Capítulo 5: Esclarecimentos

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Inacreditável.  Nunca ri tanto na minha vida. Como uma coisinha minúscula consegue ser tão petulante? Mesmo amarrada e diante de guerreiros, ela não deixa transparecer medo.

Depois que coloquei minhas mãos em seus seios, fiquei sem saber o que fazer. Nunca levantei a mão para uma mulher, e me vi dando um soco que desmaiou a menina.

Nada me preparou para essa situação.  Esperava um moleque, agora tenho uma menina que prometi cuidar. E, por ser mulher, não posso simplesmente deixá-la aqui.

Estou diante de um belo dilema, pequeno e com seios. E que seios... Quando coloquei as mãos senti a maciez e sobravam em minhas mãos. Como alguém pequeno pode ter seios tão grandes?

Balanço a cabeça para afugentar tais pensamentos pecaminosos. Quando resolvi buscar a criança, imaginei ganhar um filho para me fazer companhia. No entanto, olho para a pequena guerreira e não sei o que fazer.

Acabamos optando por manté-la amarrada, assim não causaria problemas.

Quando chegamos na cabana, a sua cachorra feia quase nos mata. Latia e mostrava seus dentes afiados. Nossa sorte foi que estava presa.

Acomodei a menina em sua cama de peles e resolvi aguardar para decidir o que fazer.

Agora, estamos todos rindo de suas palavras.

- Menina, em primeiro lugar, ninguém aqui vai te machucar. - Nisso ela levanta a sobrancelha, numa expressão incrédula. Fico envergonhado. - Sei que lhe dei um soco, mas quase me quebra o nariz e não sabia que era uma mulher. - Tento me defender.

- O senhor é cego? Lógico que sou mulher. - Me responde de forma ofendida, está com o rosto corado. Acho que se pudesse pularia em meu pescoço.

- Estava escuro e o capuz não deixava ver suas formas. Peço perdão por ter sido grosseiro.

Ela continua olhando.

- Meu nome é Connor McGyver. Prometi a curandeira te proteger. E vim honrar minha palavra. Vou te levar para morar no Castelo de meu clã. Estará sobre meus cuidados.

- Você está zombando? A curandeira se chamava Susan, e ela nunca pediria para alguém me proteger. Ela me ensinou tudo. Sei me cuidar muito bem. E aqui é meu lar.

- Criança, não me faça perder a paciência. Estamos todos cansados. Só queremos ir para casa. Agora que te achei poderemos ir. Um inverno rigoroso se aproxima e não é sensato você permanecer aqui sozinha.

- Não me chame de criança, meu nome é Briana. E, além do mais, não estou sozinha, Princesa sempre está comigo.

Não deixo de sorrir. Tanto eu como os meus guerreiros estamos surpresos com a coragem de Briana.

Briana é um nome bonito. Combina com a pequena que está diante de meus olhos. Não deixo de reparar que, mesmo com os cabelos bagunçados e o rosto sujo, ainda é uma moça bonita. Tem feições delicadas.

- Bom, milady Briana... Fiz uma promessa e não deixarei de cumprir. Agora, cabe a você decidir ir livremente ou amarrada.

A menina olha em volta, parece analisar a situação. Ela sabe que não tem muitas escolhas.

- Também precisamos de alguém que saiba cuidar de alguns doentes. Além das moças grávidas. Acredito que Susan tenha te ensinado os segredos das ervas e da cura. - Uso o meu último argumento para convencê-la.

Escuto seu suspiro.

- Sim. Ela me ensinou tudo. - Seu olhar fica triste. - Não posso negar ajuda. Portanto, vou com os senhores. Mas, antes, exijo que me desamarem e quero tomar banho. Também preciso ver a Princesa, ela deve estar assustada.- Diz as últimas palavras de forma raivosa. Deixando claro que só vai porque assim o quer. Acho engraçado seu jeito de agir.

- Princesa?

- Minha cachorrinha. Ela nunca ficou sem mim durante tanto tempo.

Tanto eu como meus homens seguramos nossas risadas. Como uma cachorra tão feia pode ser chamada de Princesa? E de indefesa ela não tem nada. Foi necessário passar uma corda em seu pescoço antes que pulasse em alguém.

Me aproximo de forma cautelosa e a desamarro. Vejo que seus pulsos estão marcados.

- Sinto muito. Agora, iremos providenciar o seu banho e arrumar o acampamento para nossa partida. Separe o que quer levar. - Olho de forma dura para meus guerreiros, que parecem estar gostando do desenrolar da conversa. Por fim, acabam saindo de dentro da cabana.

Ela me olha de forma curiosa. Até eu estou estranhando minha forma suave de falar.

- Obrigada. Antes posso ver a Princesa? - Pede esperançosa.

- Vamos. - Estendo minha mão para ajudá-la.

Sinto como se uma corrente elétrica corresse por todo meu corpo. Será que ela sentiu o mesmo? Minha vontade é de encostar meu corpo ao dela.

- O senhor está bem? Parece que está suando. Está febril? - E estende a mão para tocar meu rosto. Me desvio.

- Acho melhor ir ver sua cachorra. Vamos trazer água para seu banho. E depois venho para ajudar a levar sua bagagem.

Me apresso a sair da cabana.

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