XXIX

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Atlanta, extremo sul...

(LALISA)

A água quente já havia levado qualquer resquício de terra, mas era incapaz de levar a sensação de ter Lucas em minhas mãos ou a memória de ver o medo em seus olhos; e mesmo que pudesse não iria querer esquecer. Não me lembrava a quanto tempo o detestava ou repudiava tudo o que ele pudesse representar.

De maneira entediante, meu pai repetia novamente as regras do que seus subordinados deveriam fazer; começava alí mais um de seus planos para terminar de cobrir o oeste de atlanta e tomar Muhan, a última alcatéia que permanecia de pé naquela área. Não tinha fim, nada o parava, muito pelo contrário, em seus olhos era nítida a loucura em sua forma mais pura. A conquista de tantas terras e seus nativos trazia soberania aquela mente conturbada e  em negação de descender novamente.

Definitivamente havia enlouquecido.

As palavras hábeis se deram por encerradas e finalmente o grupo se dissolvia para se preparem, antes mesmo que eu pudesse me desvencilhar um homem trazia a força outro que parecia destruído ao ponto de ser confundido a um defunto se esse ainda não andasse; a pele acinzentada e ferida, o sangue seco se misturando ao novo que descia pela boca e o nariz quebrado; o homem balbuciou de dor ao ser jogado no chão, as mãos amarradas apertaram-se em punhos e a coluna se retorceu ao tentar se por sobre os próprios joelhos fracos.

Meu pai o encarava, suas orbes vermelhas mostrava a presença do alfa enquanto lia em silêncio um pequeno caderno de couro.

-Oh Sehun - começou em voz alta - me lembro de você, foi enviado ao clã Jung alguns meses antes de chegarmos lá - o caderno foi deixado sobre a mesa enquanto falava - você tem noção o que essa sua boca grande causou?

O homem ferido tremia, o olho que não estava inchado encarava o chão enquanto ouvia o questionamento.

- Sinceramente - continuou - já tive muitos traidores, informantes que eram menos que merda, e você é um dos piores!

- Eu não podia deixar que aquilo continuasse! Aquelas pessoas não mereciam!.

- Desde quando vermes "acham" algo?

Não houve chance de resposta, o movimento brusco na cabeça fez o pescoço soltar um estralo bruto, o corpo caiu. Com uma caneta meu pai riscou o caderno antes de perguntar ao homem que ainda se mantinha em pé enquanto outro levava Sehun para fora.

- Quem é o próximo?

...

Traidores atrás de traidores, entre pescoços e membros quebrados eu apenas observava fazerem todo o trabalho; a cada nome chamado era mais um risco no caderno sobre a mesa. A energia densa do ódio que meu pai exalava poderia ser capaz de sufocar qualquer um.

Mark, Jackson, Felix... Um atrás do outro acusados de traição, ou haviam entregado seus planos as alcatéias em que estavam infiltrados ou se negavam a fazer o que eram mandados; no fim apenas se formaram um pequeno amontoado de corpos frios e olhos opacos.

O momento havia sido o suficiente para esquecerem minha presença.

- Senhor!

- Espero que seja importante Kiun, se não percebeu estou ocupado! - a mão machucada mostrava o quanto já havia desferido golpes, a mulher loira agarrada pela gola de sua camisa sufocava com o próprio sangue tentando respirar, o nariz quebrado com toda a certeza dificultava.

- Senhor, invadiram nosso clã! Não sei quem está liderando já que à muitos emblemas de diferentes clãs misturados, está uma grande balbúrdia no portão principal... estão avançando rapidamente!

- Que porra! Será que eu não possuo um momento de paz em toda essa porcaria?! - gritou, a fúria em seus olhos aumentava ainda mais.

- Desculpa meu senhor! Mas não sabemos o que fazer, muitos de nós já estão avançando contra os invasores mas a tática inimiga mostra o quão bem acituados estão com o nosso território.

Atrás do homem, a porta aberta dava lugar para que fosse vista as chamas que começavam a subir, distantes, porém altas e fortes suficientes para que pudessem ser vistas. Meu pai rondou até que estivesse atrás da poltrona em que me acentava, seus dedos calejados passaram por meu cabelo acariciando meus fios, um arrepio passou em minha espinha ao sentir seu toque; e como se houvesse sido avisada a dor apareceu, com um aperto forte agarrou os fios entre os dedos forçando minha cabeça para traz, os rosnados do seu lobo eram como facas furando meus tímpanos.

- Então quer dizer, que alguém está ajudando esses bastardos a entrar aqui? - seus dentes rangiam a cada palavra.

- Ah, qual é! Acha mesmo que foi eu? - não adiantava conter meu sorriso de completa satisfação, sabia que eles haviam chegado, e agora desejava que que Jungkook chegasse rápido se ele quisesse ter a morte de Jan-Ly Manoban.

Daria esse presente a ele.

- Quem você pensa que é sua vagabunda! - rosnou alto me puxando para outro canto da sala - façam o que for preciso, mas não quero que ninguém invada essa casa!

- Sabe o que é mais interessante papai? - rio ao observar o mesmo trancar a porta de um quarto escuro, minha gengiva pinicava com os caninos que saiam; não importava se eu era sua filha, essa palavra nunca teve significado nessa casa.

- Engraçado Lalisa? - gritou dando um soco em meu rosto e outro em meu estômago, tossi, meus olhos se fecharam com força e a surpresa do golpe. - o que é tão engraçado que até um ser repulsivo como você se diverte?

- O engraçado seu estúpido velho nojento! É que pessoas imundas como você acham que tem algum valor! - o aperto em minha cabeça afrouxou quando o encarei.

- Como?!

🍁🐨🍁

O próximo capítulo ainda vai ser revisado, mas já foi escrito, precisa apenas de paciência por ser um pouco maior que esse dois kkkk

Obrigada e me desculpem pela demora enorme que causei, o bloqueio foi imenso e esse dois capítulo serviram para que eu pudesse continuar já que em breve entraremos em reta final.

Obrigada novamente e até o próximo 💖

Não posso me esquecer, completamos um ano em fevereiro, queria ter publicado lá mas como mencionei, o bloqueio tava que só por Deus.

Bom dia, boa tarde, boa noite 🌞🌥🌒

 Alphas Spiritis  _liskook_Onde histórias criam vida. Descubra agora