos grandiosos como pode tudo isso existir num espaço tão limitado?

Num tempo tão limitado. Eu só tenho uns oitenta anos pela frente (se tiver sorte) e talvez nunca consiga ser tudo aquilo que sonho ser, leia todos os livros que quero ler ou fale todas as línguas de todos os lugares que quero visitar. Talvez eu tenha que escolher as coisas que mais amo nesse tempo reduzido que me foi dado e talvez eu faça a escolha errada. Porque eu queria ter mil anos para ser; mãe; filha; irmã; professora; aprendiz; escritora, mas somos todos mortais... e pequenos, tão pequenos.

Uma vez por dia eu vou do lado de fora de casa, piso na pedra quente e olho para o céu, me lembro que o centro da galáxia na verdade é o sol e que redes são feitas para presas, sejam elas sociais ou de pescar. Eu me lembro que tenho um rei na barriga mas meu coração é anarquista e que meu maior privilégio, é a inconstância.

Olho para o infinito e reconheço que existem coisas maiores que eu e você, e é tão libertador. Porque se somos todos assim tão pequenos, não seriam nossos problemas também?

 Porque se somos todos assim tão pequenos, não seriam nossos problemas também?

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As coisas que escondo do espelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora