XV

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  - Lisa! Socorro!

  - Rosé, não solta!

.....

1 dia antes...

(LALISA)

  - Não! -respondi pela centésima vez.

  - Por favor Lisa - ela pediu me encarando com aquele olhar de filhotinho - estou aqui a dois anos e você nunca me levou lá, e hoje você pode.

  Esta noite seria de lua cheia, mas não qualquer uma, essa seria maior e mais luminosa que o normal, capaz de aumentar nossos sentidos lupinos centenas de vezes e Rosé queria vê-la num lugar privilegiado, no penhasco.

  - Não, Rosé, você sabe que lá tremores de terras são constantes.

  - Lisa, eu prometo que ficaremos nas areas seguras, por favor - falou calma olhando em meus olhos.

  Rosé se tornou uma irmã para mim, a qual tento a todo custo protege-la e garantir seu bem estar. Eu a amo, e não teria nada que eu não fizesse por ela. A única pessoa que me ensinou o que é ter alguém.

  - Se você ousar quebrar essa promessa - comecei - não a levarei nunca mais para lá. - afirmei com a autoridade que claramente com ela eu não tinha.

  - Eu prometo Lisa.

  - Espero não me arrepender, você sabe como meu pai é, esta a meses querendo te afastar. - mencionei começando a andar em direção a área de treinamento, me incomodando com os alfas que soltavam seus feromônios assustando Rosé que agarrava meu braço.

  - Ainda não sei porque seu pai não gosta de mim.

  - Ele não gosta de ninguém, ainda mais quando se trata de mim, ele te acha uma distração - olhei para ela e vi quando abaixou a cabeça - mas não se preocupe, distração ou não, você continua sendo minha irmãzinha, minha ômega. - falei e vi aquele sorrisinho fofo.

  - Nos vemos a noite - ela falou e foi em outra direção.


...

  - Lalisa! - meu pai já me chamava no andar de baixo, ele já estava preparado para encontrar os outros da alcatéia no campo central.

  - Ainda não entendi porque não posso ir. - falei despreocupada

  - Porque eu não quero que vá, não saia desta casa, não convide ninguém! - com essas poucas palavras estava claro de quem falava.

  Minha mãe desceu as escadas passando direto por mim, indo em direção a porta onde meu pai estava, era evidente o quanto ela buscava migalhas desse homem, ela sabia o quão nojento ele era e mesmo assim agia como um cão mandado atrás do dono, e isso me dava ódio e náuseas.

  Tempos depois Rosé chegou com aquela tipica mania de estar sem casaco me fazendo emprestar mais um, que já sabia que não veria mais.

  - Vamos! - ela falou animada indo em direção a trilha com pequenos pulinhos.
  O caminho era um pouco estreito, mas conseguiamos passar com certa dificuldade.

  - Vem! - a chamei mostrando a direção, depois de um tempo haviamos chegado ao penhasco - fecha os olhos e escuta com atenção - pedi.

  As árvores e os grandes muros de pedras permitiam que o vento fizesse sons como de sussurros amigáveis e calmos.

  - Nossa - ela falou encantada - esse lugar é incrível.

  Sentamos num rochedo e pequenos tremores eram sentidos, enquanto estivéssemos na quela área estariamos seguras, já podiamos ouvir os uivos dos membros da alcateia ao longe, a lua estava magnifica e Rosé parecia feliz de estar alí, então apenas aproveitamos o tempo.

...

  - Rosé, acorda. - a chamei balançando de leve, a mesma havia adormecido um tempo depois.

  - Hum - resmungou - que foi?

  - Temos que ir, os tremores estão aumentando.

  Com uma lentidão levantamos seguindo o caminho de volta.

  - Espera, meu anel caiu Lisa - olhei em volta procurando o objeto encontrando-o metros a frente próximo ao desfiladeiro.

  - Como foi parar aqui? - me perguntei ao me aproximar tendo Rosé junto a mim.

  - Lisa eu ....

  Num único instante, o desfiladeiro tremeu e por instinto a abraçei, o chão se desfez sobre nossos pés e o desequilíbrio nos levou, senti a gravidade nos puxando até uma pressão atingi minha cabeça e meu corpo se chocar com algo duro.

...


  - Li...

  - Lis...

  - Lisa!...

  Minha cabeça doia e meus ouvidos não paravam de zunim, meu corpo doia e o vento batia contra meu rosto com força me forçando a fechar meus olhos.

  - Lisa!

  - Rosé - chamei

  - Lisa! Me ajuda! - com esforço me levantei, olhando em volta vendo que ainda estavamos a metros no chão.

  - Rosé - segurei suas mãos quando a vi pendurada - não solta! - implorei.

  Segurei em seus braços preparando seu corpo e a puxei, ela tremia e sua respiração estava falha, não sei quanto tempo fiquei desacordada, mas foi o que ela lutou.

  - Manoban!

  - As encontrei! As duas estão aqui!

...


  - No que você estava pensando? Sua irresponsável, desobedece uma ordem minha, e vai para um local proibido - meu pai falava, meu rosto queimava pelos tapas e minhas costas ardiam pela chibatas, ferida ou não, não havia dó da parte dele.

  - Me perdoa - implorei, chorava em silêncio sofrendo pelas mãos do meu pai.

  - Senhor! - alguém o chamou do lado de fora - está tudo pronto.

  - Ótimo! Espero que você tenha aproveitado a companhia daquela ômega, se depender de mim ela nunca retornará.

  - Que? - estranhei aquela frase, ele não podia levar Rosé para longe de mim, apesar de eu saber que tê-la levado ao penhasco e desobecido seria apenas uma desculpa para tal ato.

  - É exatamente isso que esta pensando, vou manda-la de volta a alcateia de seus pais, não quero aquela criatura aqui nem por mais uma noite! - falou com asco.

  Antes de morar com sua falecida vó, Rosé vivia com seus pais em alguma alcatéia que desconheço, a mesma se mudou quando ambos foram assassinados ainda em sua infância. Agora novamente ferida, machucada e humilhada, a única pessoa que eu tinha estava sendo levada de mim.

  O vazio, o odio, eu sentia meu lobo implorando para sair e impedir que fizessem aquilo, mas não o fiz, se meu pai não a levasse agora, faria algo pior depois, meu egoísmo por quere-la por perto independente de tudo, havia consequências que eu não queria enfrentar.

  Então apenas me silenciei, e o vi sair pela porta, ouvi os gritos de Rosé me chamando do lado de fora, me implorando para que os impedisse. Meu único desejo era que ela me perdoasse um dia, por tê-la deixado ir, mas não deixaria que ela vivesse uma vida onde o seu principal problema fosse eu.

Boa tarde, até o próximo capítulo 💗

 Alphas Spiritis  _liskook_Onde histórias criam vida. Descubra agora