A normalidade não me pertencia, e essa era a única coisa a qual tinha certeza. Desde que me conheço por gente, o meu lar é na Farm, um pequeno orfanato localizado na saída da cidade, onde a única coisa "anormal" que havia acontecido foi marcada pela...
Após a saída de Allison e Diego, dirigi-me até meu quarto para banhar-me rapidamente e colocar roupas limpas e então retornei até ao quarto de Cinco, que ainda se encontrava desacordado. Durante algumas vezes, Grace e Pogo passavam para nos checar e se precisávamos de algo e em uma de suas visitas, deixaram alguns analgésicos para dor caso o garoto acordasse. Já era noite e a casa estava em um silêncio extremamente inquietante. Decido aproximar-me da janela para observar a noite fria e gelada, quando ouço alguns gemidos de dor que fazem-me virar quase que instantaneamente.
- Graças a Deus! – Digo sentindo-me bastante aliviada por vê-lo abrir os olhos e aproximo-me rapidamente para lhe impedir que se movimente – Ei, ei, ei... você levou um tiro, lembra?
- Infelizmente... – Ele diz com a voz bastante trêmula enquanto faz uma breve pausa – Mas não há tempo... Onde está Diego e Allison?
- Foram atrás de Vanya.
- Ótimo... – Ele diz enquanto tenta sentar-se a cama e faz algumas caretas devido a dor no abdômen – Vou colocar uma roupa limpa e vamos ao encontro deles.
- Nós não vamos a lugar algum, Cinco.
- Selina... – Eu o interrompo.
- Como eu disse, nós não vamos a lugar algum. Você está fraco, precisa descansar se quer realmente tentar evitar o apocalipse.
- Não há tempo para isso! – Ele responde de maneira esbravejada.
- Bem, arrume, pois daqui você não saí e não me faça algema-lo novamente. – Eu lhe respondo enquanto retiro a algema de meu bolso para lhe mostrar. Cinco não aprova a ideia e a sua expressão deixa bastante claro a sua opinião – É só por uma noite. Se alimente corretamente e tenha uma noite de sono, e amanhã, se amanhecer melhor, prometo que faremos o que tivermos que fazer.
Noto que há bastante sangue em volta de seu curativo e então aproximo-me da mesa de canto para colocar um par de luvas descartáveis que Grace havia deixado por ali e pego o kit de primeiros socorros logo ao lado. Aproximo-me de Cinco novamente, sentando-me na beirada da cama e retiro com delicadeza o curativo de sua pele.
- O que vai fazer? – Ele questiona prestando atenção em cada movimento que faço.
- Limpar a ferida. Está com bastante sangue.
Ele sorri.
- Você costumava cuidar de meus ferimentos.
- Por que algo me diz que isso havia se tornado um hábito?
- Porque de fato, havia. – Ele responde e nós começamos a rir – Você costumava dizer que de tantos curativos improvisados que já havia feito em mim, poderia facilmente se tornar uma ótima enfermeira.
- Eu falava isso? – Pergunto-lhe franzindo a sobrancelha e o olhando rapidamente, concentrando a minha atenção em seu ferimento.
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