Arbitrary

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Arbitrário


Bakugou encarou o entalhamento de madeira da porta da sala da diretora. Seu filho estava logo atrás daquela porta, e por acaso ele não havia sido chamado em vão. Nem sequer havia trocado de roupa, usava somente uma camiseta por cima do top do seu traje de herói para mostrar que não estava em serviço no momento, as manoplas foram deixadas para trás no escritório da agência juntamente com a máscara.

Tomando fôlego, ele entrou já sabendo que ambos estavam à sua espera.

A diretora foi a primeira a reconhecer sua chegada, mas os olhos de Bakugou estavam mesmo pousados na figura idêntica a ele encolhida na cadeira.

— Senhor Bakugou, por favor — disse a diretora apontando para o assento ao lado do seu filho.

Katsuki fechou a porta e se sentou, Katsumi se recusou a encará-lo.

— O que aconteceu?

— O que aconteceu foi que Katsumi…

Ele ergueu a mão em sinal de silêncio para a mulher que imediatamente se calou.

— Katsumi — exigiu. A pergunta tinha sido para seu filho desde que ele nunca tirou os olhos do menino, mas a bruxa de diretora respondeu mesmo assim. Bakugou queria saber de seu filho, ouvir as más notícias vindo da boca dele e admitir o que quer que fosse.

Um leve cheiro de medo subiu no ar emanando de seu filho por saber as consequências de negar reconhecer seu pai com aquele típico olhar de repreensão, era bom mesmo assustado o menino temê-lo.

— Eu não vou repetir. — Nenhum movimento. — Nós podemos ficar aqui o dia todo e atrasar o meu trabalho e o da diretora por causa dessa sua birra infantil em não querer me contar o que diabos aconteceu. Eu vou ser obrigado a assumir que você é o errado da história e ficará de castigo. — O menino tremia de leve. — Estou lhe dando uma chance por eu querer ouvir o que aconteceu de você.

Bakugou inspirou fundo e a lufada de suas narinas fez o menino ligeiramente virar o queixo, ainda sem encará-lo. Ele estava quase cedendo.

— Katsumi.

Silêncio. Uma fungada e uma lágrima solitária.

— Eles que começaram com isso…

— Em alto e bom tom.

Finalmente o menino se virou para ele com os grandes olhos âmbar molhados e vermelhos, os lábios virados para baixo tentando segurar o choro. Bakugou queria acabar com a raça dos responsáveis que deixaram seu menino triste.

— Foi no intervalo… eles esperaram eu ficar sozinho. Começaram a me chamar por apelidos… e…

A mão de Katsuki pareou o menino, seu saber se deveria consolá-lo ou incentivar a continuar, foi quando Katsumi levou as mãos para cobrir os olhos e chorou. Katsuki alcançou seu filho com a mão e fez carinhos leves em seu ombro e costas, espalhando seu aroma materno e menos grosso como antes.

— Eu não consegui fazer aquilo que você me disse para fazer se isso acontecesse… e-eu bati as mãos na mesa e ela e-ex… plodiu.

Isso explicava o cheiro de queimado desde quando entrou e as tiras de preto carbonizado nas roupas e rosto de seu filho.

— Explodiu? — incentivou Katsuki passando a mão para cima e para baixo nas costas de Katsumi. Ele acenou antes de responder:

— Sim. Explodiu.

Puta merda. Seu filho acabou de despertar seu próprio dom e Bakugou não conseguia discernir que sentimento ficar em relação a isso. Ele estava feliz que seu filho acabou puxando parte de seu dom, sim, mas essa felicidade podia esperar e ele empurrou-a para mais tarde. Ele ainda tinha que entender o final dessa história toda e pensar bastante antes de decidir o que sentir e quem explodir primeiro.

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