Jacintos

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Jacintos

(Muito usado como um pedido de desculpas, pois expressa tristeza profunda, condolências, lamento e humildade)

A viagem até sua mãe foi em um silêncio tenso e desconfortável. 

Há alguns anos, pouco depois do casamento dela com Toshinori, ambos foram morar em uma casa ao lado da prainha em que Izuku começou com o primeiro treinamento do One For All. Era muito melhor do que subir e descer a sacada de escadas do apartamento deles todo dia, uma casa ao lado da praia veio com todos os benefícios: acessibilidade, tranquilidade e uma vizinhança aconchegante; porém, ficava do outro lado da cidade, o que tornava difícil para Izuku ir visitá-los.

— Acho que agora seria o momento ideal para eu perguntar o que está acontecendo antes de chegarmos até Inko? — Toshinori começou, dando uma olhada em seu menino que tinha ficado cabisbaixo boa parte da viagem. — Há algo que você não quer que sua mãe saiba?

Por mais que amasse sua mãe, essa mania dela de preocupar-se excessivamente acabava por ser algo auto-destrutivo, ainda mais com a idade avançada tendo a saúde mais vulnerável. Sendo assim, Izuku começou a poupá-la de assuntos e detalhes mais catastróficos. Nesse quesito, Izuku preferia comunicar Toshinori primeiro, para depois ele repassar à sua mãe de maneira mais leviana.

— Você disse que viu as notícias…

— Sim, mas toda essa situação está revelando ser muito mais do isso. — Toshinori atingiu o ponto que doía, porque Izuku pareceu ainda mais tenso com o aroma de pinheiros, hortelã e capim-limão ficando tenebroso.

Ele tomou uma golada de ar como se puxasse a coragem junto com o oxigênio, e então:

— Eu feri alguém com o One For All.

Houve uma virada brusca seguida por uma brecada repentina com Toshinori estacionando no meio-fio mais próximo. O coração de Izuku queria saltar do peito com o susto, a respiração estava rápida e com ele olhando para todos os lados de olhos arregalados de pupilas finas tentando entender que tinha sido uma ação intencional e não um acidente.

— Você o quê, Izuku?

— Não foi proposital! — Apressou-se a corrigir-se finalmente encontrando o olhar pasmado do outro alfa. — A mãe da menina, uma ômega, me deu um comando e eu perdi o controle, de mim mesmo e do One For All. Eu…

Então lágrimas quentes começaram a escorrer por seu rosto involuntariamente com todos os sentimentos suprimidos vindo à tona.

— Eu venho me sentindo péssimo desde então. O controle simplesmente fugiu das minhas mãos e eu feri duas pessoas em consequência disso, tanto que venho me questionando se ainda sou digno de ser chamado de herói, ou até mesmo digno deste poder. Estou morrendo de medo de acontecer de novo, tenho agido como um cão acuado perto de Kacchan e Katsucchan temendo esse sentimento quando jurei não machucar mais nenhum ômega!

A esse ponto ele teve que morder violentamente o lábio inferior quase quebrando a pele delicada com tamanha repulsa que vibrava dentro dele por seu juramento de quase cinco anos atrás ser quebrado dessa maneira, da mesma maneira. Lembranças estas que ele expulsou da mente tão rápido quanto vieram.

Tudo foi derramado de uma vez só, tão rápido e sem pausas que Toshinori ficou em choque por vários segundos, tentando absorver cada nova informação. Com a falta de reação de seu tutor, Izuku se sentiu ainda pior.

— Devo supor que você também nunca tinha ouvido falar de situação parecida? — E suspirou da alma voltando com o olhar baixo para o colo, adquirindo uma pose de vergonha-submissão.

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