Elements

Capítulo 15 - Confusão Total

Capítulo 15

   Narrado por Draco Malfoy

Ressaca.

Eu sempre bebo demais nas festas.

Nem lembro o que aconteceu e o que faz parte da minha imaginação de bêbado. E espero que uma parte específica dessas 'lembranças' seja apenas minha imaginação.

Assim que acordei vi Christopher Lewis, o corvino que divide o dormitório comigo — é um garoto alto, de cabelos e olhos castanhos e um físico ótimo —, arrumando as coisas para a primeira aula do dia.

– Você vai para a aula hoje? — joguei uma almofada nele, que riu. A nossa amizade era boa, e meio colorida com alguns pegas escondidos.

Ele saiu do dormitório e eu fui ficar apresentável para fazer fotossíntese em qualquer canto da comunal. Quando desci vi Hermione sentada em uma das poltronas lendo um livro.

Ela estava sentada em cima de uma de suas pernas com um moletom longo branco e um short confortável.

Me aproximei dela e puxei uma almofada para colocar no meu colo enquanto pensava nas coisas da festa. Fiquei parado por alguns minutos até perceber que estava sendo observado, logo o silêncio foi quebrado:

– Bebeu muito, amigo?

Fiz uma careta e me apoiei no encosto da poltrona, fechando os olhos e lembrando do suposto beijo.

Queria saber o que fez Harry sair correndo. Ele não é gay? Não queria que ninguém soubesse? POR QUÊ?

Depois de minutos refletindo lembrei de algo sobre a minha melhor amiga e a noite anterior.

– Parkinson? — perguntei olhando para ela, ainda apoiado na poltrona. Ela sorriu e negou com a cabeça.

Então deu tudo errado? Que droga!

– E o Harry? — merda. Aconteceu mesmo?

– O que tem ele? — perguntei me fazendo de sonso.

– Vocês se beijaram. — respondeu óbvia sabendo do meu truque de "não lembro o que aconteceu na noite anterior."

Eu realmente beijei Harry Potter e agora ele deve estar me achando um idiota ou rindo da minha cara.

Outras pessoas podem pensar: é só um beijo em uma festa, o que tem demais nisso?

Eu simplismente beijei o garoto que briguei todos os anos na escola e mais um pouco, como isso seria normal? Quando se trata de sentimentos eu não sei como lidar.

– Eu preciso de ajuda. — falei, esperando que ela me ajudasse com esse negócio. — Por favor.

– Você quer ajuda com o que exatamente?

– Sobre eu ter beijado ele, sobre se eu gosto dele, sobre minha relação com ele.

— Você quer que eu seja a sua psicóloga, então? — ela disse em tom de deboche.

– Não... bem, sim? Não sei. — fiquei totalmente confuso com aquilo.

Não entendia o que eu estava sentindo, não parava de pensar naquele beijo. Em como ele devolveu e depois simplismente fugiu de mim como se eu fosse um negócio estranho.

– Vêm — ela se levantou e me puxou pelo braço, saindo da comunal. Não poderia me levar para ver o Harry, não depois daquilo!

Respirei aliviado quando percebi que estávamos indo para a Lufa-Lufa, ao encontro de Ronald.

No meio do caminho vimos ele e Harry conversando em uma parede. Fiz a menção de voltar mas Hermione me puxou com mais força.

Eles vieram na nossa direção e Hermione puxou Ronald para um canto, me obrigando a ficar sozinho com Harry.

Nós quase não nos olhamos, apenas com rápidas espiadinhas de canto. Acho que minha melhor amiga não estaria demorando tanto em uma conversa com Ronald se não fosse para me provocar.

Vi Hermione rir enquanto se aproximava, parando perto de nós e perguntando a Ron:

– Sentiu?

– Senti o que? — perguntou de volta estreitando os olhos.

– A tensão sexual. — arregalei os olhos saindo dalí em passos firmes, indo para o banheiro da murta. Logo percebi que Ronald me seguia berrando meu nome.

Eu estava totalmente sem cabeça para conversas no momento, a não ser com a garota morta do banheiro.

– Ronald — parei e me virando para ele. —, eu não quero conversar agora.

– Eu não quero conversar também — respondeu em um tom amigável. —, só não quero que você fique sozinho. Prometo não falar nada.

Eu sorri gentilmente e me sentei no chão ao lado de uma das cabines do banheiro, sendo acompanhado por ele.

Fiquei refletindo como meus sentimentos estavam confusos. Eu ouvia minha cabeça como se estivesse em uma festa, mas sem música, apenas vozes falando diferentes coisas.

O silêncio do banheiro me fez deitar a cabeça no ombro dele, sem muita consciência, e suspirar.

– Isso é confuso. — eu disse quase como um sussurro. — Eu não sei se gosto dele ou se foi o calor do momento. As vezes quando eu olho aqueles olhos verdes hipnotizantes eu me sinto quente, como se quisesse ele para mim a todo momento. — e como ele prometeu: não falou nada, apenas assentiu lentamente demonstrando que estava ouvindo.

– Eu não sei se isso é bom. — continuei, me sentindo seguro. — Eu acho que ele não sente o mesmo por mim e nunca vai sentir algo por mim. Mas eu disse esses dias para mione: você não escolhe amar — se é que isso que sinto por Harry é amor —. E isso as vezes pode machucar, você estar apaixonado por uma pessoa que não gosta de você de volta, alguém que pode nem mesmo querer a sua amizade. — respirei fundo quando senti uma lágrima escorrer pela minha bochecha. — Ah, eu sou um idiota.

– Não, você não é idiota, você só ama. — me aconselhou. — Amar não é errado ou idiota.

Acho que era isso que eu precisava, um amigo que me deixasse confortável para desabafar, sem o "medo" de ter uma resposta irônica.

– Obrigado. — agradeci, e logo senti falta de afeto apesar de estar deitado no ombro do meu novo amigo. — Faz carinho no meu cabelo?

Ele riu e dirigiu a mão aos meus fios loiros.

Naquele momento eu me senti totalmente seguro para expressar meus sentimentos e limpar um pouco a bagunça da minha mente.

Ficamos horas e horas sentados naquele chão conversando sobre coisas que gostávamos.

Aquela nova amizade me faria bem, me ajudaria a entender tudo isso e colocar meus pensamentos no lugar novamente, e talvez, me aproximar de Harry novamente.

Horas mais tarde depois que voltei para a comunal eu me senti mais leve, as vezes expressar os sentimentos não é tão ruim, falar deles sem o pensamento de ser julgado é... incrível.