Alphas Spiritis _liskook_

II - 2°Temporada

Coreia do Norte, União Nobre

O calor estava pior que o normal. Um aquecimento escruciante não condizente com a temperatura de 15°c que o termômetro marcava naquela noite.

Hwasa sentia o coração acelerar cada vez mais dentro do peito enquanto o suor escorria pela testa. A escuridão do quarto era a única coisa que ela poderia olhar. As imagens do pesadelo ainda corriam em sua mente como um filme gravado que recomeçou, e entrou em loop.

Sua carne sentia a dor fantasma de ser cortada por sua própria espada enquanto uma adaga estava afundada em seu globo ocular.

Pesadelos como aquele infelizmente eram recorrentes resultando em noites mau dormidas e o humor ainda mais instável do que o normal. Desejava um fim aquilo.

Hwasa cresceu sob os ensinamentos duros de sua mãe passando por certas situações ainda jovem e, que até hoje lhe trazem pesadelos. Sempre procurou fazer e se esforçar para se tornar a melhor e ter o respeito e admiração de Kuan, não se importando com o quão sujas de sangue suas mãos pudessem estar, muito menos se multiplicava os fantasmas, assim como o peso em seus ombros.

Yumin fez de tudo para que a garota não criasse a mesma amargura que a mãe, cuidou, amou, no entanto, em um momento de raiva Kuan explodiu e contou o segredo mais imundo que carregava e que desde então passara para Hwasa.

'Você não deveria ter vindo desta maneira! acha que fico feliz em ter concebido um fruto de um estupro?'

Kuan nunca notou a sequela que suas palavras causaram a sua filha, não ouviu os choros amargurados no quarto rosa ou leu os pensamentos de culpa e repulsa que a criança criou. Não, ela definitivamente não os viu. Mesmo que fosse motivo de questionamentos, ainda era inegável o amor que sentia por sua garotinha, naquele dia havia descontado toda a sua dor, raiva e frustração nela.

E isso apenas decaiu .

A pequena alfa não queria ser um fardo para a própria mãe que enxergava como heroína e seu espelho, um reflexo que queria imitar, queria poder se tornar tão forte quanto ela um dia.

A partir de então, todas as frustações, medos, culpas e acima de tudo o ódio por si mesma, Hwasa passou a depositar em treinamentos e tudo àquilo que poderia melhorar sua potência e finalmente poder dar  orgulho a sua mãe. Por este motivo que ela se sentiu pela primeira vez na vida, satisfeita, quando conseguiu matar seus inimigos sem receio algum demonstrando ausência de falha, Kuan sorriu genuinamente alegre a filha.

Desde então, suas práticas se tornaram mais violentas arrancando a pouca humanidade que ainda restava em seu coração, Lee Yumin pode apenas observar enquanto a garota se entregava ao lado sombrio de sua alma assim como sua mãe fez um dia, foi com aquela visão que a velha senhora partiu deixando um vazio em Kuan e Hwasa que tanto a admiravam.

Não demorou até que sua mãe também se fosse, deixando para traz um legado para ser levado adiante, partiu com um sorriso no rosto ao ouvir a promessa da filha que terminaria de conquistar o que ela começou.

Desde aquele dia Hwasa não possuía resquício algum de humanidade que, apenas a necessidade de aceitação materna ou carinho por Lee trazia. A sede por sangue e vingança, o tremor satisfatório de ossos se quebrando sob seu corpo, era tudo intenso e desejoso demais.

Se Lalisa Manoban cresceu como o cão infernal por obrigação, Hwasa se tornou o próprio inferno impassível e impiedoso por vontade própria.

As melhores torturas eram feitas por suas mãos onde suas principais vítimas eram os traidores da coroa, estes eram mortos em locais públicos.