Capítulo 21: Uma noite inesperada

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Vesti minhas roupas contrariado, eu só queria ficar na cama com Briana em meus braços.

No entanto, cá estou eu, indo até o canil buscar Princesa. Alguns soldados me observam, não são loucos de questionar o que faço fora do quarto e, com uma manta enrolada embaixo do braço, andando pelo pátio na minha primeira noite de casado.

Casado... Nunca me imaginei com uma esposa, agora tenho minha pequena fogosa, uma cachorra e estou pensando em bebês. É impossível não sorrir.

O canil fica numa parte mais afastada do Castelo, meu irmão tem pelo menos uma dúzia de cachorros que usa em suas caçadas. Nunca tive apreço por cachorros, mas achei melhor prender a cachorra de Briana durante os festejos.

No início ela não queria, depois compreendeu que sua cachorra poderia estranhar ou até se machucar durante os festejos de nosso casamento.

- Não acredito. - Fico paralisado. Marrom, o melhor cachorro do meu irmão e líder da matilha está montando Princesa. - Inferno, como esse cachorro entrou aqui?

Abro o portão que dá acesso ao espaço e corro para salvar sua integridade. Marrom, percebendo minha aproximação, consegue escapar por um buraco cavado rente à cerca.

Observo a cachorra se deitar no chão, sua respiração está ofegante, ela me olha abanando o rabo. Pelo jeito alguém está exausta, mas feliz.

- Vamos fingir que nada aconteceu e rezar para Briana não perceber que você não é mais donzela.

Embrulho Princesa na manta e sigo meu caminho para o calor do nosso quarto. Será que Briana já dormiu?

- Ainda bem que você voltou. - Meu irmão me aborda assim que entro no salão. - Vieram chamar sua esposa, uma menina foi trazida sangrando... É a cachorra de Briana? - Questiona, pois ainda carrego Princesa em meus braços.

- Onde elas estão? - Ignoro sua pergunta, só quero saber se Briana precisa de ajuda.

- Levaram a menina para um dos quartos perto da cozinha. Sarah e algumas mulheres foram ajudar Briana. Elas não querem ninguém por lá. - Ian dá de ombros no final do seu relato, como se isso fosse me impedir de saber como as coisas estão.

Subo as escadas correndo, acomodo Princesa perto de nossa cama. Volto para o salão, onde Ian está sentado tomando um bebida e Sarah está ao seu lado. Parece exausta.

- Connor, peço que fique aqui. As coisas estão complicadas lá dentro e seu irmão vai precisar de seus conselhos para tomar algumas decisões. - Sarah me olha de forma cansada. - Vou voltar para perto delas.

- O que está acontecendo? - Indago depois da saída de Sarah.

- Sente-se e beba algo comigo. Daqui a pouco vai amanhecer.

Meu irmão parece sombrio. Aceito sua oferta, me acomodo próximo a lareira e aguardo.

- Recentemente uma família pediu abrigo e proteção em minhas terras. Um casal com 5 crianças. Não neguei o pedido que me foi feito. Lembro que nosso pai sempre recebeu aqueles que pediam pouso ou uma morada definitiva... Meu irmão, eu errei.

Ian joga seu copo contra a parede e curva sua cabeça. Não sei o que está acontecendo. Sinto um calafrio, talvez o tempo de paz tenha chegado ao fim.

- A menina que trouxeram é uma das filhas do casal. Apesar de ser a mais velha, ainda é uma criança. - Meu irmão me encara.

- Bateram nela? - Ele comentou que a menina estava sangrando.

- Num primeiro momento foi o que pensei. Mas Sarah veio me explicar os fatos e preciso de seus conselhos. Aquela menina vai morrer hoje e, com sorte, deixará no mundo um filho vivo. - Vejo ódio em seus olhos.

- O que você está dizendo? Homem, diga tudo de uma vez.

- Eu permiti que a família ficasse, no entanto, não pedi a presença deles aqui. Estava preocupado com outras coisas... Enfim, fui descuidado. Os soldados encontraram a menina enrolada em trapos ensanguentados. Ela é tão pequena que não notamos sua gravidez. - Seu relato é interrompido por um grito abafado.

Nos calamos, aguardando notícias. O nascimento de um bebê pode ser sinônimo de felicidade ou pesar.

Briana e Sarah caminham até onde estamos. Não carregam nenhum embrulho em seus braços.

Observo minha pequena, seu vestido está sujo de sangue, seu rosto suado e vermelho, parece que lutou sua própria batalha.

A recebo em meus braços, seu choro é baixinho. Beijo o topo de sua cabeça e nosso silêncio é cortado por seus soluços.

- Eu não consegui. - Sua voz transmite toda sua tristeza.

- Não fique assim. O destino da menina já estava traçado. - Sarah diz de forma firme. - Agora, temos que honrar seu pedido, temos que trazer seus irmãos para o Castelo.

- Eu prometi que cuidaria de todos eles. - Briana me encara, aguardando minha reação. Entrelaço nossas mãos.

- Acho melhor pedir para prepararem os cavalos e uma carroça.

Seu sorriso me faz entender que tudo ficará bem, depois eu lido com a informação que teremos quatro crianças para criar. 

Corações em chamas Onde histórias criam vida. Descubra agora