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■Elisabeth■

Após sair da praia, caminhei em silêncio de volta para o hospital. Cada passo parecia mais pesado do que o anterior, e a dor em meu peito era insuportável. Minha mente estava repleta de perguntas sem respostas e sentimentos confusos. Por que isso teve que acontecer comigo? Por que eles tiveram que ir e me deixar sozinha? Eu só queria tê-los de volta, voltar no tempo e evitar toda essa tragédia.

Aquela noite foi longa e solitária. Não consegui dormir, pois minha mente estava constantemente relembrando os momentos felizes que tive com meus pais e as memórias quentes e ternas que agora eram apenas um eco distante de tempos passados. Sentia-me tão machucada que apenas desejava que tudo isso acabasse, mas sabia que precisava encontrar uma maneira de seguir em frente.

No dia seguinte, todos os meus amigos se reuniram na casa da Ana para irmos juntos à capela onde os corpos dos meus pais seriam velados. Caminhamos em silêncio e pesar, cada um processando seu próprio luto. Chegar à capela foi como um golpe final em meu coração partido. Lágrimas escorriam pelo meu rosto sem que eu pudesse controlá-las. A realidade da perda esmagou-me mais uma vez, e eu me aproximei dos caixões de meus pais pela última vez.

Entre soluços, murmurei o quanto eu os amava. Queria poder dizer tantas coisas a eles, mas as palavras pareciam insuficientes diante da magnitude da minha dor. Me afastei dos caixões enquanto a última pá de terra era jogada sobre eles. A cena era insuportável, e senti como se fosse desmaiar a qualquer momento, mas fui segurada pela cintura por Yago, meu melhor amigo.

Ele sussurrou palavras reconfortantes em meu ouvido, tentando me acalmar. No entanto, era difícil acreditar que tudo ficaria bem quando minha dor era tão intensa e a sensação de perda me consumia completamente.

Enquanto nos preparávamos para sair do cemitério, avistei quatro pessoas se aproximando da entrada. Reconheci a prima de minha mãe, seu marido e sua filha, além do meu ex-namorado que estava entre eles. Essa família distante sempre evitou contato conosco, e agora eles apareceram como se nada tivesse acontecido. A raiva borbulhava dentro de mim.

"O que vocês estão fazendo aqui?", questionei, avançando em direção a eles ao lado de Yago. Ana logo se juntou a nós, enquanto Lua estava em algum lugar próximo, embora eu mal percebesse.

Vi Yara, minha prima distante, de mãos dadas com meu ex-namorado. Era perturbador vê-los juntos em um momento tão difícil para mim. Quando tudo estava bem e meus pais ainda estavam vivos, ela nunca teve interesse em se aproximar. Agora, apareciam como se fossem parte da família, como se sua presença fosse uma necessidade.

"Eu vim dizer adeus à minha prima", explicou Laila, a prima de minha mãe.

Rindo ironicamente, respondi: "E eu vim rir. Isso só pode ser uma piada."

Eles olharam confusos para mim, sem entender a revolta que transbordava de meu ser.

"Por que seria uma piada?", perguntou Laila, sua expressão confusa.

"Você nunca quis se aproximar, nunca procurou contato conosco. Agora, aparece aqui com essa cara de compungida, dizendo que veio se despedir de minha prima. Acorde, hipócrita! Vá embora daqui com esses imbecis", falei, olhando para meu ex-namorado, que não conseguia tirar os olhos de mim.

"Eu não vou embora. Ela era minha prima, minha única família", retrucou Laila, soando defensiva.

"Ela era minha mãe e meu pai. Pelo menos uma vez na sua vida, respeite a dor dos outros e vá embora", respondi, com desprezo.

Vi meu ex-namorado começar a falar algo, mas o cortei imediatamente. "Não quero sua pena. Pegue sua namorada e a família dela, e dê o fora daqui."

Dito isso, passei por eles e segui para minha casa, um lugar que, sem meus pais, agora me parecia vazio e triste. Ali, percebi que estava sozinha novamente, sem a segurança e o amor incondicional que meus pais sempre me proporcionaram. A imensidão de minha solidão me atingiu de maneira avassaladora. Mas eu sabia que precisava encontrar forças para continuar vivendo, mesmo na ausência daqueles que eu mais amava. O luto seria uma jornada difícil, mas eu estava determinada a enfrentá-lo de cabeça erguida e honrar a memória de meus pais.

Eu tinha certeza de que seria feliz novamente.

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Continuar.....

Trocada( Em Breve)Onde histórias criam vida. Descubra agora