Alphas Spiritis _liskook_

IV - 2°Temporada

Atlanta, extremo norte

(Lalisa)

Existe uma diferença entre o certo, e aquilo que parece o correto.

Pensar que fazer aquilo que parece correto é o melhor, é o mesmo que se jogar numa vala desconhecida. Não por desconhecer o chão onde pisamos mas sim, por nos cegarmos e agirmos de acordo com nossos próprios ideais.

O que é certo para um indivíduo muitas vezes é dissemelhante de outro, afinal.

Desde que me lembro, sempre procurei ser a melhor alfa que meu pai havia conhecido, que todos haviam conhecido. Treinei e lutei para me tornar alguém que aos seus olhos, era a personificação de um verdadeiro alfa, do jeito exato que minha classe e meu clã deveriam agir.

Mas nunca foi o suficiente.

Mesmo assim tomei o sua opinião como verdade por anos, descontando ira e mágoa em diversas pessoas sem me importar se eram ômegas, betas ou alfas. Nenhuma classificação alterava minha forma de agir ou extrair informações, fossem inimigas ou não.

Conhecer Roseanne foi ver isso oscilar pela primeira vez. O pensamento de que nem todos os forasteiros com quem me deparo são de fato, desprezíveis.

Quando um ideal se torna volúvel como uma geleia artificial em mãos, suas ações se tornam incertas e consequentemente atingem sua certeza e firmeza ao cumprir certas obrigações.

E por isso, por ela me tornei falha.

Mesmo agindo sem piedade com quem me era entregue pessoalmente, o que não era suficiente se tornou inútil.

Passou-se anos até que meu pai finalmente me desse outra oportunidade de comando, e poucos meses para que aquela oscilação voltasse, agora com mais força apesar da desconfiança nata entre mim e Jungkook.

Descobrir que meu companheiro era um alfa inimigo me desestabilizou de alguma forma, quebrou barreiras que eu havia construído durante anos, tornando-os apenas pó. Então quando passei meses em Lupino, longe de casa e de meu pai, tudo o que antes parecia correto se tornou um passado cujo o meu desejo é apagar.

Derrubar Uktena foi como matar uma parte de mim. Uma parte que até hoje não se entristece ou compadece do que fez.

As vezes me questiono se é justo ser apática à isso.

Desde o dia da queda do lugar que um dia chamei de lar, minha residência foi estabelecida em Lupino, com autorização do líder Jeon, passei a ser moradora do norte. Mesmo que descontentes por me terem, os habitantes não me expulsaram depois de saberem o que fiz pelo fim do meu pai.

Jungkook, claro, pareceu o mais felicitado ao saber da notícia. Agora que permiti sua aproximação sem lança-lo fora a cada oportunidade, Jungkook passou a ser mais presente me apresentando amigos e lugares escondidos entre a vegetação.

Recentemente as coisas tem mudado, com o aumento de funções recebidas pelo pai, Jungkook passou a ser menos presente, o que me dava chance de voltar a treinar como antes no campo com os soldados.

Sem as ameaças, alcatéias passaram a se visitarem com frequência e por isso recebíamos muitos visitantes durante a semana ou até mesmo por dias. Entre essas visitas, primos distantes de Jungkook chegaram.

Jeon Yerin e Jeon Kin-ho, ômega e alfa vindos do noroeste a mando dos pais. Quando descobriram que Lupino tinha em mãos Lalisa Manoban e que estava aqui de boa vontade, conversaram com Jeon que após pedir opiniões a mim, passaram a mandar seus filhos ou jovens promissores para serem meus pupilos.